Segundo a Controladoria Geral da União - CGU, mediante
fiscalização realizada na execução de programas federais em 2012, foram
constatadas diversas irregularidades, com destaque para os casos estranhos
verificados no programa Bolsa Família, onde pessoas sem o perfil e as condições
de pobreza e miserabilidade estavam se beneficiando indevidamente dessa
política assistencialista, entre elas se encontravam dona de churrascaria;
proprietário de mercado; dona de sítio; 765 famílias com renda superior ao
máximo permitido – meio salário mínimo, R$ 339,00 -, inclusive servidores
públicos e aposentados; dono de imóvel duplex equipado; proprietária de empresa
vencedora de licitações de prefeitura; e família com renda mensal de R$ 1,49
mil. Além dessas irregularidades, foram constatadas crianças não frequentando escolas
e, o mais grave, inexistência, nos locais auditados, de órgãos de controle e
fiscalização. Em que pese a indicação de várias irregularidades, em especial
devido a permanente falta de controle, a CGU considera baixos os índices de
falhas levantadas, “consideradas a complexidade e capilaridade” do programa,
que abrange o universo de 13 milhões de famílias. Do total de 11.686 famílias
visitadas, houve confirmação de irregularidades em apenas 278 casos, havendo
correição de 89,3% das medidas determinadas. Esse é o retrato fiel do caos no programa
que o governo se vangloria e celebra a grande reafirmação da sociedade e o
defende como sendo uma das maiores conquistas dos últimos tempos para a
população pobre do país, sob a “criação” do PT para livrar as famílias da
miséria. Acontece que, ao dar continuidade ao único e sempre exaltado “milagre”
brasileiro, o governo federal expôs, de forma escancarada, a incompetência no
cadastramento das famílias e na absoluta falta de controle na execução dos
recursos que deveriam ter exclusiva destinação às finalidades do Bolsa Família,
ou seja, assegurar assistência somente às pessoas sem renda e em precaríssimas condições
financeiras. Não obstante, a Controladoria Geral da União, principal órgão de
controle interno do governo, tem a dignidade de revelar a desastrada evasão de grande
parcela dos recursos para causas diametralmente contrárias à sua verdadeira
finalidade de amparar a pobreza do país. Há inevitável desânimo em se verificar
que a tragédia diante do irregular emprego de dinheiros públicos, no que concerne
ao desvio da finalidade primacial do programa em apreço, resulta de constatações
realizadas por amostragem em levantamento, fato que suscita a segura ilação de que,
no restante dos beneficiários, há a incidência de irregularidades semelhantes. Diante
da precariedade do controle na execução desse programa, urge que seja promovido
completo recadastramento dos beneficiários, de modo a possibilitar a revelação
das verdadeiras famílias dignas de integrarem o Bolsa Família e ainda a
identificar os aproveitadores do sistema e a obrigá-los ao ressarcimento aos
cofres públicos dos valores que eles receberam de forma irregular. A sociedade
tem o dever cívico de exigir que o governo determine, com urgência, auditoria
completa do programa em causa, com vistas à regularização das famílias que
realmente se enquadram nas finalidades da sua instituição, aproveitando para promover
efetivo controle sobre a execução dos recursos pertinentes, inclusive no que
diz respeito à obrigatoriedade da frequência escolar das crianças e da
realização de cursos profissionalizantes para os pais, além da implantação de
planos de auditorias com maior abrangência e frequência, com a finalidade de se
evitar que o caos devido à falta de controle continue imperando também nesse
importante programa para quem realmente dele necessita. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 31 de julho de 2013
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