sábado, 1 de março de 2014

Mudanças, pra quê?

Conforme resultado de pesquisa divulgada pelo Datafolha, o ex-presidente da República petista, com 28% dos entrevistados, é o mais preparado para promover mudanças no Brasil, vindo em seguida a atual presidente, com 19% das opiniões. É curioso que a terceira preferência dos mais bem preparados recai sobre cidadão que não atua na política partidária. Trata-se do presidente do Supremo Tribunal Federal, com 14%, e, em seguida, aparece a ex-senadora do partido da Rede Solidariedade, com 11%. O senador tucano, pré-candidato à Presidência pelo PSDB, teve 10% dos entrevistados e o governador pernambucano, que disputará o Palácio do Planalto pelo PSB, foi apontado por 5%. Os candidatos da oposição ainda são pouco conhecidos pelo povo, fato que permite a abertura de vantagem nesse quesito para os políticos petistas, que estão em permanente aparição na mídia e são conhecidos nacionalmente, mas, em absoluto, isso não significa que eles estejam mais preparados para mudar coisa alguma, à vista das excelentes oportunidades que já tiveram para mudar para melhor o país e as condições de vida do povo, mas conseguiram senão empurrar a nação para a caótica situação atual, por não tem a visão de estadista com a competência para aproveitar as vantagens políticas e econômicas, inclusive no contexto mundial, para realizar as reformas estruturais do Estado, tão carente de transformação, da liberação do imobilismo ideológico partidário, da implantação de ideias republicanas, da eliminação da centralização das manobras políticas de conveniências e da reafirmação de propósitos destinados à exclusiva satisfação do interesse público. Não há dúvida de que a preferência dos entrevistados pelos petistas se justifica porque parcela significativa da população entende que a dupla petista já tenha sido capaz de promover mudanças na vida da população mais necessitada, principalmente com a substancial destinação de recursos para os programas assistencialistas, visivelmente com a finalidade de angariar a simpatia em termos eleitoreiros, como demonstram os resultados das eleições. Na verdade, eles somente conseguiram fazer esse trabalho, em conjunto com as criticadas obras da Copa do Mundo, em detrimento das politicas públicas necessárias à satisfação das carências da sociedade, que padece pela falta de melhoria das infraestruturas e do saneamento básico, que são precários para parcela expressiva da população. O certo é que o país não pode continuar apenas privilegiando políticas assistencialistas, deixando as questões capitais e essenciais em planos secundários, como se as estratégias nacionais não dependessem de políticas amplas e abrangentes, principalmente no que diz respeito às metas econômicas e outras tantas políticas que precisam ser estudadas e reformuladas, a exemplo do custo Brasil, que tem sido crucial para o desenvolvimento nacional. A avaliação do desempenho dos mandatários do país, nos últimos doze anos, não aconselha, em absoluto, se concluir que os petistas sejam capacitados para mudar coisa alguma, porque outros governantes, de capacidade medíocre, certamente teriam feito muito mais e melhor do que eles fizeram. Verifica-se a paixão desenfreada dos simpatizantes por esses governantes, que não medem adjetivos para qualificar e enaltecer suas realizações na área social, como se outros administradores não tivessem a sensibilidade de dar cumprimento às incumbências do Estado, por força de imposições previstas na Constituição Federal de o Estado ter o dever de promover assistência à população que se encontre em condições de necessidade econômico-financeira. É verdade que os governos anteriores talvez tivessem feito bem menos do que o atual governo, tanto que este deu continuidade aos projetos assistenciais do seu antecessor. Enquanto os últimos governantes petistas tiveram o cuidado de priorizar o programa Bolsa Família, com a destinação de bilhões de reais para sua execução, eles não se preocuparam quanto à organização e à eficiência do cadastramento dos beneficiários, que nem sempre são carentes de verdade, segundo demonstram os fatos. O certo é que não existe controle e muito menos fiscalização capazes de moralizar o programa que é a menina dos olhos do governo, que permite que ele seja executado sem a necessária organização, em clara demonstração de desperdício de recursos públicos, ante a inescrupulosa forma como eles estão sendo aplicados, conforme as denúncias que são feitas amiúde nos meios de comunicação. Esse fato se revela grave porque inexiste medida saneadora das falhas nem há notícia sobre responsabilização pela má gestão dos dinheiros dos bestas dos contribuintes, que ainda são obrigados a arcar com uma das maiores cargas tributárias do mundo. Afora os cuidados com os importantes programas assistencialistas, as obras para a Copa do Mundo e os investimentos no moderno porto de Mariel, em Cuba, este também com recursos dos otários dos contribuintes, os dois últimos governantes investiram muito pouco nas obras estruturais, permitindo que as estradas, o saneamento básico, os portos, os aeroportos, os hospitais, as escolas e demais políticas de governo ficassem a desejar e à mercê da incompetência administrativa, a ponto de a segurança pública não conseguir combater a criminalidade e a violência, que atingiram escaladas progressivas e incontroláveis. Graças à atuação irresponsável dos últimos governantes, o Brasil figura entre os piores países na avaliação que mede o Índice de Desenvolvimento Humano, sendo ultrapassado por nações sem qualquer expressividade econômica, fato que entristece o povo brasileiro, que não merece passar por situação vexatória de ser potência econômica mundial e ainda ser é obrigado a padecer nas trevas do subdesenvolvimento, à mercê dos serviços públicos de má qualidade, justamente por falta de prioridades quanto às políticas verdadeiramente voltadas para a resolução dos problemas e das questões que afetam diretamente a sociedade. Os dois últimos governantes já tiveram bastante tempo para se sensibilizarem sobre a necessidade de mudar a situação de precariedade e deficiência que são visíveis e inadiáveis, mas sequer pensaram em promover as reformas capazes de eliminar os gargalos que impedem a transformação das políticas retrógradas que beneficiam tão somente as classes dominantes, em total detrimento dos interesses do país. Trata-se de verdadeira ironia se imaginar que os petistas tenham o mínimo de interesse em promover mudanças no país, enquanto o status quo lhes é amplamente favorável e vantajoso, que tem o beneplácito do povo, que se beneficia dos programas assistencialistas e não ambiciona por substanciais melhorias e mudanças político-administrativas. A sociedade almeja por que os governantes elejam, com embargo da ideologia partidária, o princípio republicano como forma de administrar a nação com eficiência e competência, de modo que seja possível a viabilização das mudanças tão urgentes e indispensáveis ao desenvolvimento do país. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 28 de fevereiro de 2014

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