Depois de ser
maltratado com as derrotas impostas pelos insurgentes peemedebistas e aliados,
o Palácio do Planalto caiu na real e convocou os partidos e parlamentares para
se juntarem ao enorme balcão da vergonha, com vistas às negociatas necessárias
ao apaziguamento dos ânimos e, enfim, recuperar a base aliada, que, ao se
rebelar contra a arrogância palaciana, deu seu recado quanto ao peso resultante
da insatisfação pela falta de cortesia com as benesses com recursos públicos, a
exemplo do afago com cargos públicos nos ministérios e nas empresas estatais e
com a liberação das emendas parlamentares, que tanto irritam e incomodam os bravos
aliados da coalizão mais do que fisiológica, que não aceitam ser contrariados
com o atraso ou a falta da liberação dos recursos inescrupulosamente envolvidos
nessa sujeira denominada administração do país tupiniquim. Até o momento,
alguns partidos já negociaram cargos com o governo, a exemplo do PP, que ameaçou
deixar a base, por se sentir incomodado justamente por não poder contar com os
cargos, na forma indecente conhecida como “porteira fechada”, do Ministério dos
Transportes, mas, em compensação, o partido decidiu negociar os cargos na
Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), em agências reguladoras e
até no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), além da indicação do
novo ministro das Cidades. O certo é que o governo se perdeu completamente, em
termos de moralidade, ao permitir que os partidos da coalizão exijam e recebam
os cargos que pretendem, sem o menor critério de qualificação dos ocupantes
senão mediante pelo indigno e indecente apadrinhamento político. Essa forma de
administrar o país, com a sua grandeza continental, demonstra a fragilidade do
respeito aos princípios da moralidade, da ética, do decoro, da honorabilidade,
da legalidade e principalmente da dignidade que os homens públicos precisam para
honrar os cargos públicos eletivos que ocupam, com suas atitudes de caráter, de
integridade, de zelo e de amor à nacionalidade e à res publica. Os fatos políticos estão mostrando com muita evidência
a destruição dos princípios republicanos, pela explícita falta de dignidade
como os destinos da não estão sendo negociados. Em plena luz do dia, o governo
entrega a direção de ministério e de empresa pública a partido aliado, apenas
para não perder o seu apoio político, não importando o respeito aos padrões de
legalidade e de moralidade que se exigem na administração pública. Essa excrescência representada pelo balcão de troca da dignidade política
pela desmoralização da administração pública, com a entrega de ministérios e
empresas estatais por apoio político, com vistas a fazer vistas grossas à
corrupção, à incompetência e à leniência com a promiscuidade no serviço
público, envergonha qualquer republiqueta, porque não condiz com a dignidade
que se exige dos homens públicos e muito menos com os salutares princípios
democráticos.
A democracia moderna poderia inspirar a decência no
exercício das atividades político-administrativas, principalmente por envolver
nessa pouca-vergonha de loteamento de cargos públicos a aplicação de montanha
de recursos dos bestas dos contribuintes, que além de elegerem esses que
constitucionalmente se passam por seus representantes, ainda são obrigados a
arcar com onerosa carga tributária, uma das maiores do mundo. Compete ao povo
dar urgente basta nessa medíocre prática do toma lá dá cá à custa de verbas
públicas, que tem o condão de nivelar as atividades públicas ao mais baixo grau
de inferioridade política. A escrachada luta por cargos públicos e por outras
benesses criadas de maneira inescrupulosa contribui claramente para desabonar
as qualidades morais dos homens públicos envolvidos e para se acreditar ainda
mais na segura impossibilidade da recuperação dos princípios da honorabilidade,
do decoro e da decência, ante o cristalino desprezo às verdadeiras causas
nacionais, mediante a intransigente maneira como são defendidos os interesses
pessoais e partidários, com o visível atropelamento dos comezinhos princípios
de civilidade e nacionalidade, que jamais deveriam se ausentar dos autênticos
homens públicos. O país precisa se despertar dessa infâmia letargia, que
permite que os maus políticos administrem a seu talante, sem qualquer censura
ou controle de gerenciamento político-administrativo, vultosos recursos
públicos, sempre na certeza da impunidade nem da responsabilização por seus atos
contrários à dignidade, à moralidade, ao decoro e aos interesses nacionais.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 12 de março de 2014
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