sábado, 6 de dezembro de 2014

O silêncio criminoso

Uma ex-deputada venezuelana, cassada por fazer oposição ao governo desse país e por ter sido acusada, no início deste ano, de ter conspirado para assassinar o presidente da República, tendo por base provas forjadas e falseadas, por ocasião do estremecimento da Venezuela, por protestos estudantis, denuncia que recebe ameaças terríveis, a polícia política lhe segue o tempo todo e as companhias aéreas estatais não lhe vendem passagens.
Ela disse ter medo de que a destruição do país siga adiante, com crianças morrendo nos hospitais, por falta de remédios, mulheres que compram leite têm que ser humilhadas com marcas no braço, para fazer fila, e a situação do país é aterrorizante, diante das violentas e truculentas repressões das forças militares.
A ex-deputada reconhece a inquestionável liderança política do Brasil na região, tendo percebido que as instituições democráticas funcionam normalmente, com a autonomia dos poderes da República, em respeito às práticas democráticas, mas ela considera inconcebível que não haja coerência entre as políticas interna e externa, a exemplo do Itamaraty, que tem influência sobre o regime imposto na Venezuela, cujo governo busca espaços internacionais para legitimar as violações no país.
Na opinião dela, o Brasil deve dizer a verdade, inclusive apoiando os termos de uma carta democrática interamericana, assinada na Organização dos Estados Americanos, constando que a Venezuela viola os direitos humanos, de maneira sistemática. Por sua vez, ela ressalta a existência de relatório da Organização das Nações Unidas sobre torturas na Venezuela, em escala devastadora. Ela nutre esperança de que a presidente brasileira conheça o teor desse relatório, para que a sua indiferença de hoje não venha a ser reconhecida como cumplicidade, porque a história há de julgar pela omissão dos governantes.
A ex-deputada entende que é indispensável que haja protestos contra o regime antidemocrático venezuelano, onde inexiste separação de poderes, liberdade de expressão e respeito aos direitos humanos, sendo que estes dois últimos conceitos são violados às claras. Além disso, há torturas aos estudantes e presos políticos e falta de respeito à propriedade privada.
Na atual situação de precariedade da Venezuela, não há a menor dúvida de que o Brasil não é o país ideal para a ex-deputada venezuelana pedir socorro para aconselhamento do governo daquele país, tendo em vista que a mandatária brasileira tem simpatia para com as mesmas práticas deletérias impostas contra a sociedade venezuelana, em consonância com o espírito de dominação a partir do Foro de São Paulo, que tem como princípio fundamental o fortalecimento de governos socialistas na América Latina, marcados pela absoluta sede de soberania sobre os povos e perenidade no poder, não importando os fins para serem atingidos os meios, a exemplo dos instrumentos de violência e de desrespeito aos direitos humanos e à liberdade de expressão.
Ante as declarações e os apoios mútuos, em demonstração de reciprocidade quanto à forma de governo, fica muito claro que o Brasil não é um país confiável para se pedir proteção contra a falta de democracia, porque existe claro vínculo voluntarioso de amizade que une os governos brasileiro, venezuelano, cubano, boliviano, equatoriano e outros que se uniram para o fortalecimento do eixo de dominação socialista das Américas, encabeçada pela tirania cubana, que vem prestando especial assessoramento estratégico, tendo por claros objetivos a predominância das atividades político-administrativas sobre os povos, que têm servido como massa de manobra, inclusive sendo submetido a massacres, a exemplo do que acontece com o regime bolivariano, em absurdo e esdrúxulo nome do fortalecimento da democracia.
Urge que a sociedade tupiniquim se desperte para as reais precariedades político-administrativas da Venezuela, país que conta com a simpatia do governo brasileiro, cujo regime bolivariano submete o povo daquele país a cruéis violências e métodos de truculência social, não somente com o menosprezo à liberdade de expressão e aos direitos humanos, mas, sobretudo, com a sujeição ao racionamento dos bens de primeira necessidade, que são vendidos sob filas em supermercados e registros indeléveis nos braços das pessoas, em nítida demonstração de tirania e de escravidão, conquanto o resto da humanidade avance embalado com a modernidade do século XXI, enquanto ali, o retrocesso humano é equiparável aos tempos remotos do subdesenvolvimento à execrável moda cubana.
O povo brasileiro não pode olvidar as péssimas lições de desumanidade praticadas pelos governos socialistas, materializadas perversamente pelas tiranias de dominação e de perenidade no poder, trasvestidas de medidas assistencialistas e populistas, como forma capciosamente enganadora da conquista da confiança da população, embora com indisfarçáveis objetivos de absoluta soberania do Estado. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 05 de dezembro de 2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário