domingo, 16 de março de 2014

Os abusos do socialismo tupiniquim

Sem o menor senso de espírito público e até humanitário, por contrariar os comezinhos princípios de racionalidade administrativa, a alimentação do governador do Distrito Federal está planejada para um ano, pasmem, com o consumo de “apenas” 21 toneladas de carne, como filé mignon, picanha, coxão mole, camarão grande, médio, sem cabeça, bacalhau do porto, pato, hambúrguer, badejo, atum, filhote em postas e de enorme quantidade de seletos gêneros de primeiríssimas qualidades. Afora os absurdos como a compra de 360 caixas de ovos de codorna, com 30 unidades cada, 312 pacotes de canela em pau, tapioca, iogurte natural e cremoso e todo tipo de alimentos, num total de 464 itens, conforme pregão promovido pela Casa Civil do governo de Brasília. A alimentação do governador e de seu staff tem orçamento previsto para R$ 1,4 milhão, tendo havido acréscimo das despesas de 18% em relação à licitação do ano anterior. Não fossem as excentricidades com as qualidades e quantidades dos produtos, há ainda inexplicáveis exigências, a exempla dos 840 pacotes de café, o qual terá que ser torrado e moído do tipo superior, de primeira qualidade, em pó homogêneo, constituídos de grãos tipo 6 COB, com no máximo 10% em peso de grãos com defeitos pretos, verdes e ou ardidos (PVA) e ausente de grãos preto-verdes e fermentados. Terá de ter gosto de café arábico e laudo de avaliação emitido por laboratório credenciado nos Ministérios da Saúde ou da Agricultura, realizado há no máximo três meses a contar da data de entrega do produto. O governo do Distrito Federal esclareceu que a quantidade de comida é baseada no consumo do ano anterior, as compras somente são feitas em conformidade com as necessidades e, além do governador e sua família e das autoridades que frequentam a residência oficial, existe seu staff de 70 funcionários (pra que tanta gente?), que se alimentam diariamente. Segundo o governo de Brasília, em 2013 foram servidas 123,3 mil refeições, com a média diária de 338 refeições, ao custo unitário de R$ 9,74. A farra e o exagero das despesas somente com alimentação, à custa do dinheiro dos bestas dos contribuintes, tiveram justificativas, embora absurdas e esfarrapadas, de que "as alterações de itens e quantitativos em relação ao processo licitatório do ano anterior encontram justificativa no fato de que Brasília será uma das sedes da Copa do Mundo este ano, o que levou o GDF a, preventivamente, adotar medidas para recepcionar autoridades e delegações estrangeiras na capital federal". O governo que presa e zela pelo patrimônio da sociedade deve se preocupar ainda mais com a economia de seus gastos, quanto mais no ano da Copa do Mundo, para a qual o Distrito Federal teve o maior desperdício com a construção do maior elefante branco da história brasileira, ao gastar aproximadamente R$ 1,5 bilhão em obras que não terão a menor serventia depois da copa, além dos enormes gastos de manutenção do estádio inútil. O que mais intriga as pessoas sensatas e com um pouco mais de cultura política é a tremenda insensibilidade dos petistas, com relação aos gastos públicos, porquanto, no discurso muito bem ensaiado, tendo por base a enganosa e mentirosa ideologia pública do partido, de que eles são o "partido dos pobres e dos oprimidos", que conseguiu revolucionar a vida dos miseráveis do país, em demonstração de pioneirismo, com suas políticas meramente assistencialistas, apesar de, sabidamente, elas terem finalidades exclusivamente eleitoreiras, mas mantidas com substanciais recursos oriundos dos escorchantes tributos, cobrados sem o menor pudor quanto aos princípios de racionalidade dos gastos públicos, em termos de efetividade acerca das finalidades primaciais do Estado, que são de atendimento ao interesse público, sem qualquer distinção nem preferência na aplicação das verbas públicas. Na realidade, os socialistas da atualidade e de ocasião são verdadeiros gastadores em mordomias, regalias e esbanjamentos com dinheiros públicos, e se comportam em extrema contemplação com o elitismo, por terem vida encastelada e cercada de completo esbaldo à custa impiedosa do dinheiro público. Trata-se de verdadeiro partido que se acostumou a pregar, na teoria, o melhor discurso do planeta, mas, na prática, é aquele que se apresenta com a manutenção da melhor gastança, a exemplo da bem abastecida despensa do palácio residencial do governador candango, abastecida com os melhores gêneros e as absurdas e injustificáveis quantidades, em absoluta incoerência com o que se alardeia como sendo o partido dos pobres, dos trabalhadores e dos oprimidos. O serviço público, não somente na capital da República, não faz a mínima ideia do que seja racionalidade, economicidade e principalmente parcimônia com a execução das despesas públicas, justamente pela maléfica cultura consolidada e errônea de que a dotação para esse tipo de gasto consta do orçamento e, por isso, o administrador tem o direito de empenhar os recursos e gastá-los à vontade, sem o menor pudor quanto aos princípios que deveriam inspirar o gerenciamento com vistas a se evitar desperdício. É preciso que o administrador público tenha a consciência sobre o efetivo custo-benefício das despesas públicas. O episodio de Brasília evidencia a verdadeira ética do socialismo brasileiro, que defende com a maior intransigência a distribuição de renda aos pobrezinhos e aos necessitados, mas, em compensação, a sua mordomia palaciana é invariavelmente de primeira qualidade, sem limites com as melhores e até exóticas comidas. Não se tem notícia de que os socialistas, principalmente os petistas, tenham dispensado as mordomias palacianas, os aviões, os carrões, as seguranças, as bajulações e as exigências das regalias e das benesses, para se igualarem aos pobres desvalidos e assistidos. São, na verdade, cobras criadas, que tentam se passar por coitadinhos na vida pública, mas vivem no mundo do bem bom, à custa das ilimitadas verbas públicas. Compete à sociedade, repudiando as excrescências e os escárnios com recursos públicos, eliminar da vida pública, com urgência, os políticos inescrupulosos, insensíveis, esbanjadores e gastadores sem o mínimo critério sobre os princípios de austeridade e economicidade, em demonstração de incoerência com o pregam, de contrariedade à realidade da situação de penúria do povo brasileiro e de confrontando com as verdadeiras finalidades de satisfação do interesse público. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 15 de março de 2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário