sábado, 24 de agosto de 2013

À procura do paladino

Em entrevista ao correspondente do "The New York Times” no Brasil, o presidente do Supremo Tribunal Federal afirmou que não é candidato a presidente da República: “Não sou candidato a nada. Eu tenho um temperamento que não se adapta bem à política”. O texto do jornal diz que "Quando o presidente do tribunal, Joaquim Barbosa, adentra a Corte, os outros dez ministros se preparam para o que pode vir depois". Conforme a última pesquisa do Datafolha, o cenário com o presidente do Supremo na disputa pela Presidência da República mostra que ele teria 11% dos votos. Um pouco abaixo da pesquisa anterior, que havia registrado 15%. A reportagem cita-o como a força motriz que embasaram importantes decisões liberais do ponto de vista social, tendo levado a mais alta Corte de Justiça do Brasil a ser objeto de fascínio popular, graças à firme e consistente atuação dele. Entre as decisões recentes em destaque do STF, com a participação decisiva do magistrado, são citadas a de aumentar o número de estudantes negros e indígenas em universidades, a legalização do casamento de pessoas do mesmo sexo e o julgamento do processo do mensalão, que tem sido motivo de embates com vistas à necessidade de ser feita justiça contra os envolvidos. Segundo a reportagem, sua popularidade é constantemente exporta por meio de máscaras com o seu rosto em meio aos desfiles carnavalescos. O texto cita que pesquisas com manifestantes durante os protestos de rua mostraram o ministro como um dos favoritos à Presidência. A reportagem fez alusão à recente discussão entre o ministro e o revisor do mensalão, a quem o presidente do STF acusou de fazer “chicana” no julgamento do processo do mensalão. Ele disse que “alguma tensão é necessária para que a Corte funcione. Sempre foi assim", afirmando que agora os trabalhos do tribunal são vistos porque eles estão sendo televisionados. Quanto aos protestos no país, ele discorda fortemente da violência de alguns manifestantes, mas acredita que os movimentos de rua são "um sinal de exuberância da democracia". "As pessoas não querem ficar passivas e observar esses arranjos da elite, que sempre foi a tradição brasileira.” Não há a menor dúvida de que a forma espúria de se fazer política no Brasil não se coaduna nem de longe com o comportamento independente e o espírito de vanguarda do ministro do Supremo, que teve a bravura e a dignidade de peitar a podre e mesquinha classe dominante do poder e de mostrar ao país a verdadeira sujeira da face do governo, ao expor a sua montanhosa podridão e as verdadeiras falcatruas engendradas no escandaloso caso do mensalão, embora os protagonistas e seus asseclas insistam em considerar absolutamente normal o inescrupuloso procedimento de desviar recursos públicos para compra de apoio político para o governo. Embora o Brasil necessite com urgência de homens de fibra como o ministro do Supremo, ante a sua abnegação ao profissionalismo e ao interesse público, para administrar a nação com competência, eficiência e honestidade, em consonância com os princípios fundamentais da administração pública, certamente que tudo será feito para conspirar contra candidatura benéfica aos interesses nacionais, à vista da crônica e arraigada contaminação da política com o vírus da corrupção e do fisiologismo sugadores dos recursos públicos. A sociedade anseia por que os homens honestos e conscientes sobre a pureza dos fins políticos e da democracia se encorajem a fazer política com a vocação e o devotamento estritamente voltados para a satisfação do interesse público, como forma de mudar com urgência o atual perfil de vergonha e de indignidade pela qual foi consolidado o sistema político tupiniquim. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 23 de agosto de 2013

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