segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

As fortes emoções em evidência

A comemoração dos 40 anos de formatura dos Sargentos da 162ª Turma – Tarjeta Verde – da Escola de Especialistas da Aeronáutica teve o condão de mexer com os sentimentos e as estruturas emocionais de quem já se encontrava praticamente aposentado socialmente para participar ativamente de momentos de verdadeiro reencontro com o passado, que parecia já ter ido para bem distante, sem a menor esperança de regressar e fazer parte do nosso convívio.
As providências para esse tão memorável momento de reencontro, nada pareciam diferenciar das atribuladas atividades desenvolvidas ainda na fase de aluno, quando a gente embarcava de avião ou de ônibus ávido para Guaratinguetá/SP, com o pensamento frívolo de múltiplas ansiedades e imaginações pertinentes às responsabilidades do povir, principalmente com relação ao enfrentamento do pesado fardo distribuído sobre seus ombros, sob a representação da gigantesca carga do mais perfeito e completo currículo escolar, que exigia de cada aluno o máximo de concentração, interesse, conhecimentos e esforços, sob pena de ficar pelo caminho a ver navio, i.e., avião.
A nova ida à EEAer, depois de exatos quarenta anos, teve o gostinho bastante especial da rememoração de alguns fatos que estavam guardados nos escaninhos da memória que, por mais que o tempo tivesse passado, sempre ficam as boas e agradáveis lembranças das profícuas realizações; das marcantes amizades, construídas nos embalos das atividades escolares e dos momentos de lazer; do convívio com pessoas de culturas diversificadas; das participações nos galpões, onde o tempo insistia em demorar quase para sempre; dos imutáveis horários da alvorada, do café, do almoço, do jantar e do silêncio; das idas à Capela, ao cinema, à Sociedade de Alunos, onde prestei colaboração como tesoureiro, à cidade; entre outras atividades sociais, quase sempre com a participação dos companheiros, numa integração que marcou, de forma indelével, a minha passagem pela escola, nos dois anos como aluno, que foi obrigado a se esforçar o máximo de suas forças para ser o primeiro a escolher o regresso à capital do país, entre quatro vagas.
Neste encontro da turma, depois de quatro décadas de espera, foi percebido, ao vivo, o indescritível entusiasmo dos companheiros que se avistavam e se abraçavam longamente, em demonstração de que os velhos tempos de escola deixaram marcas de boas e sólidas amizades, que, por certo, jamais serão cicatrizadas, por mais que o distanciamento e a falta de contato contribuam para dificultar o relacionamento mais amiúde e próximo.
Cada amigo tinha suas histórias bem sucedidas para contar, sendo que muitos continuaram fazendo carreira na FAB, mas outros preferiram, por circunstâncias diversas, seguir carreira na iniciativa privada, embora demonstrassem preferência pela vida militar caso houvesse melhores condições financeiras, pelo menos compatíveis com as oferecidas no serviço público civil ou no mercado empresarial.
Não há a menor dúvida de que, por ocasião da comemoração em comento, a mentalidade dos companheiros presentes se voltou certamente para um único objetivo de rememorar os bons e felizes momentos vividos como alunos, com o pensamento direcionado para as lembranças do companheirismo, que são eternas.
Seria ainda mais maravilhoso se maior número de alunos pudesse ter comparecido a esse evento tão especial e marcante em nossas vidas, cujos momentos ficaram gravados como mais uma página que vai ficar marcada na história da 162ª Turma da EEAer, que já acumulava belas passagens em nossas vidas. Não obstante, é evidente que há enorme dificuldade para a realização de contatos diretos com as pessoas, por compreensíveis circunstâncias que ajudam a relevar a sentida ausência de colegas especiais.
Em última análise, o reencontro, realizado depois de tanto tempo, serviu não somente para a indispensável comemoração dos quarenta anos de formatura dos alunos da turma em apreço, mas, em especial, para testar o velho, porém ainda potente coração dos presentes, que resistiu, no caso de alguns companheiros, às fortes emoções, diante das lembranças de fatos e dos contatos pessoalmente com os velhos (no bom sentido) amigos, tão ansiadas certamente por todos.   
          Em complemento aos registros acima, é com enorme satisfação que lanço especial agradecimento aos bons amigos e companheiros de viagem, de Brasília a Guaratinguetá, Alvimar, Wilson Andrade (Passarinho), Mitraud (Ninja) e Mitchell, pela cordialidade e pelo proveitoso convívio de pouco mais de dois dias que, em conjunto, tivemos a felicidade de participar ativamente da comemoração em causa, em condições de ser usufruída plenamente a programação do evento.
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
          Guaratinguetá/SP, em 12 de dezembro de 2014

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