segunda-feira, 31 de março de 2014

O símbolo de eficiência em ruínas...

Sem conseguir de livrar da forte pressão decorrente da avalanche de denúncias de corrupção e de má administração, a Petrobras passa por grave crise de credibilidade e de governança, a exemplo da existência de pelo menos cinco inquéritos promovidos pela Polícia Federal, outras investigações conduzidas pelo Ministério Público Federal e diversas auditorias realizadas pelo Tribunal de Contas da União. A crise administrativa reflete diretamente nas finanças e no patrimônio da empresa, com significativas perdas acumuladas, em três anos, de R$ 185 bilhões, o equivalente a aproximadamente 51% do seu valor de mercado. Nos últimos três meses, o tombo foi de 18%, segundo cálculos da consultoria Economática. A crise na petrolífera foi aberta às pressas e parece não ter data para se encerrar, ante a magnitude dos fatos irregulares, que sobressaem de todos os flancos, com nítida evidência da sua origem no governo que a administra. O clima é de bastante desconforto, não somente para a presidente da empresa, mas principalmente para a presidente da República, que se encontra no olho do furacão que embasam as denúncias de corrupção na compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, por ter assinado pelo próprio punho a aprovação da compra, que agora atribui o seu assentimento à falha de omissão em relatório apresentado ao Conselho de Administração da empresa, que era presidido pela mandatária do país. Somente em 2013, as dívidas da empresa subiram mais de US$ 22 bilhões, o equivalente a alta de 30% em relação ao ano anterior. A incômoda situação da petrolífera levou o seu Conselho Fiscal a registrar em ata alerta sobre os fatos preocupantes, inclusive assinalando possível risco de rebaixamento do grau de investimentos pelas agências de classificação. Por sua vez, os integrantes do Conselho de Administração divergiram quanto às demonstrações financeiras. O conselheiro independente se opôs à sua aprovação, ao questiona as operações contábeis que seriam usadas para encobrir as dívidas. Outros conselheiros também teriam expressado críticas acerca dos fatos nebulosos surgidos nos últimos tempos. Os nebulosos escândalos chamaram a atenção dos investidores internacionais, que formalizaram chapa para concorrer às vagas de conselheiros independentes. Um fundo britânico avalia a governança da empresa como "crítica" e capaz de comprometer "a capacidade de investimento e expansão da Petrobrás no longo prazo". O movimento foi apoiado por duas consultorias internacionais que orientam investidores globais sobre as assembleias. A crise contribuiu para que houvesse desconfiança quanto à capacidade de a Petrobrás ter condições de ampliar a produção de petróleo, embora a empresa tenha emitido recado direto aos estaleiros nacionais, com alerta de que "nada pode atrasar a curva de produção". Aliado aos fatos de notória má gestão dos negócios da empresa, há enorme decepção dos investidores com perdas financeiras causadas pela defasagem nos preços dos combustíveis, que estão contribuindo para os seguidos prejuízos patrimoniais, o descrédito e a desconfiança dos investidores, inclusive estrangeiros, fato este que reflete nos negócios e na produção, sendo que esta é o seu principal produto. Não há dúvida de que os investidores nutriam forte esperança de que a empresa conseguisse retomar o caminho certo da lucratividade e do eficiente gerenciamento de seus negócios, mas as inferências e negociatas distorceram a curva ascendente de sucesso da estatal. Por se tratar de empresa que, no passado, não muito distante, já foi símbolo nacional de progresso, por suas conquistas exitosas na exploração de petróleo, inclusive em águas profundas, que atraíram a atenção e o interesse dos investidores, é completamente inadmissível que a petrolífera seja submetida a essa terrível crise, fruto da irresponsável entrega dos cargos-chave aos partidos da coalizão de governo, em especial aos afilhados do PMDB, que jamais poderiam exercer cargos técnico-especializados em empresa que exige especialização e competência, que são inexistentes nas indicações políticas. É induvidoso que a culpa pelos fatos desastrosos ocorridos na Petrobras deve ser atribuída, sem erro, a quem teve a indignidade de indicar os aliados políticos, por força de conchavos fisiológicos, sem o menor critério, para exercer cargos relevantes nas diretorias da empresa. Trata-se da corresponsabilidade sobre os fatos denunciados e prejudiciais aos interesses da empresa, tanto por parte da mandatária do país, que abanou as indicações partidárias, em troca de apoio político, como dos políticos envolvidos nas negociações e operações que resultaram fracassos financeiros e prejuízos para os investidores. Compete à sociedade eliminar da vida pública os políticos que demonstram falta de sensibilidade, conscientização e responsabilidade quanto ao zelo e à preservação do patrimônio público, a exemplo dos casos maléficos aos interesses da Petrobras e do povo brasileiro. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 30 de março de 2014

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