Nos
últimos tempos, têm sido comuns as notícias sobre escândalos de abusos sexuais
na Igreja Católica, a ponto de o seu vazamento, em nível mundial, exigir a
realização de encontro inédito da cúpula da instituição, com a finalidade de se
discutir medidas que possam contribuir para a solução de tão grave problema.
As
denúncias sobre abusos surgem com muita frequência, em ritmo galopante e de
igual modo preocupante, conquanto os especialistas em Vaticano, os chamados
vaticanistas, já se manifestaram sobre o entendimento segundo o qual essa crise
é a mais grave da instituição desde a Reforma Protestante, eclodida há cinco
séculos.
Diante
de forte pressão vinda do mundo inteiro, o papa se viu obrigado a convocar
encontro que reúne aproximadamente duzentos líderes religiosos, na maioria
bispos, no Vaticano, que vão se debruçar e se debater, no período de quatro
dias, em conferência para se vislumbrar medidas capazes de coibir os abusos
contra crianças e jovens, tendo também a finalidade de restabelecer a
credibilidade da Igreja Católica.
Espera-se
que o encontro seja o mais produtivo possível, de modo que possam surgir medidas
concretas, com capacidade para o estabelecimento de regras claras quanto à definitiva
implantação do princípio da tolerância zero para com os crimes de abusos
sexuais e da imediata aplicação de penalidades duras contra seus autores, tanto
no âmbito da própria igreja, quanto no que tange ao aspecto penal, na esfera civil.
Não
se pode olvidar que até então tem havido uma espécie de banalização dos abusos
no seio da igreja, exatamente protagonizados por quem tem a obrigação de dar
bons exemplos de evangelização e ensinamentos da doutrina cristã, sob o manto
da batina, usada por demônios trasvestidos de padres pedófilos e estupradores
de freiras a religiosos, sem o menor escrúpulo quanto ao seu juramento diante
Deus, de contribuírem para dignificação dos princípios religiosos.
A
verdade é preciso que seja dita que, no pontificado do atual papa, os fatos sobre
abusos na igreja são tratados com maior responsabilidade, mostrando exatamente
que as autoridades eclesiásticas não podem compactuar com a promiscuidade que
se percebia com relação às gestões anteriores da instituição, que preferiram
fechar os olhos para a sujeira moral, como maneira absurda de esconder do mundo
a realidade nua e crua, quando os fatos perniciosos somente contribuíam para o
descrédito e a desmoralização da igreja.
À
toda evidência, a conferência que se realiza no Vaticano tem o condão de pôr à
prova a capacidade e a autoridade do papa, cujo resultado há de indicar a dimensão
da credibilidade das medidas que forem aprovadas, que não podem se restringir à
simples contemplação da lastimável situação, sem recado duro aos criminosos
vestidos de batina.
Há
que se ressaltar que, em tempo algum, houve, como agora, papa disposto a ouvir os
rosários das vítimas de abusos de religiosos, o que demonstra maior interesse
para a compreensão sobre o sofrimento delas, quando antes muitas sequer eram
ouvidas e seus casos nem serviam para as estatísticas oficiais da igreja, ficando
impunes os autores das monstruosidades perpetradas sob a cumplicidade de
autoridades eclesiásticas.
É
notório que o papa pode ser considerado verdadeiro baluarte nessa batalha
inglória, por lutar praticamente sozinho contra terríveis resistências
ostensivas no seio da poderosa Cúria Romana, sob o comando da ala considerada ultraconservadora
da igreja, que insiste bravamente à transparência do que acontece dentro da
instituição.
Exemplo
claro da disposição papal sobre o enfrentamento solitário do conservadorismo
veio com a expulsão do sacerdócio, em decisão inédita, de um cardeal que foi arcebispo
de Washington (EUA), o mais alto posto da Igreja Católica, obviamente depois do
próprio papa, tendo sido destituído da instituição depois de comprovadas as
práticas de abusos sexuais no exercício de atividades religiosas.
Com
esse gesto de coragem e maturidade papal, foram quebradas, enfim, as correntes
da impunidade, ficando o cristalino recado da igreja de que ninguém é
intocável, com a visível sinalização de que é saudável a transparência nas
relações entre eclesiásticos e comunidade, de modo a se permitir se vislumbrar
que a desgraçada impunidade de religiosos abusadores de inocentes pode estar muito
próximo da eliminação no âmbito da Santa Igreja Católica e que isso aconteça o
mais breve possível, para o bem e o revigoramento da importante instituição edificada por Jesus
Cristo.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 22 de fevereiro de 2019
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