Alguns parlamentares de dois partidos de oposição
entregaram representação na Procuradoria Geral da República, com pedido de
abertura de investigação sobre a eventual participação do ex-presidente da
Republica petista nas falcatruas do mensalão. Por incrível que possa parecer, o
principal partido de oposição fez questão de declarar que a atitude em apreço
não tem o seu endosso, perdendo a oportunidade para reforçar a necessidade da
apuração de fatos que a sociedade anseia que sejam devidamente esclarecidos,
como forma de passar a limpo esse escandaloso esquema de corrupção. Não
obstante, o documento ressalta que "É
fato público e notório que, à época dos fatos, existia uma íntima ligação
política e pessoal entre o representado (Lula) e o ex-Ministro da Casa Civil, o Sr. José Dirceu de Oliveira e Silva,
entendido como o chefe da quadrilha pelo Supremo Tribunal Federal. Nesta
perspectiva, indaga-se: a teoria do domínio do fato, que foi utilizada para a
condenação do Sr. José Dirceu, não poderia ser aplicada – e com muito mais
razão – ao chefe do próprio José Dirceu?". A representação também se
baseia no surgimento dos novos fatos que recomendam profunda apuração, à vista
das revelações que teriam sido feitas por pessoas ligadas ao publicitário operador
do mensalão, já condenado pelo Supremo Tribunal Federal, que teria declarado que
o ex-presidente seria o verdadeiro chefe de todo o esquema criminoso e que o PT
pediu dinheiro a ele para “calar um
empresário” que ameaçava envolver o ex-presidente e o então chefe de
gabinete dele, no assassinato do prefeito de Santo André (SP), em 2002.
Dinheiro esse que não foi repassado pelo publicitário, mas o pagamento foi
feito por um amigo do ex-presidente. Não há a menor dúvida de que as novas
acusações são da maior gravidade, porque implicam diretamente com as altas
responsabilidades do mandatário do país, não sendo admissível que, em nome da
transparência na administração pública, fatos dessa natureza deixem de ser apurados
a fundo e com a maior celeridade, como forma de mostrar se houve ou não
descumprimento dos princípios éticos inerentes ao rito do exercício do
importante cargo de presidente da República. Estranha-se que o acusado, no alto
da sua autoridade de ex-presidente e em consonância com o seu dever de prestar
contas dos seus atos à nação, na forma como sói acontecer nos países
politicamente adiantados, mesmo que os fatos tenham ocorrido no passado, não se
empenhe no sentido de exigir a completa investigação das denúncias envolvendo a
sua reputação, que são capazes de pôr em dúvida a legitimidade da sua atuação
na Presidência da República. A sociedade anseia por que os órgãos incumbidos do
fiel cumprimento da Constituição Federal, quanto às apurações dos atos que
interferem no interesse público, adotem as medidas pertinentes à sua
competência, de modo que os fatos objeto da representação em apreço sejam
devidamente esclarecidos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 30 de novembro de 2012
Nenhum comentário:
Postar um comentário