domingo, 25 de agosto de 2013

Programa Mais Incompetência

A Associação Médica Brasileira ingressou no Supremo Tribunal Federal com Ação Direta de Inconstitucionalidade, pedindo a suspensão da medida provisória que criou o programa Mais Médicos, com a finalidade de suprir a carência de médicos nas periferias das metrópoles e no interior do país, além de permitir a vinda de profissionais estrangeiros para trabalhar em locais específicos, sem a exigência da revalidação do diploma. A associação alega que as contratações de estrangeiros e/ou brasileiros possuidores de diplomas obtidos no exterior, sem a revalidação pelos órgãos de classes internos competentes, caracterizam exercício ilegal da medicina, tendo reflexos nos direitos trabalhistas, por haver inobservância da legislação aplicável à espécie, além de caracterizar patente escravidão disfarçada de intercâmbio. A associação alega que o objeto a que se refere a Medida Provisória não se reveste de relevância nem de urgência, na forma dos requisitos formais e materiais exigidos pela Carta Magna para a expedição do aludido diploma legal. A crucial carência médica nunca foi novidade para o governo, mas somente teve a iniciativa de procurar solucioná-la apenas no calor das manifestações das ruas, onde o povo protestou sobre a falta de saúde pública e de outros serviços de incumbência do Estado, a par da notória excelência das obras para a Copa do Mundo de Futebol, para as quais foram destinados recursos ilimitados, para satisfazer os caprichos da Fifa, que arrecadará limpinhos, sem custos nem impostos, bilhões de dólares. A extemporânea e esdrúxula política do governo para tentar resolver o problema da saúde se mostra completamente equivocada, a exemplo do prazo de três anos para a implementação do Mais Médicos, com base em programa feito às pressas e carentes de profissionalismo suficiente para assegurar eficiência à sua execução, à vista das circunstâncias que exigem aprofundamento dos estudos sobre as causas da precariedade da assistência médico-hospitalar. O governo, com um pouco de competência e habilidade técnico-profissional, poderia resolver o imbróglio de forma diferente e com a devida eficiência, em respeito às normas constitucionais e legais e ainda sem os questionamentos sobre as falhas e as deficiências apontadas pelos órgãos especializados, atestando a incapacidade para a implementação de programa tão importante. Caso o governo tivesse real interesse em solucionar a grave crise e o caos na saúde pública, certamente que as medidas pertinentes estariam em consonância com o regramento jurídico e os trâmites legais, evitando a absurda colocação de médico para trabalhar no país ao arrepio das normas legais, a exemplo do licenciamento pelos órgãos de classe responsáveis pelo zelo dos profissionais da medicina. Como prioridade para organizar a bagunça da saúde pública, deveria haver competência para se perceber que a falência do Sistema Único de Saúde - SUS e o caos na saúde pública exigem urgente reformulação, modernização e aperfeiçoamento, de modo que a eficiência da sua estrutura e do seu funcionamento não será possível tão somente com a importação de médicos, mas sim com gestão competente e capacidade gerencial. Caso existisse quadro de pessoal com exclusiva finalidade para trabalhar em qualquer parte do país, desde que asseguradas estabilidade no cargo e remuneração digna e compatível com as condições de precariedade e insalubridade próprias das regiões longínquas dos grandes centros, certamente que não haveria necessidade se importar médicos, que, ao invés de solucionar as mazelas, será medida paliativa e causa de maiores transtornos para o país. A sociedade repugna o deficiente programa Mais Médicos, pela insipiência de seus fundamentos, e exige que o governo providencie, com urgência, a reformulação do Sistema Único de Saúde, tendo em vista os princípios da eficiência e modernidade na administração pública, possibilitando a criação de quadro de pessoal permanente para atendimento das carências médicas e paramédicas do país, evitando os vexames com as contratações irregulares e questionáveis, em evidente demonstração de incapacidade gerencial da nação. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 24 de agosto de 2013

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