A revista “Época”
publica reportagem em que ex-diretor da BR Distribuidora e engenheiro de
carreira da Petrobras faz denuncia sobre suposto esquema de pagamento de
propina a partidos políticos, com recursos obtidos com operações internacionais
da estatal do petróleo. Segundo esse funcionário, os contratos da Petrobras no
exterior passavam por seu crivo, dos quais era cobrado “pedágio” e repassado
entre 60% e 70% do dinheiro ao PMDB, cabendo a maior parte aos parlamentares da
bancada de Minas Gerais, na Câmara dos Deputados. O restante dos recursos era
rateado entre ele e seus operadores na Petrobras. Ele afirmou que a sua
influência na Petrobras surgiu em meados da década de 1990, por meio de
contatos feitos por ele no meio político, na ocasião em que ocupava assento na
diretoria da BR Distribuidora. O ex-diretor disse que a maior parte da propina
era destinada a 10 parlamentares, entre eles, o ministro da Agricultura e o
presidente da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, ambos do PMDB-MG.
Ele também revelou que o secretário de Finanças do PT recebeu US$ 8 milhões da
construtora Odebrecht, por conta de contrato firmado na área internacional da
Petrobras. Esse valor foi repassado durante a campanha presidencial da
presidente da República, em 2010. O denunciante admitiu ter ficado com parte do
dinheiro e repassado entre US$ 10 e US$ 11 milhões ao PMDB. Em nota, o PT disse
que as doações petistas “foram feitas dentro da lei”. O presidente do partido
mais “ético” do país, o PMDB disse, em defesa de seus correligionários, que “Está havendo uma guerra política, uma
paranoia. O Brasil vive um denuncismo político e com fins eleitorais muito
fortes. Isso não é bom” e aproveitou para afirmar que o partido nunca se
beneficiou do suposto esquema e que “Todo
recurso que o PMDB recebe nas campanhas está devidamente registrado no TSE (Tribunal
Superior Eleitoral)”. Esse mar de lama pode se confirmar ante a fragilidade do
desempenho operacional da Petrobras, que vem gradativamente obtendo resultados econômico-financeiros
aquém das suas condições empresariais, fruto das trambicagens e falcatruas
promovidas pelos múltiplos apadrinhados dos partidos que dominam as empresas
estatais, em espúrios e indignos apoios políticos, engendrados com o
envolvimento de propinas e desvios de dinheiro, em nome dos famigerados
projetos de reeleição e perenidade no poder. No momento, deputados federais petistas estão se mobilizando para
instalar uma CPI, na Câmara dos Deputados, para apurar as denúncias de
irregularidades que teriam ocorrido na contratação da Siemens pelo governo de
São Paulo, inimigo figadal do PT. Naturalmente, que os mesmos parlamentares não
devem ter a mesma postura digna de lutar para investigar os atos de corrupção
envolvendo justamente o próprio partido e seu preferencial aliado, o PMDB. No
país tupiniquim, os rigores da lei têm aplicabilidade somente contra os
adversários, que são, ao que parece, os únicos políticos capazes de cometer
desonestidades. Essa "guerra
política" até que poderia ser transformada em "paz política", caso
os caciques dos partidos denunciados se conscientizassem sobre a necessidade de
mostrar a verdade dos fatos, se dignando pela apuração profunda dos fatos,
mediante completa investigação. Não se justifica que, sendo o PT sempre favorável
à instauração de CPI para investigar as denúncias contra partidos da oposição, se
omita quando a acusação recai sobre partidos situacionistas, que têm a
indignidade de descartar a apuração dos fatos, preferindo acenar para denuncismo
político e fins eleitorais muito fortes, ao invés de dar resposta sensata e
responsável sobre os acontecimentos eivados de suspeição, envolvendo os
partidos “intocáveis” da República, porém sob a áurea da desmoralizada e do
descrédito. Na forma da competência constitucional, os órgãos de controle, em
especial do Tribunal de Contas da União, têm obrigação de atuar no caso e
determinar as devidas apurações. A sociedade anseia por que os casos de
corrupção sejam devidamente investigados, não importando os envolvidos, mas sim
a gravidade das irregularidades, que exigem a devida apuração, com vistas, se
for ocaso, à responsabilização, ao ressarcimento do prejuízo causado ao erário
e às demais penalidades cabíveis. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 13 de agosto de 2013
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