segunda-feira, 19 de agosto de 2013

A acefalia da administração pública

O ex-presidente da República petista comentou a participação dos jovens em manifestações de rua, nestes termos: “Viva o protesto. De protesto em protesto a gente vai consertando o telhado”. Ele relacionou as manifestações à sua trajetória política e asseverou para a plateia de estudantes presentes: “De protesto em protesto, um dia vocês vão chegar à Presidência da República”. Segundo o petista, o povo vai às ruas em busca de mais conquistas: “Na Europa, os protestos são para não perder o que conquistaram. No Brasil, os protestos são para conquistar mais.”. Antes dessas declarações, ele havia comentado o tema em coluna de opinião distribuída pelo “New York Times”, onde afirmou que os protestos de rua no país se trataram de movimento com a finalidade de “aumentar o alcance da democracia e encorajar o povo a atuar mais completamente”. A visão dos petistas sempre foi míope ou destorcida quando se refere à realidade dos fatos, porquanto eles os enxergam exatamente na forma das suas conveniências políticas, que não correspondem nem de longe como eles são na realidade ou deixam de se materializar, uma vez que a visão hermética e confortável de dentro dos palácios impede ou dificulta a percepção dos efeitos arrasadores das agruras causadas pela incompetência gerencial do governo, que acha que o povo é bem tratado e só sabe reclamar. Na verdade, de protesto em protesto, o povo vai mostrando a face real do desgoverno e da incompetência administrativa do PT, que, há mais de década na direção do país, até o momento não foi capaz de apresentar novidade ou medida de impacto para tirar a nação do completo atoleiro, a par das suas riquezas materiais e humanas. A realidade brasileira até que poderia ter sido outra caso o governo deixasse de acusar a administração anterior e se preocupasse em fazer algo diferente em benefício da sociedade. À exceção do programa Bolsa Família, com suas notórias deficiências de cadastramento e de controle, o governo nada mais fez senão cuidar da reeleição, tendo investido toda energia em busca de apoio político, em troca de cargos públicos, em vergonhoso “toma lá, dá cá”. Trata-se de governo que elevou a carga tributária, chegando a atingir quase 40% do Produto Interno Bruto, mas as políticas públicas, quando elas ainda existem nas regiões mais remotas, são prestadas pela pior qualidade. O certo é que o governo sequer chega com a assistência da sua competência constitucional aos rincões mais necessitados. Ainda bem que o povo está tendo a dignidade de protestar e mostrar, com bastante clareza, a realidade nua e crua sobre as precariedades da administração pública, que expõe total falta de prioridade com relação às necessidades da população. É lamentável que ainda exista governo incapaz de gerenciar o patrimônio da nação e dependa de protestos da sociedade para, enfim, perceber que a sua atuação não está correspondendo à expectativa do povo. Na verdade, a gestão do governo agrada somente seus asseclas e quem se beneficia de algum programa de cunho populista e eleitoreiro, por falta de alternativa decente. A grandeza do Brasil não merece que, em pleno século XXI, sob pena de o caos piorar ainda mais, haja necessidade de se alertar o governo sobre as suas precípuas incumbências constitucionais, porque o ritmo precário da atual gestão pública tende a se aprofundar, com grave reflexo no subdesenvolvimento já instalado nas políticas públicas e no sistema econômico, prejudicado pelo famigerado Custo Brasil, afetado pela pesada carga tributária e pelos elevados encargos previdenciários, responsáveis pelo estrangulamento da competitividade e da produção nacional. O país agoniza diante da falta de reformas estruturais e de priorização das políticas públicas, que permitem a estagnação de iniciativas capazes de acenar para o crescimento socioeconômico. O Brasil não precisa de protestos, mas sim de urgente competência gerencial, principalmente na administração pública, que infelizmente se encontra em estado de acefalia crônica, há década, padecendo pela falta de reformas estruturais e de estadista com visão de futuro e de abnegação aos interesses da nação. Acorda, Brasil!
                                                       
ANTONIO ADALMIR FERNANDES

Brasília, em 18 de agosto de 2013

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