Os dois principais
partidos do país, embora tenham a sublime responsabilidade de administrar o
país mediante aliança de governabilidade, estão entrincheirados em lados
opostos travando ferrenha peleja por poder, em descarado desrespeito à
dignidade das representações que foram entregues aos seus filiados, porquanto,
à vista da finalidade precípua das suas atividades políticas, não lhes caberiam
lutar senão para a consecução de medidas visando à satisfação dos interesses da
sociedade. Não obstante, discutem-se simplesmente importantes porções de poder
e de benesses para proveito de suas respectivas agremiações, sem a menor
vinculação com as causas dos seus representados. No caso do PMDB, a sigla
reclama da demora da presidente da República na realização da reforma
ministerial, com vistas à maior participação no preenchimento dos cargos
públicos relevantes; da falta da implementação de compromissos quanto à liberação
de recursões referentes às emendas parlamentares; da necessidade de maior
diálogo sobre as alianças regionais com o PT nas próximas eleições;
e do descaso por não participar de decisões do Executivo e de lançamentos de
programas do governo federal, que seriam de fundamental importância no fortalecimento
das candidaturas no próximo pleito. A crise é mais acentuada na Câmara dos
Deputados, onde sete partidos da base aliada, comandados pelo líder do PMDB, constituíram
o "blocão", que tem por objetivo a ampliação do poder de negociação
com o Executivo em votações da Casa. Fatos esses que demonstram a insatisfação
"generalizada" de parlamentares em relação ao tratamento dispensado
ao PMDB pelo governo federal. A todo instante, o clima fica ainda mais tenso diante
das acaloradas acusações surgidas, principalmente por parte do líder peemedebista,
que já suscitou sobre a possibilidade de ser "repensada" a aliança da
sua legenda com o PT. Ou seja, enquanto os partidos se digladiam em defesa de
maior fatia de poder, os interesses nacionais ficam em planos secundários,
comprometendo a essencialidade dos princípios políticos e democráticos, que têm
por finalidade o atendimento das causas da sociedade. Na verdade, a contenda entre
aliados, em busca de espaço político, de poder e das benesses proporcionados
pelo Estado, somente seria resolvida satisfatoriamente se o povo tivesse condições
culturais de entender que a sua participação como árbitro seria no sentido de
eliminar da vida pública os políticos que, sem pudor e desavergonhados, se
engalfinham em desavença política envolvendo recursos públicos, com o propósito
de se beneficiarem. Não há desconhecer que o povo tem o poder de eleger seus
representantes para cuidar com exclusividade dos interesses da sociedade, porém,
ao contrário disso, eles estão brigando por posições especiais que atendam seus
objetivos políticos e pessoais, deixando ao desgaste do relento a causa
principal do interesse público, que é relegado à menor importância nessa
contenda. É pena que essa briga não seja em benefício das causas da sociedade,
como seria previsível se isso tivesse ocorrendo nas nações civilizadas e
culturalmente desenvolvidas, onde os princípios democráticos estão em permanente
aperfeiçoamento, com a finalidade de usar a política somente para a consecução
de ações públicas voltadas para a melhoria das condições de vida da sociedade.
No país tupiniquim, acontece ao contrário, onde a cúpula das principais
agremiações políticas paralisam suas atividades para discutir, em reuniões
infrutíferas, questiúnculas de interesses paroquianos. Enquanto os políticos
continuarem nessa luta fratricida em busca da satisfação de sues interesses, em
desprezo às causas da sociedade, que, ao invés disso, deveriam ser objeto do
primacial exercício das atividades políticas, as brigas por cargos públicos nos
ministérios e nas empresas estatais serão eternizadas, porque isso faz parte da
politicagem tupiniquim. O PMDB é o partido que integra os últimos governos, estando
na situação de governista e no usufruto das benesses e dos privilégios somente
concedidos àqueles que estão no poder, sem, no entanto, nunca assumir
responsabilidade por nada, nem pelo sucesso e muito menos pelos fracassos da
administração do país. Não obstante, depois do governo, ele é o partido que
mais ocupa cargos públicos nos órgãos de direção superior do país, tendo
bastante influência e poder na administração pública, direta e indireta, por
manter seus afilhados partidários em funções estratégicas, principalmente dos
políticos que não conseguem se eleger. O certo é que, historicamente, os peemedebistas
são garantidos no poder por força do indecente idealismo fisiológico que adota como
forma de apoio à base de sustentação do governo, em sustentação e equilíbrio do
execrável sistema do toma lá, dá cá, que tanto apequena as atividades
político-administrativas do país. Essa excrescência precisa ser eliminada com
urgência da vida pública brasileira, como forma de moralizar a administração
pública. Na discussão havida até agora, não houve, por qualquer das partes,
manifestação de altruísmo na busca de entendimento que contribuísse para
beneficiar as causas nacionais, porquanto tudo fica claro que nenhum partido abra
mão do poder já conquistado e da busca de mais poder. É de se lamentar que a
sociedade não tenha sensibilidade para perceber que os malefícios causados ao
país por esses partidos que só pensam nos seus interesses, no fortalecimento de
posição de destaque no governo, no maior domínio sobre os cargos públicos e na
menor preocupação com as causas de interesse da sociedade. As brigas ferrenhas
travadas entre petistas e peemedebistas podem ser explicadas pelo fato
simplório de que ninguém aceita ser menor de importância dentro do jogo
político do poder, em que todos se julgam mais poderosos muito mais do que os
interesses da sociedade, que são a razão dos partidos políticos, que deveriam
se unir para a consecução dos verdadeiros objetivos nacionais, com total desprezo
ao imperante idealismo fisiológico, que tem sido o cerne das brigas em torno de
cargos na administração pública, em completo detrimento ao atendimento dos
princípios capazes de contribuir para a satisfação dos interesses nacionais e o
aperfeiçoamento democrático. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 10 de março de 2014
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