Uma ex-deputada venezuelana, cassada por fazer
oposição ao governo desse país e por ter sido acusada, no início deste ano, de
ter conspirado para assassinar o presidente da República, tendo por base provas
forjadas e falseadas, por ocasião do estremecimento da Venezuela, por protestos
estudantis, denuncia que recebe ameaças terríveis, a polícia política lhe segue
o tempo todo e as companhias aéreas estatais não lhe vendem passagens.
Ela disse ter medo de que a destruição do país siga
adiante, com crianças morrendo nos hospitais, por falta de remédios, mulheres
que compram leite têm que ser humilhadas com marcas no braço, para fazer fila,
e a situação do país é aterrorizante, diante das violentas e truculentas
repressões das forças militares.
A ex-deputada reconhece a inquestionável liderança
política do Brasil na região, tendo percebido que as instituições democráticas
funcionam normalmente, com a autonomia dos poderes da República, em respeito às
práticas democráticas, mas ela considera inconcebível que não haja coerência
entre as políticas interna e externa, a exemplo do Itamaraty, que tem
influência sobre o regime imposto na Venezuela, cujo governo busca espaços
internacionais para legitimar as violações no país.
Na opinião dela, o Brasil deve dizer a verdade,
inclusive apoiando os termos de uma carta democrática interamericana, assinada
na Organização dos Estados Americanos, constando que a Venezuela viola os
direitos humanos, de maneira sistemática. Por sua vez, ela ressalta a
existência de relatório da Organização das Nações Unidas sobre torturas na
Venezuela, em escala devastadora. Ela nutre esperança de que a presidente
brasileira conheça o teor desse relatório, para que a sua indiferença de hoje
não venha a ser reconhecida como cumplicidade, porque a história há de julgar
pela omissão dos governantes.
A ex-deputada entende que é indispensável que haja
protestos contra o regime antidemocrático venezuelano, onde inexiste separação
de poderes, liberdade de expressão e respeito aos direitos humanos, sendo que
estes dois últimos conceitos são violados às claras. Além disso, há torturas
aos estudantes e presos políticos e falta de respeito à propriedade privada.
Na atual situação de precariedade da Venezuela, não
há a menor dúvida de que o Brasil não é o país ideal para a ex-deputada venezuelana
pedir socorro para aconselhamento do governo daquele país, tendo em vista que a
mandatária brasileira tem simpatia para com as mesmas práticas deletérias impostas
contra a sociedade venezuelana, em consonância com o espírito de dominação a
partir do Foro de São Paulo, que tem como princípio fundamental o
fortalecimento de governos socialistas na América Latina, marcados pela
absoluta sede de soberania sobre os povos e perenidade no poder, não importando
os fins para serem atingidos os meios, a exemplo dos instrumentos de violência
e de desrespeito aos direitos humanos e à liberdade de expressão.
Ante as declarações e os apoios mútuos, em
demonstração de reciprocidade quanto à forma de governo, fica muito claro que o
Brasil não é um país confiável para se pedir proteção contra a falta de
democracia, porque existe claro vínculo voluntarioso de amizade que une os
governos brasileiro, venezuelano, cubano, boliviano, equatoriano e outros que
se uniram para o fortalecimento do eixo de dominação socialista das Américas,
encabeçada pela tirania cubana, que vem prestando especial assessoramento
estratégico, tendo por claros objetivos a predominância das atividades
político-administrativas sobre os povos, que têm servido como massa de manobra,
inclusive sendo submetido a massacres, a exemplo do que acontece com o regime
bolivariano, em absurdo e esdrúxulo nome do fortalecimento da democracia.
Urge que a sociedade tupiniquim se desperte para as
reais precariedades político-administrativas da Venezuela, país que conta com a
simpatia do governo brasileiro, cujo regime bolivariano submete o povo daquele
país a cruéis violências e métodos de truculência social, não somente com o
menosprezo à liberdade de expressão e aos direitos humanos, mas, sobretudo, com
a sujeição ao racionamento dos bens de primeira necessidade, que são vendidos
sob filas em supermercados e registros indeléveis nos braços das pessoas, em
nítida demonstração de tirania e de escravidão, conquanto o resto da humanidade
avance embalado com a modernidade do século XXI, enquanto ali, o retrocesso
humano é equiparável aos tempos remotos do subdesenvolvimento à execrável moda
cubana.
O povo brasileiro não pode olvidar as péssimas
lições de desumanidade praticadas pelos governos socialistas, materializadas
perversamente pelas tiranias de dominação e de perenidade no poder,
trasvestidas de medidas assistencialistas e populistas, como forma capciosamente
enganadora da conquista da confiança da população, embora com indisfarçáveis
objetivos de absoluta soberania do Estado. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 05 de dezembro de 2014
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