Diante das
especulações sobre o futuro político do presidente do Supremo Tribunal Federal,
ele acaba de dar entrevistas à revista Época, afirmando que não será candidato
a presidente da República, contrariando o desejo de muitos brasileiros, que gostariam
vê-lo ocupando a principal poltrona do Palácio do Planalto, que se situa
somente a 300 metros do seu atual local de trabalho, que poderia ser alcançada
com apenas um pulinho, caso não fossem os empecilhos próprios para quem não tem
demonstrado muito traquejo com os meandros da política, que exige bastante jogo
de cintura, para se adaptar às confabulações estranhas aos meios jurídicos. O
interlocutor da revista chegou à conclusão de que o magistrado não teria
facilidades e muito menos aptidão para entrar na política, notadamente por ter
passado a conhecer, com profundidade, no processo penal do mensalão, os lamaçais
das entranhas das agremiações políticas brasileiras. Indagado sobre seu futuro político,
ele respondeu dizendo que “Acho difícil”
e “Não me vejo fazendo isso (entrando na política algum dia). O jogo da política é muito pesado, muito sujo. Estou só assistindo a
essa movimentação. Deixem falar…
Deixa falar… Não serei candidato a presidente. Realmente eu não quero. É lançar-se, expor-se, a um apedrejamento.
Em 11 anos aqui, você aprende. Adquire
uma casca dura. Eu não tinha essa casca dura até há uns seis anos. Isso vem com
o tempo.”. Embora suas dores crônicas nas costas e nos quadris podem ter
relação com a intensa dedicação ao relato do processo do mensalão, elas devem ser
a principal motivação que definirá a provável aposentadoria precoce do Supremo,
em novembro próximo, depois que ele deixar a presidência do Supremo, não tendo
a sua inativação nenhuma vinculação com o exercício de cargo público eletivo
nem desconforto por possíveis desentendimentos entre posições adotadas por seus
pares, como vem sendo amiudamente alegados. Não há a menor duvida de que poderá
representar verdadeiro fracasso para o presidente do Supremo se ele decidir
fazer carreira política, principalmente diante do seu estrondoso sucesso no julgamento
do mensalão, que foi respaldado pela legitimidade das condenações, encaminhadas
por ele com absoluta transparência, competência e credibilidade, à vista de
refletir a realidade dos fatos irregulares constantes dos autos. A lição que ficou impregnada na
memória do povo brasileiro, pelo menos das pessoas de boa índole, foi a de um
magistrado que soube exercer com proficiência, zelo e responsabilidade, como se
exige dos servidores públicos, as relevantes funções, no caso, de relator do
mais importante processo penal da história do Supremo. Fato esse que não chega
a ser nenhuma novidade, porque ele nada fez do que cumprir com competência o
papel que lhe incumbia desempenhar como servidor público, que é remunerado de
forma satisfatória para o exercício do seu cargo. A sociedade anseia por que o
trabalho do relator do mensalão sirva de lição para futuras gerações. Não
ficaria bem na foto se o presidente do Supremo pretendesse tirar proveito do
seu proficiente e exemplar trabalho como relator do escandaloso processo do
mensalão para se aventurar nas atividades políticas, como forma de tirar
proveito dos louros conquistados, uma vez que a sua imagem seria facilmente
apedrejada por seus adversários, que poderiam alegar que a sua atuação objetivava
tão somente associá-la à figura do aproveitador, que somente se tornou destacada
e eficiente na magistratura porque visava tirar futuro proveito em atividades
político-partidárias. Tendo condições de saúde, ele deve continuar no Supremo,
como exemplo de fiel cumpridor do seu dever funcional e de ímpar dignificação
do serviço público. À toda evidência, o perfil do presidente do Supremo não se
encaixa exatamente nas atividades desenvolvidas pelos políticos brasileiros,
que têm formação própria e adequada, conforme os fatos evidenciados no
quotidiano, aos conchavos e às politicagem tendo por fundamento as ideologias
fisiológicas, sobretudo na busca da satisfação de interesses pessoais, em
detrimento das atividades políticas voltadas para a consecução das causas
nacionais, como forma de atendimento das reais finalidades objetivadas pela
Ciência Política. O excelente trabalho como relator do processo do mensalão jamais
deveria ser confundido com atividades político-partidárias, em razão das especificidades
existentes em cada área, por serem distintas e independentes, sob pena de ser
apequenado o seu resultado. A sociedade anseia por que os servidores públicos
sejam cada vez mais orgulhosos do cumprimento da sua incumbência funcional, que
devem primar pela eficiência e competência, de modo que a administração pública
consiga alcançar plenos objetivos de satisfação do interesse público. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 07 de março de 2014
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