A significativa queda
na avaliação do conjunto de ações do governo e do desempenho da própria
presidente da República, evidenciada em pesquisa Ibope, foi motivo suficiente
para acender o sinal vermelho no Palácio do Planalto e obrigou a equipe do governo
a se debruçar sobre os números para tentar entender o que realmente aconteceu
desde novembro até aqui que justifique o resultado da pesquisa. Ocorre que a pesquisa
mostra a interrupção do processo de recuperação da popularidade da presidente,
depois do abalo sofrido no mês de junho, em decorrência das manifestações de
protestos das ruas. Um assessor palaciano disse que "A pesquisa é a tradução do mau humor que tomou conta. Um mau humor
impressionista, sem uma razão específica". O governo ficou bastante
impressionado e apreensivo pelo fato de que, nas nove áreas avaliadas,
compreendendo saúde, educação, segurança pública, meio ambiente, inflação,
juros, tributos, combate à fome, à pobreza e ao desemprego, houve queda na
aprovação. A pesquisa revela que a presidente perdeu importante apoio entre
jovens de 16 a 24 anos e também nas pequenas cidades. A maior surpresa ficou
por conta da queda da avaliação dos programas sociais e ainda diante do fato de
a desaprovação ter ficado maior do que a aprovação. O resultado da pesquisa
servirá, de acordo com assessor palaciano, como instrumento para o governo
buscar retomar apoio popular. Para tanto, os ministros serão orientados a divulgarem
as ações de suas áreas de atuação e mostrarem os resultados das suas pastas, que
muitas vezes são desconhecidos da população. O momento é realmente de muita
atribulação para o governo, que tenta contornar as dificuldades de relação com
o Congresso Nacional, que, embora tenha ampla e folgada base aliada, não teve
suficiente habilidade para impedir a instalação, no Senado Federal, da CPI da
Petrobras, destinada a investigar as irregularidades denunciadas na gestão da
Petrobras. Quem tem um pouco de sensibilidade e consciência político-administrava,
não pode deixar de perceber que a aquisição da refinaria de Pasadena, nos
Estados Unidos da América, por preço superfaturado; a construção de moderno
porto em Cuba, com recursos públicos, quando os portos nacionais funcionam
precariamente; o perdão, sem qualquer critério, da dívida de países cujos
mandatários ditatoriais desrespeitam os salutares direitos humanos e os
princípios democráticos; a espúria coalizão de governo, consolidada mediante o
inescrupuloso fisiologismo ideológico, que prevalece e permeia na máquina
pública, contribuindo para que seu funcionamento seja criticado pela
inoperância e ineficiência; entre tantos outros atos desastrados e temerários de
gestão, em detrimento aos interesses públicos, não poderia jamais abonar a legitimidade
dos atos administrativos eivados de desacertos e de ineficiências do governo. Os
brasileiros estão percebendo a fragilidade do governo, que não teve nem tem
competência para promover reforma de coisa alguma, permitindo o desperdício de
excelente oportunidade para que o país se modernize e se aperfeiçoe, em
consonância com a realidade mundial, como forma de reformular as vetustas, obsoletas
e anacrônicas estruturas da administração pública, que não pode se dar ao luxo
de permitir que as conquistas do conhecimento humano, com suas lições de
progresso e de desenvolvimento sejam ignoradas pela sexta economia do mundo,
que prefere, graças à incapacidade gerencial, ficar atrelada ao passado, atraso
e subdesenvolvimento. Enfim, a última pesquisa indica que o povo está caindo na
real e verificando que esse governo não passa de tremenda enganação e
embromação, altamente prejudiciais aos interesses do país e da sociedade,
sobretudo com esse “papinho” manjado e desgastado de fomentar, de forma visivelmente
desorganizada, os programas sociais, de cunho meramente assistencialista e de
viés nitidamente eleitoreiro, que contribuem muito mais para estimular o
afastamento das pessoas do emprego e da produtividade, em claro desserviço às
causas nacionais. Dificilmente um governo de nação com a dimensão do Brasil
conseguiria avaliação positiva apenas administrando programa do tipo Bolsa
Família, deixando o país às moscas, quanto
às verdadeiras, relevantes e importantes políticas públicas, a exemplo de
segurança pública, saúde, educação, saneamento básico, transportes etc., que
precisam ser implementadas com vigor e eficiência, a par dos indispensáveis
investimentos em obras de impacto, que não podem ser relegadas a planos
secundários, principalmente em relação aos grandes empreendimentos de
infraestrutura, além das reformas estruturais do Estado, para que o país possa
ter reais condições de crescimento e de desenvolvimento. Nesse momento de maior
dificuldade político-administrativo, em especial em virtude da amnésia de
gerenciamento do país, compete à sociedade se mobilizar para encontrar o
estadista que tenha reais condições de vislumbrar as precariedades do país e de
adotar as providências tendentes ao seu saneamento, à luz dos princípios da
administração pública, em especial sob o prisma da competência, eficiência,
economicidade, legalidade, impessoalidade e honestidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 29 de março de 2014
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