terça-feira, 11 de outubro de 2011

Indigna atualização

Segundo cálculo divulgado pela Confederação Nacional de Municípios, o número de vereadores no país pode aumentar 16% em 2013, tendo por base a população estimada do IBGE, conforme levantamento promovido à luz da resolução aprovada pelo Tribunal Superior Eleitoral, permitindo que os municípios adequem a quantidade das respectivas cadeiras ao real crescimento da população. Em 2013, 2.153 cidades estarão aptas a fazerem a atualização, totalizando entre 54.577 e 59.764 vereadores, nos 5.565 municípios brasileiros, que contam, atualmente, com 51.419 cadeiras nas câmaras municipais. As alterações poderão resultar em até 8.345 novos vereadores. Curiosamente, do total dos municípios que podem atualizar o número de vereadores, somente o de Conchal (SP) preferiu diminuir as vagas de 13 para 11. Esse episódio retrata com bastante lucidez o quadro fiel da realidade brasileira, em que as mudanças promovidas na estrutura política são sempre apontando para rumos contrários à modernização e ao aperfeiçoamento do Estado, sempre em sentido diferente do que se espera de um país decente e eficiente, preocupado precipuamente em funcionar na busca do atendimento das necessidades públicas, priorizando o máximo aproveitamento e o bom emprego dos recursos dos contribuintes, com a seriedade e a economicidade desejáveis por todos, no sentido de que as políticas públicas voltadas, notadamente para a saúde, a educação, a moradia, o transporte, a segurança pública, a infraestrutura básica etc., possam ser implementadas com menor dificuldade e resultados satisfatórios. Nada disso poderá acontecer com a criação de mais de 8.000 vereadores e de milhares de cargos para os afilhados, cabos eleitorais e outros fazedores de coisa alguma, além da ampliação das instalações e aquisição de equipamentos, de informática, de veículos, da contratação de pessoal de apoio e de assistência médica etc. Na verdade, as despesas vão ser debitadas, mais uma vez, na conta da sociedade, que terá de assumir mais esse pesado ônus, com quase nenhum benefício para a já sacrificada população, que ainda, para chancelar o quadro de horror e de desperdício de dinheiros públicos, é quem vai escolher também os novos “ilustres” vereadores para se juntarem à já existente enormidade dos que produzem muito pouco em prol de coisa alguma. Convém que a sociedade se conscientize da necessidade da construção de uma nação moderna e eficiente com relação aos negócios de Estado, em especial quanto à composição dos seus representantes nas Câmeras de Vereadores, nas Assembleias Legislativas, na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, que jamais poderia exceder aos quantitativos racionalmente necessários ao atendimento dos interesses da nacionalidade, cujas despesas teriam que se adequar à realidade do sacrifício contributivo dos cidadãos, de modo a justificarem a existência e a finalidade dessas instituições políticas. Acorda, Brasil!

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 10 de outubro de 2011

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