O
ex-presidente da República petista teve a iniciativa de conclamar seus companheiros
a sair da defensiva e ajudar a sua sucessora, por entender que ela enfrenta tentativa
de golpe. Ele disse que o partido é a "bola
da vez", previu tempos difíceis pela frente e afirmou que ninguém deve
pensar agora na eleição de 2018. Como de costume, o petista criticou a elite e
os meios de comunicação e pediu aos companheiros que não aceitassem a pecha de
corruptos.
Diante
de auditório repleto, o ex-presidente solicitou que os petistas se transformem
em "Dilma" para defendê-la
em todos os cantos, porque "Ninguém
aguenta uma passeata um dia sim e outro também. Deixem a mulher trabalhar,
gente! Ela tem que se preocupar em governar o país".
O
petista declarou que a elite não aceita o PT porque o partido cometeu o
"crime" de melhorar a vida da população: "Querem sistematicamente destruir o nosso partido. Eles começaram a
ficar apavorados com a perspectiva de quinto mandato, mas ninguém tem de pensar
em 2018. Eu não sou melhor do que ninguém, mas se enfiar todos eles um dentro
do outro eles não são mais honestos do que eu.".
Na
avaliação do ex-presidente, a imprensa já condenou o PT na Operação Lava Jato.
E disse que: "A gente reclama das
investigações? Não. A gente reclama da interpretação das investigações. Daqui a
pouco vão querer saber a cor e a qualidade do papel higiênico que se usa no
Palácio".
O
ex-presidente recomendou que os petistas dissessem exaustivamente que a sigla
foi quem mais combateu a corrupção, a par de se manifestar preocupado com a
imagem do PT, tendo orientado os companheiros para não "aceitarem calados" os "desaforos" da oposição.
Não é
verdade que a imprensa tenha condenado o partido do governo que, de forma
melancólica e indiscutível, afundou o país com a sua ganância e agressividade
contra o patrimônio público, a exemplo da perversidade praticada contra a
Petrobras, que foi impiedosa destruída mediante malévolos esquemas de desvio de
recursos públicos jamais vistos na história republicana.
É
induvidoso que o PT foi condenado por suas próprias atitudes, em razão de ter,
de forma inescrupulosa, promovido o audacioso reaparelhamento da estatal com
políticos da base de sustentação do governo, tendo por finalidade a construção
de “dutos” para a canalização de dinheiros para os cofres de partidos do PT,
PMDB e PP, segundo os depoimentos à Justiça Federal pelo ex-diretor da estatal,
em flagrante desmoralização dos princípios da dignidade e da honorabilidade.
Ao atribuir
a pecha de ter condenado pela imprensa, em face das graves irregularidades
protagonizadas na Petrobras, o PT comete graves crimes de injustiça e prepotência,
pela tentativa de transferir a culpa da delinquência a quem apenas cumpre o
dever de informar e denunciar os fatos delituosos contra a administração
pública, que, no caso em comento, são altamente prejudiciais aos interesses
petistas, porquanto falta dignidade para o reconhecimento sobre a sua culpa
pelas falcatruas, que foram capazes simplesmente de arrasar o elevado conceito
da principal empresa brasileira.
Ao
declarar que a imprensa já condenou as graves irregularidades cometidas pelo
PT, o ex-presidente simplesmente demonstra, de maneira reiterada, prepotência e
arrogância de quem não tem humildade para reconhecer a culpa pelos desastres
gerenciais de seu governo, que são absolutamente notórios, à vista dos fatos
cristalinos, incontestáveis e robustamente comprováveis pelas investigações
amplamente divulgadas, mostrando que integrantes dos mencionados partidos se
uniram para golpear os cofres da estatal.
A
imprensa é totalmente incapaz de condenar fatos, haja vista que essa
competência é privativa da Justiça, que vem cumprindo sua missão constitucional
e legal, embora os corruptos passivos, compostos por dezenas de políticos
inescrupulosos, segundo afirmação do ex-diretor da estatal, ainda estejam ao
largo das investigações sobe esse escandaloso caso de desvio de recursos
público.
