O governo socialista do Ceará firmou contrato, no
valor de R$ 3,4 milhões, tendo por objeto o fornecimento de alimentação em
cerimônias do governo, incluindo as que ocorrem na residência oficial do
governador. Segundo a assessoria do governo, as despesas somente serão realizadas
conforme a demanda, nas quais estão contemplados também decoração, cadeiras,
mesas, garçons e transporte. O curioso é que o contrato prevê vigência de 12
meses, mas há previsão que ele se estenda por quatro anos. Além dessas extravagâncias
econômica e jurídica, a lista dos alimentos é bem sofisticada, havendo estimativa
de canapés de caviar (200 unidades), crepe de lagosta (5.000 unidades),
escargot na manteiga de alho (cinco quilos), risoto de bacalhau (90 quilos) e
mais de 500 quilos de pratos diversos com camarão, como camarão na moranga (80
quilos) e aos quatro queijos (80 quilos), ou seja, um buffet para causar inveja aos emirados Árabes, de tanta diversidade
de alimentos e fartas comidas exóticas não muito comuns na administração
pública do país tupiniquim nem mesmo dos países desenvolvidos. Nessas nações, os homens públicos são
obrigados, por força da dignidade imposta aos ocupantes de cargos públicos
eletivos, a respeitar a integridade do dinheiro dos cidadãos, sob pena de serem
execrados pela sociedade e expurgados definitivamente da vida pública, pela
demonstração de malversação de recursos públicos e de improbidade
administrativa. No caso do Ceará, é mais
do que notório o estado de penúria do seu povo, que vem sendo castigado pela
hostil e desumana seca, que já perdura por período insuportável e cruel,
causando sérios transtornos à sobrevivência da população do interior,
terrivelmente afetada pela tragédia, que não tem merecido a mínima atenção dos
governos estadual e federal, ante a omissão de apoios e ajudas adequados e
compatíveis às agruras dos sertanejos. Em contraste com esse quadro de
desolação e de muito martírio, o governo contrato buffet para servir bombinhas de salmão com caviar, camarão ao sol
nascente, canapés, crepe de lagosta e tantas comilanças e aperitivos estranhos
aos hábitos do povão nordestino, que, em muitos casos, sequer tem o que comer e beber,
enquanto nos palácios do governo cearense a nababesca mordomia corre fartamente, com
evidente menosprezo à penúria dos eleitores que ao menos tem conhecimento da
pouca-vergonha e do abuso praticados com o seu suado dinheiro, que é gasto sem
parcimônia e sem priorização sobre a existência de enormes problemas no estado.
Esse episódio não chega a causar surpresa, em se tratando de governo
socialista, que tem o cinismo de defender sistema político baseado no socialismo, com a
disseminação de programas floreados de bondades para o povo e em seu benefício,
nas maiores falsidades e heresias ideológicas praticadas pela cúpula dominante, que não dispensa
a sofisticação das regalias palacianas, a exemplo da contratação do bufê em causa, com o comprometimento
da “bagatela” de R$ 3,4 milhões, para finalidades absolutamente dispensáveis às
atividades da administração pública. A sociedade, em repúdio às ilegítimas e
abusivas gestões dos escassos recursos públicos, tem a obrigação de exigir a implantação
de duros procedimentos e regras, inclusive com a perda do mandato e proibição
de exercer cargos públicos, aplicáveis aos administradores públicos desmazelados,
quando da realização de despesas públicas com contratações que não atendam aos interesses
da sociedade, a exemplo do afrontoso bufê
em apreço e de outros desperdícios similares, como forma de moralização da
administração pública. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
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