sábado, 29 de março de 2014

Prejudiciais ingerências governamentais

A aprovação da presidente da República da polêmica aquisição pela Petrobrás, por preço superfaturada, da refinaria de Pasadena, no Texas (EUA), revelada com pormenores pela imprensa, ganhou destaque na mídia internacional, em especial pela revista especializada em economia “The Economist”, que teve bastante repercussão, pelo fato de a presidente tupiniquim ter alegado, de forma leviana e impensada, que a decisão da compra da refinaria se deu com base em relatório “falho”. A revista britânica disse que "As revelações do Estado sobre a responsabilidade da presidente Dilma na compra atingem sua imagem de boa gestora. O mercado está cansado da interferência governamental na empresa que, na onda de más notícias, teve uma queda em suas ações”. A “The Economist” menciona ainda a última pesquisa eleitoral divulgada pelo Ibope, que apontava a mandatária brasileira ainda como favorita nas próximas eleições, com 47% de aprovação. Não obstante, a publicação entende que o episódio da estatal petrolífera envolvendo “a promessa de grande riqueza atrapalhada pelo mau gerenciamento e a interferência governamental é uma história que afeta a própria trajetória do Brasil”. Não há a menor dúvida de que a revelação, nos últimos dias, dos fatos envolvendo negociações e transações prejudiciais aos resultados econômico-financeiros da Petrobras, não somente acenam para a deficiência gerencial sob a integral direção e responsabilidade do governo federal, que vem demonstrando completa incompetência para gerenciar, com eficiência, empresa de capital importância para a economia nacional e internacional, que já foi uma das mais atrativas de investimentos pelos brasileiros e pelo capital estrangeiro, mas a ingerência, a falta de profissionalismo e os investimentos maus sucedidos contribuíram para podarem os planos vitoriosos e exitosos da empresa possuidora de componentes favoráveis ao pleno desenvolvimento, caso ela tivesse sido gerenciada com competência e eficiência, mediante a rigorosa observância ao princípio da racionalidade científica da administração dos recursos econômico-financeiros. Embora a responsabilidade direta pela aquisição da aludida refinaria deva ser atribuída ao Conselho de Administração da empresa, o ex-diretor da área Internacional da Petrobrás foi apontado pela presidente da República como responsável pelo relatório que subsidiou a compra em questão e, por isso, somente agora, depois de eclodido o desastroso negócio, ele acaba de ser exonerado pelo Conselho de Administração da Petrobras do cargo de diretor da Diretoria Financeira da BR Distribuidora, fato que evidencia extrema incompetência do governo, por permitir que quem teria induzido a presidente do citado conselho ao gravíssimo erro continuasse exercendo cargo relevante da empresa, por mais oito anos continuados. Na verdade, apesar de a revista britânica se referir à presidente brasileira de possuir imagem de boa gestora, os fatos estarrecedores vindos à lume deixam muito claro exatamente o contrário do que foi alardeado por muito tempo sobre a sua competência, que teria sido bem diferente se ele tivesse evitado os estrondosos prejuízos causados ao patrimônio da sociedade brasileira, não aprovando, de imediato e sem acurada análise sobre a matéria, mas sim votando, à oportunidade, por diligência saneadora, já que ela alega falha do relatório, por omissão de dados, somente agora revelada, quando a sua manifestação teria sido fundamental para se evitar grandioso rombo aos cofres da Petrobras, de difícil recuperação, depois de transcorrido tanto tempo. Não à toa que o Senado Federal vai investigar as irregularidades na estatal, que já é objeto de investigação pela Polícia Federal, pelo Tribunal de Contas da União e Ministério Público Federal. Na realidade, a administração do país está acéfala há mais de década, à vista da falta de ações de efetividade às causas nacionais, salvo dos conchavos em benefícios dos interesses pessoais e partidários, tendo em mira a exclusiva perenidade no poder, em detrimento do interesse público. O Brasil não sabe o que é gestão pública de verdade desde que seus mandatários se apossaram do Palácio do Planalto, nesse interregno de governo, para praticarem política da boa vizinhança com os partidos da coalizão republicana, que não funciona nem no nome, porque prevalece a satisfação dos interesses políticos, que predominam na forma do indecente e inescrupuloso loteamento dos ministérios e empresas estatais entre os partidos que apoiam os projetos do governo no Congresso Nacional, em espúria e vergonhosa composição denominada popularmente de “toma lá, dá cá”, em cristalino prejuízo aos interesses da nação e da sociedade, principalmente porque os entendimentos políticos estão voltados para a consolidação do relevante e único projeto do partido que comando o país, qual seja, de se manter eternamente no poder, em consonância com o ideário socialista, que tenta e demonstra fazer algo em prol das massas carentes, visando, em troca, seu voto, como forma de constituir poderoso curral eleitoral e dele se beneficiar nas eleições, mas, para tanto, há errôneo e espúrio envolvimento dos dinheiros públicos para a manutenção dos programas assistencialistas, como se o Estado fosse o próprio partido representado pela mandatária do país. O povo brasileiro demonstra extrema falta de percepção política, que não consegue enxergar as manobras maquiavelicamente engendradas com a exclusiva finalidade de permanecer o encastelamento e a predominância do poder. Urge que a sociedade se desperte dessa irresponsável letargia política, que contribui, de maneira indevida, para que o país seja administrado sem o indispensável acautelamento da eficiência e da competência, que são exigidos em se tratando da execução de recursos públicos. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
 
Brasília, em 28 de março de 2014

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