segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Execrável fisiologismo

A escolha dos novos ministros pela presidente da República apenas reforça o que tudo mundo já sabe, que o governo continua sendo refém dos partidos da coligação denominada de governabilidade, que consiste no inarredável recebimento de apoio dos aliados sob a troca de cargos dos ministérios - que certamente, em termos de quantidade, são mundialmente insuperáveis, exatamente 39, muitos dos quais completamente inúteis e dispensáveis – e das empresas estatais.
Para manter os aliados a seus pés, a presidente brasileira continua praticando o surrado procedimento conhecido pela prática do toma lá, dá cá, em verdadeiro balcão de negociata com recursos públicos, pela irracional entrega de ministérios em troca de apoio político no Congresso Nacional, havendo nisso envolvimento de dinheiros dos bestas dos contribuintes, que são comprometidos em a menor preocupação de haver parcimônia no que diz respeito com as despesas públicas, apesar dos descontroles mostrados com relação ao superávit primário, quando foi inobservado o princípio do salutar controle da meta fiscal, estabelecido na Lei de Diretrizes Orçamentárias, por força do disposto na até então consagrada Lei de Responsabilidade Fiscal, cujos princípios de administração orçamentário-financeira foram jogados literalmente para o espaço sideral.
Apesar das fortes evidências da escrachada e inescrupulosa prática do uso do fisiologismo partidário na escolha dos novos ministros, a avaliação de governista é no sentido de que as indicações expressam nada mais nada menos a confirmação da coalizão com a qual a presidente do país se dispõe a administrar a nação, com base em escolhas de nomes capazes de consolidar a sustentação confiável de seus auxiliares, em nome da coalizão com responsabilidade, partindo do princípio de que a presidente foi vitoriosa nas urnas, que lhe deram o direito de firmar as diretrizes e metas de governabilidade com os aliados fiéis na campanha eleitoral, da maneira que mais lhe aprouver.
O certo foi é que foi mantido o já tradicional loteamento político, que jamais poderia ter sido menosprezado logo agora, nesse momento crucial que a presidente é obrigada a tomar importantes decisões quanto à composição do seu novo ministério. O fator complicador surgiu com as alterações ocorridas em alguns partidos, com o aumentou do tamanho de suas bancadas no Congresso Nacional, fato que influencia bastante o peso do poder de barganha, por passar a exigir mais agrado com nova configuração, resultante na busca da ampliação de cargos envolvidos nas nebulosas negociatas políticas, em consonância com o espúrio fisiologismo que se tornou praxe no governo, em completo ferimento aos salutares princípios da moralidade e dignidade que necessariamente devem imperar nas Repúblicas sérias e responsáveis com o zelo da coisa pública.
O carimbo do nefasto fisiologismo governamental fica evidente com a aprovação de ilustre desconhecido deputado do PRB, inclusive com seu nome passado nas páginas policiais, para o ministério do Esporte, ficando clara a total falta de critério de competência e de experiência na área dos desportos.
A marca imperante do fisiologismo já se consolidou no âmbito do governo, que sempre se pautou como forte incentivador dessa prática condenável na administração pública, por seu significado contrário aos princípios da moralização e da legalidade com relação ao gerenciamento de recursos públicos, que não se coaduna com medidas de notoriedade espúria e questionável, quando a composição administrativa denominada coalizão de governabilidade deveria primar exclusivamente pelo conceito de legitimidade, com explícita renúncia ao execrável o loteamento de ministérios e empresas estatais entre os partidos que formam a sua base se sustentação no Congresso Nacional.
De tanto se debater sobre essa matéria mídia, o loteamento político tem funcionado em benefício do projeto político de perenidade no poder, cuja mentalidade contraria por completo os princípios da dignidade, moralidade e legalidade na administração pública, à vista do envolvimento e da participação de recursos públicos, em visível comprometimento da eficiência da competência na prestação dos serviços públicos, que ficam prejudicados em razão da sua deficiência e precariedade.
Urge que a sociedade se manifeste contrariamente à escolha de ministros apenas pelo critério do fisiologismo ideológico-partidário, em função exclusivamente do apoio político à presidente da República, que tem a obrigação constitucional e legal de primar pela rigorosa observância dos princípios da dignidade, legitimidade e honestidade na aplicação dos recursos públicos, no que diz respeito à necessidade de parcimônia e austeridade com o enxugamento da máquina pública, fato que não vem sendo inobservado, em razão da existência de 39 ministérios, muitos dos quais desnecessários e inoperantes, que têm a função de servir de acomodação política, em atendimento a interesses pessoais e partidários. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 28 de dezembro de 2014

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