A comemoração dos 40 anos de formatura dos
Sargentos da 162ª Turma – Tarjeta Verde – da Escola de Especialistas da
Aeronáutica teve o condão de mexer com os sentimentos e as estruturas
emocionais de quem já se encontrava praticamente aposentado socialmente para
participar ativamente de momentos de verdadeiro reencontro com o passado, que
parecia já ter ido para bem distante, sem a menor esperança de regressar e
fazer parte do nosso convívio.
As providências para esse tão memorável momento de
reencontro, nada pareciam diferenciar das atribuladas atividades desenvolvidas
ainda na fase de aluno, quando a gente embarcava de avião ou de ônibus ávido
para Guaratinguetá/SP, com o pensamento frívolo de múltiplas ansiedades e
imaginações pertinentes às responsabilidades do povir, principalmente com relação
ao enfrentamento do pesado fardo distribuído sobre seus ombros, sob a
representação da gigantesca carga do mais perfeito e completo currículo
escolar, que exigia de cada aluno o máximo de concentração, interesse,
conhecimentos e esforços, sob pena de ficar pelo caminho a ver navio, i.e., avião.
A nova ida à EEAer, depois de exatos quarenta anos,
teve o gostinho bastante especial da rememoração de alguns fatos que estavam
guardados nos escaninhos da memória que, por mais que o tempo tivesse passado,
sempre ficam as boas e agradáveis lembranças das profícuas realizações; das marcantes
amizades, construídas nos embalos das atividades escolares e dos momentos de
lazer; do convívio com pessoas de culturas diversificadas; das participações
nos galpões, onde o tempo insistia em demorar quase para sempre; dos imutáveis
horários da alvorada, do café, do almoço, do jantar e do silêncio; das idas à
Capela, ao cinema, à Sociedade de Alunos, onde prestei colaboração como
tesoureiro, à cidade; entre outras atividades sociais, quase sempre com a
participação dos companheiros, numa integração que marcou, de forma indelével,
a minha passagem pela escola, nos dois anos como aluno, que foi obrigado a se
esforçar o máximo de suas forças para ser o primeiro a escolher o regresso à
capital do país, entre quatro vagas.
Neste encontro da turma, depois de quatro décadas
de espera, foi percebido, ao vivo, o indescritível entusiasmo dos companheiros
que se avistavam e se abraçavam longamente, em demonstração de que os velhos
tempos de escola deixaram marcas de boas e sólidas amizades, que, por certo,
jamais serão cicatrizadas, por mais que o distanciamento e a falta de contato
contribuam para dificultar o relacionamento mais amiúde e próximo.
Cada amigo tinha suas histórias bem sucedidas para
contar, sendo que muitos continuaram fazendo carreira na FAB, mas outros
preferiram, por circunstâncias diversas, seguir carreira na iniciativa privada,
embora demonstrassem preferência pela vida militar caso houvesse melhores
condições financeiras, pelo menos compatíveis com as oferecidas no serviço
público civil ou no mercado empresarial.
Não há a menor dúvida de que, por ocasião da
comemoração em comento, a mentalidade dos companheiros presentes se voltou
certamente para um único objetivo de rememorar os bons e felizes momentos
vividos como alunos, com o pensamento direcionado para as lembranças do
companheirismo, que são eternas.
Seria ainda mais maravilhoso se maior número de
alunos pudesse ter comparecido a esse evento tão especial e marcante em nossas
vidas, cujos momentos ficaram gravados como mais uma página que vai ficar
marcada na história da 162ª Turma da EEAer, que já acumulava belas passagens em
nossas vidas. Não obstante, é evidente que há enorme dificuldade para a
realização de contatos diretos com as pessoas, por compreensíveis circunstâncias
que ajudam a relevar a sentida ausência de colegas especiais.
Em última análise, o reencontro, realizado depois
de tanto tempo, serviu não somente para a indispensável comemoração dos
quarenta anos de formatura dos alunos da turma em apreço, mas, em especial,
para testar o velho, porém ainda potente coração dos presentes, que resistiu,
no caso de alguns companheiros, às fortes emoções, diante das lembranças de fatos
e dos contatos pessoalmente com os velhos (no bom sentido) amigos, tão ansiadas
certamente por todos.
Em
complemento aos registros acima, é com enorme satisfação que lanço especial
agradecimento aos bons amigos e companheiros de viagem, de Brasília a Guaratinguetá,
Alvimar, Wilson Andrade (Passarinho), Mitraud (Ninja) e Mitchell, pela
cordialidade e pelo proveitoso convívio de pouco mais de dois dias que, em
conjunto, tivemos a felicidade de participar ativamente da comemoração em
causa, em condições de ser usufruída plenamente a programação do evento.
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
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