sábado, 15 de março de 2014

Imerecido almoço de cortesia!


O recém-empossado primeiro-ministro da Itália convidou o ex-presidente da República petista para participar de almoço de cortesia, em Roma. O encontro aconteceu no Palácio Chigi, sede do governo italiano. O convite do primeiro-ministro italiano foi formalizado na última semana, sem, no entanto, ter sido antecipada a pauta da reunião-almoço. Os assessores esclareceram que os dois políticos não deverão discutir o caso do ex-diretor do Banco do Brasil, que é o único condenado no processo do mensalão que se encontra foragido e preso na Itália. O Brasil já formulou pedido de extradição do mensaleiro ao governo italiano, que ainda não se pronunciou sobre o caso. O político italiano aproveitou a presença do ex-presidente brasileiro à Itália, que foi àquele país para proferir palestra para o conselho administrativo da multinacional italiana Pirelli, em Milão, para demonstrar sua fidalguia. Com certeza, o primeiro-ministro italiano não deve ter sido avisado por seus assessores sobre a absurda indelicadeza protagonizada pelo ex-presidente tupiniquim, quando deixou de endossar, sem justificativa plausível, respeitável decisão do Supremo Tribunal Federal, que havia se manifestado favorável ao atendimento do pedido de extradição formulado pelo governo italiano de cidadão do seu país, acusado de ter participado efetivamente de, pelo menos, quatro assassinatos naquele país. Na oportunidade, houve enorme protesto do governo e do povo italianos, que não compreenderam como o governo brasileiro teria sido tão insensível ao justo pleito daquele país, por tratar-se de caso horroroso em que o cidadão teria integrado quadrilha de criminosos e contribuído para tirar a vida de vários compatriotas. Apesar da gravidade das acusações contra o cidadão italiano, o ex-presidente petista houve por bem, de forma inexplicável e injustificável, livrá-lo da prisão italiana, por mandar a respeitável decisão da Suprema Corte literalmente para o espaço com o arquivamento do pedido da extradição em apreço, impedindo que a condenação aplicada corretamente pela Justiça italiana fosse devidamente paga pelo assassino reconhecidamente sanguinário. Agora, o novel premier italiano, demonstrando completa desinformação sobre esse triste episódio, convida logo o indiferente petista ao seu país para saborear o apetitoso almoço de cortesia, como se nada tivesse acontecido de ruim não somente no que diz respeito aos longos laços de amizade, consolidados por força das relações diplomáticas existentes entre as nações, cujas culturas foram fortalecidas pela proximidade de seus povos, a exemplo das migrações italianas, que contribuíram de forma positiva com a sua culinária e o seu amor familiar. É bem possível que o premier italiano somente irá se inteirar desse lastimável fato bem depois desse almoço, quando terá bastante tempo para se arrepender de não ter ignorado a presença de político que foi tão incompreensível com a nação que agora o recepciona com a consideração que ele certamente não merece, por ter deixando de atender o justíssimo pleito do país amigo, salvo se o prato servido já contenha os ingredientes devidamente preparados para causar a pior indigestão, em contraposição à falta de tino político e de insensibilidade diplomática protagonizadas pelo ex-presidente brasileiro, no apagar das luzes do seu governo, ou seja, no último dia. Não há dúvida de que esse almoço de cortesia pode até servir para demonstrar que os homens públicos do país tupiniquim precisam evoluir e desenvolver suas capacidades políticas e diplomáticas, como forma capaz de um dia conseguir alcançar a mentalidade político-administrativa dos países que estão em nível superior, em termos de aperfeiçoamento das suas atividades políticas e democráticas. Acorda, Brasil!
 

ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 

Brasília, em 14 de março de 2014

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