quinta-feira, 6 de março de 2014

Maconha é matéria prioritária?

Em resposta a proposta de iniciativa popular, apresentada por meio de seu site na internet, o Senado Federal vai discutir sobre a possibilidade de protocolar projeto de lei que regulamente o uso recreativo, medicinal e industrial da maconha no Brasil, segundo declarou um senador do PDT-DF. A proposta de descriminalização do uso dessa droga foi protocolada virtualmente no dia 30 de janeiro, por um morador do Rio de Janeiro, no "Portal e-Cidadania", que serve de ferramenta do citado site para que cidadãos possam enviar sugestões de projetos de lei. É espantoso se verificar que, em apenas oito dias, a proposta tenha sido apoiada por mais de 20 mil pessoas, que é o número a partir do qual se assegura o envio de sugestão para a análise da Comissão de Direitos Humanos do Senado. O senador adiantou que já encomendou estudos sobre o uso da maconha à consultoria legislativa da Câmara Alta, com vistas a subsidiar a decisão acerca do prosseguimento ou não da proposta, com a sua transformação em projeto de lei, que deverá ser objeto de intensa discussão: “Vamos ouvir muita gente e fazer muitos estudos e, no final, a gente chega à conclusão se deve ou não legalizar”. O parlamentar afirmou que pretende analisar se o uso da erva é a porta para a entrada de outras drogas, se a legalização aumenta o consumo e se realmente existem efeitos medicinais. Ele concluiu dizendo que “Eu quero ver se a legalização está sintonizada com os costumes brasileiros ou se será um desrespeito ao que o brasileiro sente”, Nos termos da proposta, o projeto de lei prevê a legalização do cultivo caseiro da erva, determina o registro de clubes de autocultivadores e o licenciamento de estabelecimentos de cultivo e de venda de maconha no atacado e no varejo, tendo por justificativa, oferecida pelo autor da proposta, que o “mercado não regulado” da maconha gera “violência, crimes e corrupção”. É visivelmente perceptível que os parlamentares brasileiros estão sempre na contramão da história, por evitarem a discussão de propostas sobre as questões cruciais de interesse da sociedade, a exemplo da forma mais eficiente e eficaz para o efetivo combate ao deprimente tráfico de drogas, ante a notória deficiência do controle sobre os narcotraficantes. Com certeza, a liberação da maconha não é prioritária para os brasileiros, mas sim a solução das cracolândias que abarrotam as metrópoles e infernizam a sociedade, que não tem a quem recorrer para se livrar dessa chaga social, para a qual o Parlamento certamente não deve ter qualquer projeto em discussão, por eleger tão rapidinho o projeto em apreço. A liberação da maconha certamente resultará em grande contribuição para encher ainda mais as praças, ruas, avenidas e cidades de zumbis, que são contingente incontrolável pelas autoridades incumbidas de administrar os viciados, que estão causando o maior transtorno para as autoridades públicas, que se mostram incapacitadas e impotentes para encaminhar solução para tão grave problema social. O Parlamento deveria se preocupar em aprovar leis que contribuíssem para a solução do combate ao tráfico e a comercialização das drogas, traficância responsável pelo infortúnio da sociedade brasileira, por ser causadora do gigantismo do crescimento da violência, da criminalidade e da insegurança do povo brasileiro, que merece mais atenção pelo muito que paga de impostos. É lamentável que a população tenha tanto sacrifício para manter o segundo Parlamento mais caro do mundo para que ele decida empenhar dedicação e precioso tempo na análise de projeto de lei dessa magnitude, que não significa nenhuma satisfação ao interesse senão de parte da sociedade apenas ávida para a legalização do seu vício, notoriamente irregular, em completo desprezo à solução das pletoras questões relevantes, urgentes e prioritárias para o povo brasileiro, principalmente no que diz respeito à discussão de matérias relacionadas à educação, à segurança pública, à saúde, aos transportes, à infraestrutura, ao saneamento básico etc., tão carentes de urgentes saneamentos. Ainda que os senadores não tivessem absolutamente nada para examinar não se justificaria que matéria recém-ingressada no Parlamento seja objeto de tamanha preferência para exame, a denotar a pouca utilidade do poder constitucional de representar o povo, naquilo que seja mais essencial nas suas carências, que passam ano-luz de distância da erva maldita. É incompreensível que o Congresso Nacional dê prioridade ao exame de matéria absolutamente secundária, com tanta urgência, ao se verificar que ela deu entrada naquela Casa no dia 30 de janeiro último e já é objeto de imediatos estudos, providências, pareceres etc., com o envolvimento de senadores e servidores. Enquanto se dá especial atenção e urgência ao encaminhamento de matéria de pouco importância para a sociedade, as graves questões que afetam diretamente a população sequer são lembradas, a exemplo da segurança pública, da seca do Nordeste, do ensino público, das estradas e de tantas matérias prioritárias que ficam esquecidas nos porões da Câmara Alta, sem solução e sem interesse para o seu devido encaminhamento. Compete à sociedade, que elege seus representantes para o Parlamento, se indignar contra atitudes que não se coadunam com os princípios democráticos inerentes à priorização sobre as questões a serem discutidas e examinadas com primazia, em consonância com a necessidade da satisfação das necessidades públicas. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 05 de março de 2014

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