sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Os falsos deuses do Olimpo

O programa de TV do PT exibe imagens dos protestos que se espalharam pelo país, intercaladas com a inserção de cenas do ex-presidente da República petista e da atual presidente, pregando que a política é a responsável por levar às grandes transformações sociais. O vídeo faz forte apelo emocional, por tentar construir discurso dirigido com prioridade aos jovens, que defenderam nas passeatas a negação da política e dos partidos. O conselho é para que o jovem "Acredite na política'', o qual vem entremeado por imagens, em ritmo frenético, do ex-presidente e da presidente às de líderes políticos brasileiros e mundiais, como Nelson Mandela, Mahatma Gandhi, Tiradentes, Abraham Lincoln, Getúlio Vargas, Fidel Castro e Martin Luther King, cujo discurso "I Have a Dream'', a par de ter completado 50 anos e se tornado célebre, é inserido no vídeo, narrando que somente por meio da política haverá as mudanças exigidas nas ruas. E acrescenta: "A política sempre foi capaz de mudar o mundo. E o mundo sempre foi capaz de mudar a política. Quando o mundo muda a política, ela não está acabando: ela está melhorando'' e "Venha mudar com a gente. A gente quer continuar mudando com você''. As imagens são bastante claras, ao comparar os petistas a grandes e famosos estadistas e personalidades, nacionais e internacionais. Ao apelar para recursos dessa natureza, com forte conotação populista, comparando petistas a ícones de expressão mundial, fica a nítida evidência de que o PT perdeu completamente o senso de razoabilidade, racionalidade e sensatez, possivelmente na tentativa de menosprezo à inteligência e ao senso crítico do povo brasileiro, que não tem por hábito, infelizmente, revidar atrevimento e menoscabo de cunho eminentemente de desespero de causa, diante dos enlouquecidos movimentos de protestos, que abalaram as estruturas petistas, justamente por denunciarem o péssimo desempenho gerencial de seus políticos, que são agora alvo da tentativa de elevação ao Olimpo dos deuses que ali chegaram com glórias, justiça e merecimento, por seus inquestionáveis legados. À toda evidência, comparações ilógicas e absurdas como essas poderiam ter ressonância somente nas piores republiquetas, a cujo povo teriam sido negados ensino público de qualidade, atendimento satisfatório à saúde pública, segurança capaz de protegê-lo, enfim, infraestrutura nada condizente com as precárias condições impingidas aos brasileiros pelos governantes petistas exaltados imerecidamente no vídeo, por falta de méritos a respaldar exagerada e desesperada apelação paradigmática jamais havida na história contemporânea da humanidade. Essa pobre imaginação do partido dominante do país bem demonstra o baixo grau da mentalidade pela qual ele avalia a capacidade intelectual do povo brasileiro, ao equiparar seu nível mais rasteiro de discernimento e avaliação sobre as irreais qualidades e capacidades dos governantes, que, na verdade, nada realizaram em forma de significativa transformação do país, para merecer idolatria, salvo algumas obras de cunho social, como o programa Bolsa Família, que qualquer pessoa com o mínimo de competência faria com melhor qualidade e aproveitamento e não na forma como vem sendo feito, embora seja a única prioridade destacada pelo governo. Assistencialismo esse que seria feito de igual modo por qualquer administrador público, por imposição de Estado, com a diferença de que somente os reais e potenciais necessitados seriam beneficiários, ou seja, o programa assistencial seria executado em absoluta transparência, mediante controle de eficiência e qualidade do seu funcionamento, em conformidade com a verdadeira finalidade para o qual ele fora instituído, evidentemente sem vinculação com objetivos promocionais de governantes nem indignas intenções eleitoreiras e marketing político internacional, como vem sendo estrategicamente explorado, de forma errônea e efetiva, em que pese tratar-se de programa mantido exclusivamente com recursos públicos, à custa dos bestas dos contribuintes. O PT não consegue mostrar, em vídeo promocional, o que seriam as grandes realizações nacionais, a exemplo das revolucionárias obras de infraestrutura e das tão prometidas, carentes e sonhadas reformas estruturais, como a política, eleitoral, previdenciária, trabalhista, administrativa, tributária e tantas outras reformulações essenciais ao crescimento da nação, cuja ausência vem contribuindo, de forma efetiva, para o crônico atraso do desenvolvimento do Brasil, graças à patente incompetência dos administradores comparados, de maneira inescrupulosa e irreverente, aos inigualáveis líderes universais, como Nelson Mandela, Mahatma Gandhi, Abraham Lincoln e Martin Luther King. O certo é que, desta vez, o PT foi longe demais, tendo ultrapassado os píncaros da leviandade, ao impor desatinadamente comparação de petistas questionáveis por ações corruptivas e terroristas com pessoas quase imaculadas e de inquestionáveis qualidades de honestidade e correção, que lutaram a vida inteira pela humanização, pacificação e paz mundial, objetivando reais conquistas para o bem da humanidade, mediante os quais conseguiram se tornar líderes amados e admirados universalmente por suas qualidades de abnegação às expressivas causas inigualáveis de pacifismo e de amor ao próximo, sem precisar utilizar meios bestiais, destrutivos, agressivos e contrários aos princípios humanitários. No entanto, os petistas cresceram na política por meios antagônicos, mais especificamente pelo seu legado de terrorismo, violência contra o ser humano e agressão aos cofres públicos, consistentes em homicídios, assaltos e roubos a bancos, explosão a bombas, luta armada, formação de quadrilha como o mensalão, utilização de métodos deletérios da dignidade humana e tudo o mais em contrariedade aos princípios de civilidade e humanização, não sendo dignos nem de longe de serem equiparados às aludidas personalidades, que não merecem tamanho infortúnio e desproporcional injustiça. Não obstante, foi muito justo e merecido o paradigma dos petistas ao ditador sanguinário cubano, pela forma carinhosa de eterna e sublime admiração, devoção e gratidão que os petistas nutrem pelo caribenho. É estranha não ter sido invocada a figura patética do ex-ditador e ex-revolucionário bolivariano, ante as afinidades petistas de admiração e de sentimentos socialistas, tão apropriados aos idealismos programáticos deles. Também causam estranheza as invocações de ícones que defendiam causas absolutamente dissociadas do sistema comunista admirado pelos petistas, fato que denota evidente contradição que não se coaduna com a ideia de coerência a ser passada para os jovens brasileiros. A sociedade, mais uma vez estarrecida, lamenta o desespero apelativo do maior partido do país e anseia por que o bom-senso, a racionalidade e a razoabilidade prevaleçam nas ideias dos políticos brasileiros, como forma de contribuir para o aperfeiçoamento e o fortalecimento da democracia. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 29 de agosto de 2013

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