O recém-empossado
primeiro-ministro da Itália convidou o ex-presidente da República petista para
participar de almoço de cortesia, em Roma. O encontro aconteceu no Palácio
Chigi, sede do governo italiano. O convite do primeiro-ministro italiano foi
formalizado na última semana, sem, no entanto, ter sido antecipada a pauta da
reunião-almoço. Os assessores esclareceram que os dois políticos não deverão
discutir o caso do ex-diretor do Banco do Brasil, que é o único condenado no
processo do mensalão que se encontra foragido e preso na Itália. O Brasil já
formulou pedido de extradição do mensaleiro ao governo italiano, que ainda não
se pronunciou sobre o caso. O político italiano aproveitou a presença do
ex-presidente brasileiro à Itália, que foi àquele país para proferir palestra
para o conselho administrativo da multinacional italiana Pirelli, em Milão,
para demonstrar sua fidalguia. Com certeza, o primeiro-ministro italiano não
deve ter sido avisado por seus assessores sobre a absurda indelicadeza protagonizada
pelo ex-presidente tupiniquim, quando deixou de endossar, sem justificativa
plausível, respeitável decisão do Supremo Tribunal Federal, que havia se
manifestado favorável ao atendimento do pedido de extradição formulado pelo
governo italiano de cidadão do seu país, acusado de ter participado efetivamente
de, pelo menos, quatro assassinatos naquele país. Na oportunidade, houve enorme
protesto do governo e do povo italianos, que não compreenderam como o governo
brasileiro teria sido tão insensível ao justo pleito daquele país, por tratar-se
de caso horroroso em que o cidadão teria integrado quadrilha de criminosos e
contribuído para tirar a vida de vários compatriotas. Apesar da gravidade das
acusações contra o cidadão italiano, o ex-presidente petista houve por bem, de
forma inexplicável e injustificável, livrá-lo da prisão italiana, por mandar a respeitável
decisão da Suprema Corte literalmente para o espaço com o arquivamento do
pedido da extradição em apreço, impedindo que a condenação aplicada
corretamente pela Justiça italiana fosse devidamente paga pelo assassino
reconhecidamente sanguinário. Agora, o novel premier italiano, demonstrando
completa desinformação sobre esse triste episódio, convida logo o indiferente petista
ao seu país para saborear o apetitoso almoço de cortesia, como se nada tivesse
acontecido de ruim não somente no que diz respeito aos longos laços de amizade,
consolidados por força das relações diplomáticas existentes entre as nações,
cujas culturas foram fortalecidas pela proximidade de seus povos, a exemplo das
migrações italianas, que contribuíram de forma positiva com a sua culinária e o
seu amor familiar. É bem possível que o premier italiano somente irá se
inteirar desse lastimável fato bem depois desse almoço, quando terá bastante
tempo para se arrepender de não ter ignorado a presença de político que foi tão
incompreensível com a nação que agora o recepciona com a consideração que ele certamente
não merece, por ter deixando de atender o justíssimo pleito do país amigo,
salvo se o prato servido já contenha os ingredientes devidamente preparados
para causar a pior indigestão, em contraposição à falta de tino político e de
insensibilidade diplomática protagonizadas pelo ex-presidente brasileiro, no
apagar das luzes do seu governo, ou seja, no último dia. Não há dúvida de que
esse almoço de cortesia pode até servir para demonstrar que os homens públicos
do país tupiniquim precisam evoluir e desenvolver suas capacidades políticas e
diplomáticas, como forma capaz de um dia conseguir alcançar a mentalidade político-administrativa
dos países que estão em nível superior, em termos de aperfeiçoamento das suas
atividades políticas e democráticas. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 14 de março de 2014
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