segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Lição de desperdício

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O último ex-presidente da República criou pelo Decreto nº 7.197, de 02 de junho de 2010, uma embaixada com sede em Tunafuti, capital oficial de Tuvalu, organização política constituída pelo agrupamento de nove atóis coralinos na Polinésia no Oceano Pacífico, situada a 4.000 km do nordeste da Austrália, com população, pasmem, de 12.272 habitantes, conforme censo realizado em 2009. À primeira vista, parece brincadeira de mau gosto, mas é pura verdade, embora as características dessa nova representação diplomática  demonstre visível falta de capacidade de avaliação qualitativa quanto à importância da criação da embaixada brasileira numa pequenita comunidade cuja população cabe, sem muito esforço, dentro de uma Kombi. Isso é mais uma mostra do deboche que o então presidente brindava sem escrúpulo o povo brasileiro com sua insuperável falta de compromisso com a decência e a seriedade gerencial, ficando a condução da administração pública em planos secundários, relegada ao máximo de despreocupação com as indispensáveis prioridades exigidas num Estado moderno e eficiente. Aliás, no último governo, a gestão dos recursos públicos esteve sempre envolvida com denúncias de incompetência evidenciada na prodigalidade da prática de atos irregulares e contraditórios, no caso da diplomacia, com apoios às medidas estapafúrdias adotadas por mandatários truculentos e ditatoriais, notadamente visando exclusivamente à autopromoção e à elevação da vaidade pessoal do presidente de então, em prejuízo do aferimento do custo-benefício dos dispêndios públicos. Não há a menor dúvida de que a manutenção da representação diplomática em causa, além da clara demonstração de desperdício de dinheiro do contribuinte, evidencia enorme desprestígio à dignidade da célebre figura do patrono do Itamarati, na pessoa do Barão do Rio Branco, que certamente jamais imaginaria que membros da chancelaria pudessem ser mandados para localidade tão distante, para nada produzir em benefício do Brasil, a não ser contribuir para torrar dinheiro do cidadão. O certo mesmo é que, de Tunafuti e Tuvalu, que deve ser prática corriqueira no governo, o dinheiro dos contribuintes, ao invés de ser destinado para o efetivo custeio dos programas governamentais, inclusive saúde pública, é facilmente desviado e escorrido pelos ralos do capricho desprovido de causa pública, como no caso em apreço. Urge que a sociedade demonstre insatisfação por atos absurdos dessa natureza e exija que seus governantes combata o desperdício de recursos públicos, mediante a adoção somente de medidas capazes de dimensionar precisamente as prioridades dos dispêndios com programas governamentais, indispensáveis ao desenvolvimento das causas e dos altos interesses do país. Acorda, Brasil!      




 
 ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 17 de outubro de 2011

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