O todo-poderoso presidente
da Fifa afirmou que, na cerimônia da abertura da Copa do Mundo, não terão discursos,
nem seu ou da presidente da República brasileiro, embora ela irá ocorrer
normalmente antes do confronto entre Brasil e Croácia, no dia 12 de junho
vindouro. Ele disse que “Vamos fazer a
cerimônia de uma maneira que não aconteçam discursos”. A iniciativa cautelar
da Fifa se deu em virtude das calorosas vaias dirigidas à mandatária
tupiniquim, por ocasião do discurso dela na abertura da Copa das Confederações.
Na oportunidade, o presidente da Fifa tentou dissimular o impacto dos
surpreendentes apupos, tendo indo ao seu socorro pedindo respeito aos
torcedores, que resultou infrutífero, por ter, ao inverso, o condão de aumentar
ainda mais o coro dos torcedores. Ele acredita que, no período da Copa do
Mundo, não surgirão novos protestos no Brasil, por entender que a situação no
país "já se acalmou". Em
sua opinião, a competição será revestida de sucesso. Não há a menor dúvida de
que essa decisão não foi adotada por espontâneas vontade e iniciativa do
presidente da Fifa, que não tem nada a perder, em termos de desgaste político,
com o episódio, havendo ou não discursos. Certamente que não fazer discursos
tem o dedo mágico do Palácio do Planalto, pela absoluta certeza de que a
mandatária tupiniquim poderia passar, mais uma vez, pelo vexame e
constrangimento de perder a voz e a compostura na abertura de evento de suma
importância para seus planos de reeleição. É evidente que o mundo vai deixar de
ouvir discursos certamente cheios de inverdades sobre a Copa do Mundo que não
agrada expressiva parcela da população brasileira, que não concorda com os
abusivos e absurdos gastos com recursos públicos para as obras de construção e
reformas dos estádios, quando foram desprezadas as reais prioridades que
somente a incompetência de homens públicos impede o vislumbre da verdadeira dimensão
das enfermidades que infernizam a vida de muitos brasileiros, que não pode
dispor da prestação de serviços públicos nem de longe comparável à qualidade
das obras providenciadas, com o indispensável zelo, segundo as orientações da
Fifa, para o acolhimento da Copa do Mundo. Não há dúvida de que o anúncio
parece se harmonizar com a sabedoria popular, segundo o qual gato escaldado tem
medo de água fria, a confirmar o pavor da presidente de que algo semelhante possa
se repetir, como os fatos horripilantes ocorridos na abertura da Copa das
Confederações, quando ela foi alvo de sonoras vaias e não conseguiu pronunciar
seu discurso, naturalmente preparado com os floreios para enaltecer o esplendor
das obras custeadas com o suor dos bestas dos contribuintes. Na verdade, a
experiência traumática e desagradável parece que trouxe importante ensinamento
para a presidente, que prefere se precaver, receosa de que poderia entrar
novamente numa saia susta imperdoável para seus planos políticos de reeleição.
Ou seja, a experiência pode ter valido como precisa advertência para que não se
repitam situações semelhantes ocorridas no passado não muito distante. O presidente da Fifa
tem generoso e sábio gesto de altíssima sensibilidade, ao anunciar que não
haverá discursos por ocasião da abertura da Copa do Mundo, pois só assim o
mundo vai ficar livre de ouvir inverdades totalmente dispensáveis para o povo
civilizado, que não suporta, com razão, ouvir, nem mesmo em solenidade
desportiva, discursos sem o mínimo de conteúdo, que também não teria qualquer
contribuição para coisa alguma. Até para isso a Copa das Confederações prestou
relevantes serviços, ao poupar os telespectadores do desgaste de se ouvir discursos
ridículos de sempre, constituídos por nenhum conteúdo. O mundo agradece a
sensibilidade, embora induzido por sentimentos alheios, demonstrada pelo presidente
da Fifa, cujo anúncio se harmoniza com o bom sendo e a civilidade. Não
obstante, o presidente da Fifa acaba de mostrar que é antipovão e contra os
sentimentos dos brasileiros que não suportam mais as precariedades dos serviços
públicos prestados pelo governo, por não permitir que a galera se manifeste
para todo mundo ouvir a confirmação dos atos de insatisfação e de inconformismo
do povo contra a administração do país, cuja gestão, antes de promover a Copa
do Mundo, padrão Fifa, teria a obrigação de cuidar do saneamento das mazelas nacionais.
O certo é que, mesmo sem discursos na cerimônia inaugural da copa, o povão deverá se manifestar do mesmo jeito e com igual intensidade quanto à sua insatisfação diante da realização de evento totalmente dispensável e contrário aos interesses da sociedade. A ausência de discursos na abertura da copa é, induvidosamente, a confirmação antecipada
de que o povo continua insatisfeito e precisa gritar ao mundo sobre ela, para
que não reste a menor dúvida acerca da sua indignação contra o que realmente se
encontra fora dos trilhos e no rumo completamente incerto. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 11 de março de 2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário