sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

A construção das inverdades

O ministro da Secretaria Geral da Presidência da República buscou inspiração sabe lá onde para dizer que a presidente da República tem disposição para valorizar o diálogo com o povo, dar prioridade aos pobres e combater diuturnamente a corrupção.
Ele afirmou, de forma enfática, no 2º Encontro Nacional de Povos e Comunidades Tradicionais, realizado em Brasília, que "Essa mulher (a presidente do país) luta contra a corrupção dia e noite e gosta dos pobres. O governo sempre vai estar ao lado das comunidades, ao lado do povo, e não importa o Congresso derrubar o decreto da presidente porque a participação popular vai continuar".
O petista ressaltou que, no passado, bilhões de reais se destinavam ao pagamento da dívida, mas, nos governos petistas, o dinheiro começou a ser empregado na distribuição de renda. Ele disse que "É isso que as elites não engolem. O dinheiro era destinado só aos grandes e agora começou a voltar para os pobres. É por essa lógica que as elites têm tanto ódio. Esse ódio que apareceu na eleição e que a imprensa traduziu de forma tão terrível".
O ministro afirmou que a presidente petista tem "coração valente", tendo enfrentado as elites, e que, nas últimas eleições, o povo "teve juízo" e votou nela, em que pese o resultado ter sido bastante apertado.
É impressionante como o petista tenta distorcer a realidade dos fatos, quando se refere ao pagamento das dívidas internas e externas brasileiras, dizendo que esse dinheiro se destinava aos ricos, mas, na visão dele, os governos petistas conseguiram reverter o processo para mandar os recursos para os pobres.
À toda evidência, essas palavras não passam de assertivas hipócritas e irresponsáveis, porque a verdade diz que as dívidas e os juros nos governos petistas triplicaram de forma escandalosa e irresponsável, porque os gastos públicos são visivelmente manipuláveis e incontroláveis, a exemplo do estouro da meta fiscal, com o superávit primário sendo mando literalmente para o brejo da incompetência, fato que contradiz a argumentação em causa, por não ter a menor lógica nem sustentação plausível, que somente serve para atiçar ainda mais a insuportável indisposição criada pelo PT entre os pobres e as elites, como se ele não pertencesse a esta classe, que vem sendo menosprezada por conveniência estritamente política.
A afirmação do ministro é muito estranha e absurda, por fazer apologia à discriminação que foi instituída pelo PT, ao insistir com essa esdrúxula ideia da existência de ódio que as elites têm sobre os pobres, que nada mais é do que mesquinha e suja forma de se fazer política, procurando denigrir a imagem de quem não concorda com a ideologia ultrapassada e desgastada do seu partido, porque a filosofia petista, à toda evidência, à vista das colocações do ministro, não condiz com os princípios democráticos, que asseguram amplas liberdades, inclusive políticas.
Também não é verdade que, ao reeleger a presidente do país, o povo “teve juízo”, porque o resultado do pleito eleitoral deixou bastante evidente a exata falta de juízo do povo, que votou nela possivelmente por não ter precisa informação sobre a realidade político-administrativa do país, que vem sendo governado, aos trancos e barrancos, de forma temerária, à vista da predominância da incompetência gerencial, a exemplo do terrível e ridículo desempenho econômico e da predominância de irregularidades na gestão dos recursos públicos, que dizimaram parcela significativa do patrimônio da Petrobras, que teve seus cofres assaltados ruidosamente por integrantes do PT, PMDB e PP, partidos governistas, conforme denúncias constantes dos depoimentos do delator da delação premiada, ex-homem forte da estatal, principal integrante do esquema criminoso das propinas.
Os fatos irregulares e as precariedades do governo são sempre omitidos do povo, de forma cuidadosa, mas os ministros, como caso em comento, fazem questão de mostrar a face irreal e inverídica da administração do país, inclusive com informações que procuram denigrir e desconstruir a dignidade das instituições, pessoas e entidades que contrariem seu projeto de perenidade no poder.   
Não há a menor dúvida de que as colocações do petista ofendem a inteligência e a dignidade dos brasileiros, por menosprezarem a sua capacidade sobre a avaliação quanto à realidade dos fatos, que são diametralmente contrários aos mostrados por ele.
A verdade é que o PT e a presidente do país gostam tanto dos pobres que tudo fazem para mantê-los em permanente estado de pobreza, com a potencialização do assistencialismo do Bolsa Família, cujos recursos poderiam ser canalizados para programas de valorização dos mesmos beneficiários, mediante ocupação que levassem ao emprego e à produção, de modo a dignificar o ser humano.
A presidente do país gosta mesmo é dos votos das comunidades tradicionais, que a convidaram para o encontro, mas ela mandou seus ministros, sendo que um dos quais aproveitou o ensejo para endeusar a petista, atribuindo-lhe atributos sabidamente inexistentes e surreais.
Não é verdade que a presidente combata a corrupção nem de dia e muito menos de noite, porque não existe um único ato que ela tenha determinado como medida saneadora com relação ao petrolão, pois não se tem notícia sequer que ela tenha demitido da Petrobras alguém que integra o vergonhoso aparelhamento da estatal, com apaniguados dos partidos que se beneficiaram das propinas, segundo os termos dos depoimentos dos delatores da delação premiada.
Além de não ter movido uma pena para exigir que a bancada do seu partido no Congresso Nacional agilizasse as investigações constantes das Comissões Parlamentares de Inquérito, que agonizam diante da vergonhosa paralisação imposta desde o início da campanha eleitoral, aliado ao vexaminoso fato de também ter deixado de quebrar o sigilo de importantes correligionários, por blindagem do PT e dos aliados. 
Induvidosamente, não existe uma só ação que a presidente tenha determinado com relação às apurações pertinentes aos escândalos da Petrobras. Quando a gostar dos pobres, isso realmente é outra tremenda inverdade, porque a presidente gosta é mesmo dos seus votos, tanto que ela turbinou, de forma absurda, o programa do assistencialismo popular, que, pasmem, conta com simplesmente 56 milhões de beneficiários, mais de um quarto dos brasileiros, que, em recompensa desse programa populista, a presidente obteve maciça votação, não por ela valorizar o povo, mas sim por ela trabalhar em prol da perenidade no poder, apenas.
          É lamentável que falte sinceridade aos homens públicos, dando a entender que as pessoas conscientizadas sobre a realidade da administração do país são débeis mentais e imbecis, porque estes enxergam os fatos sob o prisma apenas da verdade, que não condiz com a versão do ministro petista, quando procura mostrar qualidades que a presidente não possui, ante a deficiência da administração dela, que os petistas ainda se vangloriam mesmo diante do descalabro evidenciado nos resultados da gestão da petista.
A sociedade, no âmbito da sua responsabilidade cívica, não pode compactuar com inverdades e falácias jogadas ao vento, como forma de menosprezo à inteligência dos brasileiros, que não merecem continuar sendo enganados e manipulados, porque somente a verdade é capaz de contribuir para o fortalecimento e consolidação dos princípios da dignidade e da honestidade político-administrativa. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 04 de dezembro de 2014

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