domingo, 30 de março de 2014

Enfim, o vislumbre da realidade?

A significativa queda na avaliação do conjunto de ações do governo e do desempenho da própria presidente da República, evidenciada em pesquisa Ibope, foi motivo suficiente para acender o sinal vermelho no Palácio do Planalto e obrigou a equipe do governo a se debruçar sobre os números para tentar entender o que realmente aconteceu desde novembro até aqui que justifique o resultado da pesquisa. Ocorre que a pesquisa mostra a interrupção do processo de recuperação da popularidade da presidente, depois do abalo sofrido no mês de junho, em decorrência das manifestações de protestos das ruas. Um assessor palaciano disse que "A pesquisa é a tradução do mau humor que tomou conta. Um mau humor impressionista, sem uma razão específica". O governo ficou bastante impressionado e apreensivo pelo fato de que, nas nove áreas avaliadas, compreendendo saúde, educação, segurança pública, meio ambiente, inflação, juros, tributos, combate à fome, à pobreza e ao desemprego, houve queda na aprovação. A pesquisa revela que a presidente perdeu importante apoio entre jovens de 16 a 24 anos e também nas pequenas cidades. A maior surpresa ficou por conta da queda da avaliação dos programas sociais e ainda diante do fato de a desaprovação ter ficado maior do que a aprovação. O resultado da pesquisa servirá, de acordo com assessor palaciano, como instrumento para o governo buscar retomar apoio popular. Para tanto, os ministros serão orientados a divulgarem as ações de suas áreas de atuação e mostrarem os resultados das suas pastas, que muitas vezes são desconhecidos da população. O momento é realmente de muita atribulação para o governo, que tenta contornar as dificuldades de relação com o Congresso Nacional, que, embora tenha ampla e folgada base aliada, não teve suficiente habilidade para impedir a instalação, no Senado Federal, da CPI da Petrobras, destinada a investigar as irregularidades denunciadas na gestão da Petrobras. Quem tem um pouco de sensibilidade e consciência político-administrava, não pode deixar de perceber que a aquisição da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos da América, por preço superfaturado; a construção de moderno porto em Cuba, com recursos públicos, quando os portos nacionais funcionam precariamente; o perdão, sem qualquer critério, da dívida de países cujos mandatários ditatoriais desrespeitam os salutares direitos humanos e os princípios democráticos; a espúria coalizão de governo, consolidada mediante o inescrupuloso fisiologismo ideológico, que prevalece e permeia na máquina pública, contribuindo para que seu funcionamento seja criticado pela inoperância e ineficiência; entre tantos outros atos desastrados e temerários de gestão, em detrimento aos interesses públicos, não poderia jamais abonar a legitimidade dos atos administrativos eivados de desacertos e de ineficiências do governo. Os brasileiros estão percebendo a fragilidade do governo, que não teve nem tem competência para promover reforma de coisa alguma, permitindo o desperdício de excelente oportunidade para que o país se modernize e se aperfeiçoe, em consonância com a realidade mundial, como forma de reformular as vetustas, obsoletas e anacrônicas estruturas da administração pública, que não pode se dar ao luxo de permitir que as conquistas do conhecimento humano, com suas lições de progresso e de desenvolvimento sejam ignoradas pela sexta economia do mundo, que prefere, graças à incapacidade gerencial, ficar atrelada ao passado, atraso e subdesenvolvimento. Enfim, a última pesquisa indica que o povo está caindo na real e verificando que esse governo não passa de tremenda enganação e embromação, altamente prejudiciais aos interesses do país e da sociedade, sobretudo com esse “papinho” manjado e desgastado de fomentar, de forma visivelmente desorganizada, os programas sociais, de cunho meramente assistencialista e de viés nitidamente eleitoreiro, que contribuem muito mais para estimular o afastamento das pessoas do emprego e da produtividade, em claro desserviço às causas nacionais. Dificilmente um governo de nação com a dimensão do Brasil conseguiria avaliação positiva apenas administrando programa do tipo Bolsa Família, deixando o país às moscas, quanto às verdadeiras, relevantes e importantes políticas públicas, a exemplo de segurança pública, saúde, educação, saneamento básico, transportes etc., que precisam ser implementadas com vigor e eficiência, a par dos indispensáveis investimentos em obras de impacto, que não podem ser relegadas a planos secundários, principalmente em relação aos grandes empreendimentos de infraestrutura, além das reformas estruturais do Estado, para que o país possa ter reais condições de crescimento e de desenvolvimento. Nesse momento de maior dificuldade político-administrativo, em especial em virtude da amnésia de gerenciamento do país, compete à sociedade se mobilizar para encontrar o estadista que tenha reais condições de vislumbrar as precariedades do país e de adotar as providências tendentes ao seu saneamento, à luz dos princípios da administração pública, em especial sob o prisma da competência, eficiência, economicidade, legalidade, impessoalidade e honestidade. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 29 de março de 2014

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