Somente a
Justiça tem competência para julgar os crimes contra a administração pública e,
quando chegar esse momento, certamente ficará provado que a imprensa apenas
divulga os fatos irregulares protagonizados pelo PT e alguns partidos aliados,
em clara demonstração de que houve gestão irresponsável do patrimônio da
Petrobras, que foi dura e impiedosamente castigado por quem tinha a obrigação
de zelar por sua integridade.
Não há a
menor dúvida de que teria sido muito mais elegante e justo se o petista tivesse
tido a dignidade de reconhecer os erros e as incivilidades protagonizadas pela
gestão do seu partido na estatal e de mostrar as medidas efetivamente adotadas
para combatê-los.
À vista
dos fatos trazidos à lume, fica claro que governo não soube honrar a
representatividade delegada pelos brasileiros, que, na sua maioria, têm sido
completamente irresponsáveis e lenientes com as irregularidades e as corrupções
sistêmicas e endêmicas, por respaldarem a continuidade de administração
temerária e deletéria, conforme demonstram as investigações objeto da Operação
Lava Jato, com a clara indicação do desvio de bilhões de reais.
É de se
lamentar que importante político tenha a insensibilidade de exigir de seus
correligionários a defesa da corrupção no governo, pedindo que eles não “aceitem desaforos”, como se
irregularidades, corrupções, com graves prejuízos aos cofres públicos não
passassem de meros atrevimentos, ofensas, dando a entender, com clareza, o grau
da falta de responsabilidade para com a res
publica, ou seja, nenhum sentimento de zelo pelo patrimônio dos brasileiros.
Também não
é verdade que o PT tenha sido capaz de combater, mesmo minimamente, a corrupção,
visto que não há uma só medida que demonstre a assertiva do petista, à vista da
manutenção do status quo na direção da
estatal, mesmo após as denúncias de irregularidades, que implicariam a
exoneração completa dela, e à falta de resultado das investigações que deveriam
ter sido promovidas pelas Comissões Parlamentares de Inquérito, a cargo do
Congresso Nacional, compostas por maioria de governistas, que paralisaram os
trabalhos pertinentes no período da campanha eleitoral e depois dele, cujos
resultados não indicaram nenhuma culpabilidade pelas irregularidades.
É
muito estranho que, apesar das evidências das falcatruas, ainda apareça
importante político para se passar de vítima e culpar a elite de não aceitar que o partido tenha
cometido o "crime" de
melhorar a vida da população, como se esse “crime” representasse algo
sobrenatural e fosse motivo mirabolante capaz de abonar as irregularidades na
administração do país.
O
certo é que, além de não haver combate a coisa nenhuma, no governo petista, as
colunas policiais nunca deixaram de publicar irregularidades na administração
pública, cujas denúncias sempre surgiram da imprensa, da Polícia Federal e do
Ministério Público, mas jamais o governo teve a iniciativa de apurar ou
combater qualquer ato irregular, fato que contraria as reiteradas alegações
governistas de que nunca houve tanto combate à corrupção, quando as evidencias são
apenas no sentido que, na história republicana, é alarmante a reincidência das
irregularidades com dinheiros públicos no governo petista, justamente pela falta de
efetividade e eficiência de controles e fiscalização sobre os gastos públicos.
A
sociedade, no âmbito da sua responsabilidade cívica e patriótica, tem o dever
de repudiar e recriminar, com veemência, as desatinadas afirmações de haver
combate às corrupções, de condenação do partido pela imprensa e de apologia à
corrupção, quando se orienta correligionários para não aceitarem “desaforos”,
porquanto isso, à toda evidência, não corresponde à realidade dos fatos, que
são, ao contrário, absolutamente desalentadores e prejudiciais aos interesses
nacionais, que deveriam ser analisados sobre a responsabilidade exatamente na
forma da extensão da sua materialidade e dos seus reflexos na gestão da
Petrobras, que não pode ficar à mercê de discursos levianos, na tentativa de
atribuir à imprensa a condenação do PT por fatos notoriamente da inteira
culpabilidade desta agremiação, que não tem a dignidade de assumi-la, de fato e
de direito, eis que o seu envolvimento é indiscutível, conforme mostram os
resultados das investigações, que são incontestáveis, à vista da robusteza dos fatos
apurados e divulgados à sociedade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 13 de dezembro de 2014
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