domingo, 11 de agosto de 2013

Urgente expurgo da politicagem

Logo após conversar com senadores petistas, a presidente da República disse, com bastante entusiasmo, que chegou o “momento de se fazer política”. Na sua avaliação, a primeira metade do seu mandato foi reservada para o “gerenciamento” do país e que agora é “tempo de se fazer política”, com a exclusiva finalidade de se reaproximar do Congresso Nacional e da sua base aliada. Essa façanha, segundo afirmado por ela, segue “abalizado” conselho do ex-presidente petista, que lhe disse: “O que não se realizou até agora, não dá mais tempo para fazer”. Já se adaptando ao novo estilo de “governar”, a presidente não pretende mais enviar ao Congresso propostas de impacto, ao afirmar que “A fase de propor já acabou. Agora é hora de tentar colher resultados”. Um senador petista afirmou que a presidente foi eleita por ação e obra do seu antecessor e que agora o governo dela é que deve ter condições para reelegê-la, mas, para tanto, convém que o governo, que se afastou até aqui da política, resolva, a partir deste momento, se reaproximar do Congresso, porque, em relação ao PT, “Nós não somos aliados. Nós somos governo”, afirmou o parlamentar. A presidente se incorpora em definitivo ao espírito petista de ser, ao deixar claro que será bem boazinha para com os políticos, ao seguir a cartilha deles, inclusive evitando criar projetos novos, para que eles não sejam apreciados segundo a vontade do Congresso, que vem criando ideias imaginosas, em contrariedade aos principais objetivos políticos do governo. Esse fato demonstra, em bom português, o desprezo à responsabilidade na gestão da coisa pública, ao prestigiar a inadmissível causa da política da boa vizinhança, do compadrio, para não atrapalhar o único projeto perseguido pelo governo, de forma vergonhosa e escancarada, de continuar no comando do país, em evidente prejuízo às causas nacionais e da sociedade. Se a presidente tentar fazer política na forma incompetente e leviana como administra o país, em que os programas governamentais são relegados a planos secundários, a exemplo da saúde, educação, segurança, infraestrutura etc., com certeza a sua reeleição vai literalmente para o espaço e o seu governo não deixará um pingo de saudade para aqueles que aspiram um país gerenciado com dignidade e competência. Se até aqui ela não conseguiu cuidar exclusivamente da nação, pois não foi capaz de apresentar novidade no seu governo, mesmo com as permanentes orientações do "todo-poderoso", é de se imaginar que o país irá se afundar ainda mais com a presidente administrando, em concomitância, os negócios da nação e a politicagem vergonhosa com o Congresso Nacional. Por certo a nação será prejudicada duplamente, porque ela não saberá distinguir uma coisa da outra e terminará não cuidando do gerenciamento do país nem da política, que exigem traquejo e competência de estadista, atributos estes que ela não conseguiu demonstrar possuir em nenhum dos casos. Na forma anunciada pelos correligionários da presidente, a política a ser praticada por ela levar-se-á em contra apenas a resolução das questões paroquianas, dos problemas e dos interesses dos parlamentares e partidos políticos, em detrimento das causas públicas e em escrachada intenção de fortalecer o mirabolante projeto da reeleição, como instrumento capaz de angariar apoio político e garantir minutinhos a mais no horário eleitoral, mediante a liberação dos famosos pleitos amigos. É lamentável que, com a evolução e o desenvolvimento da política, mediante a modernização dos procedimentos e o aperfeiçoamento dos mecanismos programáticos, o efeito destas conquistas, no país tupiniquim, foi textualmente inverso, porquanto a politicagem se processa nos moldes arcaicos e voltados para a satisfação dos interesses pessoais e partidários, em menosprezo às sublimes finalidades democráticas, que tem o povo no centro dos objetivos políticos e para o qual não deveria ter vez a politicagem praticada pelos homens públicos encastelados nas classes dominantes, que a usam fundamentalmente para a conquista do poder e da permanência nele. A grandeza do Brasil, pelo seu povo honesto e trabalhador, já merece a prática de política purificada e de respeito aos princípios democráticos, expurgados os métodos retrógrados e ultrapassados da ruindade, que não são mais aceitos nem mesmo nas republiquetas, à luz dos avanços científicos e tecnológicos e da modernidade alcançada pela humanidade. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 10 de agosto de 2013

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