quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Repúdio aos fatos facciosos

Segundo noticiário publicado na mídia, a Venezuela entrou em recessão no ano de 2014, com queda do Produto Interno Bruto durante três trimestres consecutivos, e registrou, em novembro, inflação anual recorde de 63,6%, conforme levantamentos informados pelo Banco Central da Venezuela (BCV).
O PIB teve contração, no terceiro trimestre, de 2,3%, dando sequência às quedas de 4,8% e 4,9% no primeiro e segundo trimestres do ano, respectivamente. Por sua vez, em novembro, a inflação atingiu o patamar de 4,7%, totalizando 63,6% nos últimos 12 meses.
A situação venezuelana foi agravada, com maior intensidade, em razão do contexto negocial do petróleo, que sofreu forte queda nos preços em 2014, exatamente por se tratar do principal produto de exportação daquele país, sendo a sua fonte vital de divisas.
Um economista, ex-gerente de Pesquisas Econômicas do BCV, afirmou que, "Desde o segundo trimestre já estávamos em recessão. Dois trimestres consecutivos de queda na economia é tecnicamente uma recessão".
Durante 2014, a escassez crônica de divisas levou o país a enfrentar desabastecimento de produtos básicos e crescente inflação, em que pese ele possuir uma das maiores reservas de petróleo do mundo.
É bem provável que parte do cenário catastrófico da economia venezuelana possa ser explicada pela queda de 12,3% nas importações do setor privado, em uma economia que depende da importação de alimentos e medicamentos, entre outros produtos de primeira necessidade.
Diante da situação periclitante da economia venezuelana, um importante interlocutor do BCV, teria afirmado que os resultados do PIB e da inflação são fruto dos protestos da oposição, ocorridos entre fevereiro e maio deste, que "impediram a distribuição de bens básicos à população e a produção normal de bens e serviços, com a consequente alta inflacionária e a queda da atividade econômica".
Como se vê, tanto na Venezuela como no país tupiniquim, normalmente a culpa pelos insucessos e fracassos no desempenho do governo é sempre atribuída à oposição, que não aceita o surgimento de governo popular, socialista, que procurar cuidar muito bem do povo. Ou seja, trata-se justificativa desbotada, sem a menor credibilidade, quando se sabe que a crise econômica, tanto lá como cá, é fruto da falta de habilidade, para não dizer de incompetência administrativa, para lidar com as questões que afetam a economia mundial, a par da falta de transparência do governo que contribui, de forma decisiva, para o subdesenvolvimento social, político, econômico e democrático.
Recentemente, a presidente do Brasil, em entrevista a emissoras chilenas, disse, a propósito do lamaçal pútrido que tomou conta da gestão da Petrobras, que a Polícia Federal desconfia que a roubalheira tenha origem ainda no governo tucano, conquanto o ex-diretor de Abastecimento da estatal, em depoimentos à Justiça Federal, afirmou que o esquema fraudulento, que conseguiu desviar bilhões de reais da empresa, inclusive para os cofres do PT, PMDB e PP, foi implantado exatamente a partir da nomeação dele para o citado cargo, deixando claro que a corrupção na estatal é marca patenteada deste governo, que não tem o menor escrúpulo de insinuar sobre a participação de outro governo.
Agora, é impressionante como ainda tem gente que acredita piamente nessas tresloucadas e absurdas acusações sob pseudodesculpas de se atribuir a culpa pela incompetência gerencial do governo àqueles que estão tentando prestar importantes serviços públicos de esclarecimentos, no sentido de mostrar exatamente a realidade dos fatos que o povo abestado e fanatizado insiste em fazer questão de não enxergar o que está acontecendo de nefasto contra a sociedade, cuja parcela expressiva se encontra entorpecida pelos programas sociais com viés assistencialista e populista, tendo por exclusiva finalidade fazê-la acreditar nas informações oficiais, como se elas tivessem algum fundo de verdade senão para mostrar ao que interessa ao governo, em seu exclusivo benefício e em prejuízo das causas nacionais.
Enquanto esse processo de facciosismo se harmoniza com as vontades da classe política dominante, o país simplesmente é empurrado cada vez mais e com muito afinco para o furacão do subdesenvolvimento social, econômico, político e democrático, sendo incapaz de reverter à situação caótica e desesperadora, justamente porque o estado deplorável e devastado é o objetivo almejado pela força poderosa da dominação política, que tem interesse que o caos se intensifique e se instale, para que os algozes do povo possam pousar como heróis e salvadores da pátria, em meio ao teatro bufo montado por eles.
Compete à sociedade resistir aos sistemas políticos que distorcem a realidade dos fatos, tendo por objetivos a prestação de informações facciosas e inverídicas, com o nítido propósito de contribuir para a perenidade no poder, sob o pagamento de elevados preços envolvendo a perda da liberdade individual, dos direitos humanos e dos princípios democráticos e, enfim, do desenvolvimento social, político, econômico e democrático. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
          Brasília, em 30 de dezembro de 2014

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