terça-feira, 11 de março de 2014

A indignidade imperante na política

Os dois principais partidos do país, embora tenham a sublime responsabilidade de administrar o país mediante aliança de governabilidade, estão entrincheirados em lados opostos travando ferrenha peleja por poder, em descarado desrespeito à dignidade das representações que foram entregues aos seus filiados, porquanto, à vista da finalidade precípua das suas atividades políticas, não lhes caberiam lutar senão para a consecução de medidas visando à satisfação dos interesses da sociedade. Não obstante, discutem-se simplesmente importantes porções de poder e de benesses para proveito de suas respectivas agremiações, sem a menor vinculação com as causas dos seus representados. No caso do PMDB, a sigla reclama da demora da presidente da República na realização da reforma ministerial, com vistas à maior participação no preenchimento dos cargos públicos relevantes; da falta da implementação de compromissos quanto à liberação de recursões referentes às emendas parlamentares; da necessidade de maior diálogo sobre as alianças regionais com o PT nas próximas eleições; e do descaso por não participar de decisões do Executivo e de lançamentos de programas do governo federal, que seriam de fundamental importância no fortalecimento das candidaturas no próximo pleito. A crise é mais acentuada na Câmara dos Deputados, onde sete partidos da base aliada, comandados pelo líder do PMDB, constituíram o "blocão", que tem por objetivo a ampliação do poder de negociação com o Executivo em votações da Casa. Fatos esses que demonstram a insatisfação "generalizada" de parlamentares em relação ao tratamento dispensado ao PMDB pelo governo federal. A todo instante, o clima fica ainda mais tenso diante das acaloradas acusações surgidas, principalmente por parte do líder peemedebista, que já suscitou sobre a possibilidade de ser "repensada" a aliança da sua legenda com o PT. Ou seja, enquanto os partidos se digladiam em defesa de maior fatia de poder, os interesses nacionais ficam em planos secundários, comprometendo a essencialidade dos princípios políticos e democráticos, que têm por finalidade o atendimento das causas da sociedade. Na verdade, a contenda entre aliados, em busca de espaço político, de poder e das benesses proporcionados pelo Estado, somente seria resolvida satisfatoriamente se o povo tivesse condições culturais de entender que a sua participação como árbitro seria no sentido de eliminar da vida pública os políticos que, sem pudor e desavergonhados, se engalfinham em desavença política envolvendo recursos públicos, com o propósito de se beneficiarem. Não há desconhecer que o povo tem o poder de eleger seus representantes para cuidar com exclusividade dos interesses da sociedade, porém, ao contrário disso, eles estão brigando por posições especiais que atendam seus objetivos políticos e pessoais, deixando ao desgaste do relento a causa principal do interesse público, que é relegado à menor importância nessa contenda. É pena que essa briga não seja em benefício das causas da sociedade, como seria previsível se isso tivesse ocorrendo nas nações civilizadas e culturalmente desenvolvidas, onde os princípios democráticos estão em permanente aperfeiçoamento, com a finalidade de usar a política somente para a consecução de ações públicas voltadas para a melhoria das condições de vida da sociedade. No país tupiniquim, acontece ao contrário, onde a cúpula das principais agremiações políticas paralisam suas atividades para discutir, em reuniões infrutíferas, questiúnculas de interesses paroquianos. Enquanto os políticos continuarem nessa luta fratricida em busca da satisfação de sues interesses, em desprezo às causas da sociedade, que, ao invés disso, deveriam ser objeto do primacial exercício das atividades políticas, as brigas por cargos públicos nos ministérios e nas empresas estatais serão eternizadas, porque isso faz parte da politicagem tupiniquim. O PMDB é o partido que integra os últimos governos, estando na situação de governista e no usufruto das benesses e dos privilégios somente concedidos àqueles que estão no poder, sem, no entanto, nunca assumir responsabilidade por nada, nem pelo sucesso e muito menos pelos fracassos da administração do país. Não obstante, depois do governo, ele é o partido que mais ocupa cargos públicos nos órgãos de direção superior do país, tendo bastante influência e poder na administração pública, direta e indireta, por manter seus afilhados partidários em funções estratégicas, principalmente dos políticos que não conseguem se eleger. O certo é que, historicamente, os peemedebistas são garantidos no poder por força do indecente idealismo fisiológico que adota como forma de apoio à base de sustentação do governo, em sustentação e equilíbrio do execrável sistema do toma lá, dá cá, que tanto apequena as atividades político-administrativas do país. Essa excrescência precisa ser eliminada com urgência da vida pública brasileira, como forma de moralizar a administração pública. Na discussão havida até agora, não houve, por qualquer das partes, manifestação de altruísmo na busca de entendimento que contribuísse para beneficiar as causas nacionais, porquanto tudo fica claro que nenhum partido abra mão do poder já conquistado e da busca de mais poder. É de se lamentar que a sociedade não tenha sensibilidade para perceber que os malefícios causados ao país por esses partidos que só pensam nos seus interesses, no fortalecimento de posição de destaque no governo, no maior domínio sobre os cargos públicos e na menor preocupação com as causas de interesse da sociedade. As brigas ferrenhas travadas entre petistas e peemedebistas podem ser explicadas pelo fato simplório de que ninguém aceita ser menor de importância dentro do jogo político do poder, em que todos se julgam mais poderosos muito mais do que os interesses da sociedade, que são a razão dos partidos políticos, que deveriam se unir para a consecução dos verdadeiros objetivos nacionais, com total desprezo ao imperante idealismo fisiológico, que tem sido o cerne das brigas em torno de cargos na administração pública, em completo detrimento ao atendimento dos princípios capazes de contribuir para a satisfação dos interesses nacionais e o aperfeiçoamento democrático. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 10 de março de 2014

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