sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

O horror da carga tributária

Conforme informações da Secretaria da Receita Federal, o Produto Interno Bruto (PIB) totalizou, no exercício de 2013, a cifra de R$ 4,844 trilhões e a arrecadação dos tributos desembolsados dos brasileiros atingiu a cifra de R$ 1,741 trilhão.
A carga tributária do Brasil, que é uma das maiores do mundo, bateu novo recorde em 2013, chegando a representar 35,95% do PIB, enquanto em 2012 ela correspondeu a 35,86% do PIB. A carga tributária da União tem a representatividade de 68,92% em relação à arrecadação total do país, contra 69,06% em 2012.
          Levantamentos promovidos pela Receita Federal mostram que, em comparação aos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o Brasil está em 13º lugar em termos da carga tributária, perdendo para a Dinamarca (48%), França (45,3%), Itália (44,4%), Suécia (44,3%), Finlândia (44,1%), Áustria (43,2%), Noruega (42,2%), Hungria (38,9%), Luxemburgo (37,8%), Alemanha (37,6%), Eslovênia (37,4%) e Islândia (37,2%). Na América do Sul, o Brasil perde apenas para a Argentina, com 37,3%.
Ou seja, a riqueza produzida no Brasil, em 2013, é representada por 35,95% somente de tributos pagos pelos brasileiros, que são responsáveis pela sustentação de uma das mais pesadas cargas tributárias - valor dos tributos pagos pelos cidadãos e pelas empresas, em proporção ao Produto Interno Bruto.
Segundo estudo do IBPT, tendo por base a economia de 30 países, o Brasil continuou sendo, em 2012 (último dado disponível para comparação internacional), o país que proporciona o pior retorno dos valores arrecadados em prol do bem estar da sociedade. Essa entidade avaliou que, "Com 36% do Produto Interno Bruto (PIB) em impostos, era de se esperar que o Brasil tivesse serviços públicos amplos e de qualidade. Mas,  como todo brasileiro sabe, isso está longe de ser uma realidade".
Ainda na avaliação do IBPT, estão no topo do ranking dos países que proporcionam o melhor retorno dos impostos pagos pelos cidadãos os Estados Unidos, a Austrália e a Coreia do Sul. A entidade "Chama a atenção para a ascensão da Bélgica, que foi do 25º para o 8º lugar. O Brasil continua na última posição, logo atrás de Itália, Dinamarca e França. O Uruguai ficou na 8ª posição e a Argentina na 24ª".
À toda evidência, o peso da carga tributária brasileira é inversamente proporcional à qualidade dos serviços públicos prestados à população, ou seja, impõe-se enorme sacrifício aos contribuintes, compatível aos países de primeiro mundo, mas a contraprestação do Estado se equipara aos países sem nenhuma categoria, em evidente demonstração do desprezo do governo à sociedade.
Além dessa constatação, o governo é responsável pelo enorme desperdício de recursos públicos, em razão da falta de priorização das políticas públicas e, notadamente, na manutenção da máquina pública, visivelmente abarrotada de órgãos e cargos públicos absolutamente dispensáveis e inúteis, mantidos com a finalidade de satisfazer as espúrias e inescrupulosas coalizões de governabilidade, que consistem no loteamento de ministérios e empresas estatais entre os partidos da base de sustentação do governo no Congresso Nacional, sem a menor preocupação com a eficiência dos serviços públicos prestados pelo Estado.
Essa esdrúxula situação de recorde da arrecadação de tributos contradiz a verdadeira realidade brasileira de penúria nos atendimentos dos serviços públicos, por denotarem que nenhuma atividade pública satisfaz os requisitos de qualidade mínima capaz de merecer o reconhecimento da sociedade, porquanto a deficiência e a precariedade são as marcas presentes na saúde pública, na educação, nos transportes, na segurança pública, no saneamento básico, na infraestrutura etc.
Não há dúvida de que o caos deve apenas continuar predominando na administração do país, ante a continuidade do governo que já demonstrou, nos últimos quatro anos, de forma sobeja, suas reais condições e capacidades para administrar o país, conforme as dificuldades imperantes nas políticas econômicas e principalmente na deficiência dos controles dos gastos públicos, que propiciou o surgimento das constantes ondas de corrupções.
É de se lamentar que parcela expressiva da sociedade resista quanto à conscientização sobre a maléfica prioridade do governo somente para os programas assistencialistas, notoriamente com cunho populista, adequadamente ajustados aos interesses pessoais e partidários de perenidade no poder, à vista da constatação do último pleito eleitoral, que não deixa dúvida de que, para a maioria dos eleitores, a incompetência gerencial do país não interfere nos interesses da nação e da sociedade, que demonstra, com isso, satisfação com o status quo da administração do país, inclusive com a carga tributária totalmente incompatível com a realidade das dificuldades e das precariedades que grassam no país.
Urge que a sociedade se desperte dessa terrível letargia que a impede de exigir que o país seja administrado com competência e priorização das políticas públicas, possibilitando que a terrível carga tributária seja racionalizada em benefício da capacitada contributiva dos brasileiros e que os serviços públicos sejam prestados com indispensável qualidade, ante os seguidos e elevados recordes arrecadação. Acorda, Brasil!
 
         ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
         Brasília, em 18 de dezembro de 2014

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