sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Desempenho nem razoável


Segundo pesquisa Ibope divulgada recentemente, a administração da presidente da República tem a aprovação de 40% dos entrevistados, levando em conta os percentuais que reúnem a avaliação do governo com os indicativos de “ótimo” ou “bom”.

O levantamento em apreço foi encomendado pela Confederação Nacional da Indústria, tendo abrangido 2.002 pessoas ouvidas, em 142 municípios. De acordo com a CNI, na pesquisa anterior, divulgada em setembro último, a aprovação do governo teria sido de 38%.

Na última pesquisa – realizada durante a campanha presidencial –, 28% dos entrevistados avaliaram a administração da petista como "ruim" ou "péssima". Já 33% consideraram a gestão dela "regular".

A pesquisa em tela revela que 51% dos entrevistados disseram ter confiança na presidente do país; 44% afirmaram não confiar nela; e 5% não souberam ou não opinaram.

É bastante estranho e muito controverso o critério de apuração dos percentuais das preferências colhidas por área de atuação do governo, porque a desaprovação da presidente é gritante, em quase todos os itens, refletindo percentual bem inferior a 40%, a exemplo de “Taxa de juros: Aprova: 25% - Desaprova: 68% - Não sabe/não respondeu: 6%; Combate ao desemprego: Aprova: 42% - Desaprova: 54% - Não sabe/não respondeu: 4%; Segurança pública: Aprova: 27% - Desaprova: 71% - Não sabe/não respondeu: 3%; Combate à inflação: Aprova: 27% - Desaprova: 69% - Não sabe/não respondeu: 4%; Combate à fome e à pobreza: Aprova: 54% - Desaprova: 43% - Não sabe/Não respondeu: 3%; Impostos: Aprova: 24% - Desaprova: 72% - Não sabe/não respondeu: 4%; Meio ambiente: Aprova: 40% - Desaprova: 54% - Não sabe/não respondeu: 6%; Saúde: Aprova: 26% - Desaprova: 71% - Não sabe/não respondeu: 3%; Educação: Aprova: 41% - Desaprova: 56% - Não sabe/não respondeu: 3%; Percepção do noticiário sobre o governo: Mais favoráveis: 15% - Nem favoráveis nem desfavoráveis: 27% - Mais desfavoráveis: 44% - Não sabe/não respondeu: 13%; Comparação do governo Dilma com o governo Lula: Melhor: 14% - Igual: 45% - Pior: 39% - Não sabe/não respondeu: 3%.”.

Não se sabe ao certo qual o verdadeiro critério utilizado para se chegar a 40% de aprovação do governo, quando os percentuais de desaprovação são claros e bem elevados, muitos dos quais variam entre 70%, a exemplo de taxa de juros, segurança pública, combate à inflação, impostos, saúde, que são, na realidade, as políticas governamentais mais importantes, que, no geral, se confundem com as demais avaliações, cujo percentual global significa, em última análise, que o governo realmente vem administrando o país com competência muito abaixo do razoável.

Na realidade, o desempenho do governo é bastante sofrível, notadamente porque as áreas avaliadas, conforme consta da publicação da pesquisa, demonstram atuação muito abaixo da crítica e do percentual de 40% supracitado, sem haver explicação para a ausência da avaliação sobre importantes e cruciais áreas de atuação do governo, a exemplo da condução da economia e do combate à corrupção, que são os calcanhares de Aquiles do governo, porquanto o desempenho econômico é simplesmente lastimoso, ante os decepcionantes indicadores dos resultados obtidos pela equipe econômica, mostrando que o crescimento do país, este ano, se aproxima de desconfortável e inadmissível zero, ou seja, crescimento de absolutamente nada, demonstrando completa ineficiência, precariedade das políticas econômicas.

Por seu turno, o governo deixou muito claro que falhou redondamente no combate à corrupção, ao descurar sobre eficiência e eficácia dos controles e da fiscalização com relação aos gastos públicos, permitindo que a fragilidade nesse particular propiciasse gigantescos desvios de recursos da maior empresa pública, causando enormes prejuízos aos patrimônios público e de investidores, além da significativa perda do valor das ações da estatal, cujos atos delituosos tiveram a efetiva participação de integrantes do PT, PMDB e PP, partidos governistas, que se organizaram em conluio para desviar dinheiros para seus cofres, conforme depoimentos à Justiça Federal do ex-diretor da Petrobras e do doleiro, que se encontram presos.

Não há a menor dúvida de que a pesquisa em apreço não corresponde à realidade dos fatos, ante a nítida parcialidade sobre as áreas avaliadas, que, ao contrário, refletem, em substância, total desaprovação do governo, que certamente não teria nem a metade do percentual de aprovação caso a sua avaliação constasse a atuação na área da economia e no combate à corrupção, que são os setores com maior potencial de deficiência do governo, nos quais ele demonstrou incapacidade para mostrar resultados efetivamente satisfatórios, em termos de atuação em benefício do interesse público.

O certo é que o resultado da pesquisa, além de acenar para possível finalidade tendenciosa, quando deixa de abranger a integridade da atuação do governo, nas áreas críticas, como economia e combate à corrupção, ainda possibilita à presidente da nação imaginar que ela estaria administrando de forma satisfatória o patrimônio dos brasileiros, quando, na verdade, os fatos mostram que não é exatamente isso que ocorre, porque as precariedades e as deficiências da execução das políticas públicas apontam para outra realidade trágica e desastrosa, em dissonância com as potencialidades e as riquezas do país, que se gerenciadas com competência e eficiência, o Brasil não estaria atravessando tamanha dificuldade no desempenho econômico e no combate à corrupção, sendo que esta foi gerada nas entranhas de partidos governistas, à vista das afirmações de pessoas envolvidas com as irregularidades na estatal.

Compete à sociedade repudiar e desaprovar, com veemência, os resultados de pesquisas tendenciosas e contrárias à realidade dos fatos, por mostrarem prejudiciais ao interesse público, exatamente por não refletirem avaliações consentâneas com a verdade sobre a administração do país. Acorda, Brasil!
 

ANTONIO ADALMIR FERNANDES

 
          Brasília, em 25 de dezembro de 2014

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