O governo resolveu
importar quatro mil médicos de Cuba para atuar no Brasil. Até o final deste
mês, já devem desembarcar no país 400 profissionais cubanos. Eles serão destinados
a municípios do Norte e Nordeste que não foram escolhidos por nenhum dos profissionais
inscritos na fase anterior. Segundo o acordo, o governo brasileiro repassará à
ditadura cubana, por intermédio de uma organização internacional, o valor
individual de R$ 10 mil, equivalente à remuneração dos demais profissionais
contratados pelo Mais Médicos, fato que pode até significar que os médicos caribenhos
vão ficar na saudade, com relação à remuneração, que poderá ser apenas de R$
100,00 paga na ilha, ficando o restante para os cofres da ditadura. Esse fato demonstra
não somente a irregularidade da contratação indireta e sem vínculo empregatício
entre empregador e empregado, mas a fragilidade e a desumanidade da medida em
causa. Não obstante, o governo brasileiro não vislumbra irregularidade nisso, talvez
por envolver a possibilidade de ajuda aos amigos comunistas caribenhos, que são
useiros e vezeiros na exploração da mão de obra do seu povo. De antemão, não se
pode fazer juízo de valor sobre a infelicidade dos nortistas e nordestinos, que
são obrigados a aceitar tratamento por médicos que sequer vão entender o seu
linguajar regional e vice-versa, e por certo eles terão dificuldades para diagnosticar
as doenças e principalmente para tratá-las com precisão. Por se tratar de medida precipitada,
atrapalhada e contrária ao interesse do país, compete à oposição e à sociedade
protestarem com veemência, demonstrando total insatisfação pelo tremendo
equívoco, à vista da isolada contratação de médicos para trabalhar no interior
do país, sem que o governo tenha providenciado, com a necessária antecedência,
as condições indispensáveis ao apoio estrutural do funcionamento dos serviços
médicos. A forma atabalhoada dessa contratação deixa a impressão de que o
governo quer que a população se exploda, não importando os meios empregados
para tentar satisfazer as reclamações da sociedade, que esperava que o atendimento
à saúde pública fosse feito em condições menos traumáticas. Caso o governo fosse um pouco responsável e
competente, certamente que teria conduzido o problema com inteligência e
racionalidade, evitando questionamentos e contestações. Para tanto, bastava ter
criado quadro de pessoal, com a quantidade necessária dos cargos médicos e
paramédicos e a fixação de remuneração compatível com as peculiaridades e as
insalubridades próprias do interior do país. Se isso tivesse sido feito, certamente
os profissionais existentes no Brasil teriam atendido de bom grado a carência
médica, sem precisar submeter a população às terríveis dificuldades de
adaptações naturais da importação de médicos. Em artigo intitulado "Cotas
médicas, já!", defendi a criação de cotas médicas, tendo por propósito a
ampliação das vagas dos cursos de medicina nas universidades públicas, à base
de 50% das vagas existentes, que seriam reservadas exclusivamente para os
brasileiros que quisessem trabalhar no interior do país depois de formados, tendo
a obrigação de ficar por lá pelo período estipulado em contrato. Trata-se de
medida coerente com as necessidades do país e sem a demagogia das cotas raciais
e sociais, que foram criadas devido à incompetência governamental de investir e
melhorar a educação. A importação de médicos cubanos demonstra absoluta
coerência com a extrema incompetência do governo, que imagina que essa
tresloucada medida irá solucionar tão grave e crônica questão do sistema de
saúde pública, quando ela apenas prenuncia paliativo para mostrar que nada foi
feito diante do clamor da sociedade, que, embora tardiamente, pôs o dedo na
ferida que sangra e martiriza o povo brasileiro. Trata-se de remédio de efeito efêmero,
que não vai curar os males que infernizam a população, porque as doses
medicamentosas administradas são incapazes de curar as doenças crônicas dos
brasileiros. A sociedade anseia por que o governo tenha a dignidade de
estruturar o sistema de saúde pública, providenciando a sua reformulação e o
seu aperfeiçoamento, mediante gerenciamento eficiente e eficaz e implantação de
quadro de pessoal permanente e de remuneração compatível, de modo que não
somente o povo do Norte e Nordeste, mas os brasileiros possam ter tratamento
médico-hospitalar satisfatório, digno e de qualidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 22 de agosto de 2013
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