terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

Todo esforço em vão


No exato momento em que o Grupo de Lima, constituído por países contrários à ditadura bolivariana, aprovava declaração em defesa de eleições livres e democráticas na Venezuela, obviamente para pôr fim o governo do atual presidente desse país, o ditador chavista pede à população que o apoie, ao tempo em que promete manter-se no poder.
Ele disse que os problemas internos do país devem ser resolvidos com “união nacional”, tendo assegurado que “Na Venezuela reina a autodeterminação do nosso povo. Resolvemos os problemas com união nacional e o governo bolivariano que eu presido. Juntos pela Venezuela”, fazendo claras críticas aos Estados Unidos e aos demais países que apoiam o autoproclamado presidente interino daquele país.
Em pronunciamento paralelo, os EUA anunciaram sanções contra governadores aliados do ditador chavista.
Já o ministro das Relações Exteriores da Venezuela ressaltou que há uma orquestração internacional, liderada pelos norte-americanos, para promover intervenção em território venezuelano.
Por sua vez, em declaração conjunta, o Grupo de Lima afastou a hipótese de intervenção, defendendo que a solução para a crise venezuelana siga o caminho pacífico e por meio da população.
O chanceler venezuelano insistiu que há disputa internacional pelo petróleo venezuelano, que vem sendo protegido pelo governo bolivariano e que também age em proteção da soberania nacional.
A atual situação da Venezuela é complicadíssima, porque o ditador que comanda aquele país, com mãos de ferro e em condições extremamente antidemocráticas, à vista da manipulação havida no último pleito eleitoral, que foi indiscutivelmente realizado mediante procedimento fraudulento, completamente ilegítimo à luz do alijamento deliberado do processo próprio das principais lideranças de oposição ao governo chavista, para que o representante da tirania não tivesse concorrente à altura.
A caracterização da aludida fraude teve por consequência imediata a sua rejeição por países civilizados e evoluídos, em termos democráticos, que agora estão apoiando o político que se autoproclamou presidente da Venezuela, que promete a realização, o mais rapidamente possível, de eleições no país, como forma do restabelecimento do estado de direito e dos princípios democrático e republicano.
Não há a menor dúvida de que o único responsável pela trágica e ruidosa situação pela qual se encontra mergulhado aquele país é o seu povo, que elegeu o atual ditador, pela primeira vez, em processo, diga-se de passagem, revestido de total e plena legitimidade, ou seja, acreditando nos seus bons propósitos de verdadeiro estadista e democrata, diante da observância dos princípios jurídicos e republicanos, inclusive com a participação democrática no pleito dos candidatos de oposição ao regime bolivariano, tudo nos moldes do figurino recomendado por nação civilizada, em respeito aos conceitos modernos de igualdade de condições entre todos.
Na verdade, a partir da gestão inicial, o atual ditador foi se transformando progressivamente no monstro que é hoje, tendo a brutal e animalesca capacidade de infernizar a vida do povo que o elegeu, de forma democrática, tendo-se aí, originalmente, a reafirmação do conceito primacial e democrático segundo o qual o poder emana do povo e, em seu nome, será exercido, porém o processo ditatorial foi evoluído de tal forma com a poluição jurídica verificado na última eleição, onde os principais políticos de oposição foram propositalmente impedidos de se candidatar, por determinação ditatorial, de modo a se permitir que o atual presidente fosse praticamente aclamado por meia dúzia de eleitores de cabresto, que compareceram às urnas sob promessas de ajuda do governo, principalmente de alimentos, que até recebeu o nome de “cesta democrática”, ou algo parecido.
Agora vai ser dificílimo afastar esse brutamontes do governo, especialmente diante da consolidação do totalitarismo também imperando fortemente no seio das Forças Armadas, que foram cooptadas por meio das benesses próprias do regime socialista, onde a cúpula do poder recebe os melhores tratamentos de regalias e prerrogativas, enquanto a população se equipara em acolhimento da pior espécie, na forma mais vil como vem acontecendo naquele país, onde subsiste a miséria impiedosa e extrema, com notícia de carência de alimentos e remédios, cujo reflexo desse quadro é terrivelmente desolador no seio da população em geral, que tem sido distinguida, de forma cruel, com a condenação ao sofrimento e às agruras oferecidas ricamente pela desumanidade em plena potencialização naquele país.
          Em que pesem os movimentos em expressivo apoio ao autoproclamado presidente interino da Venezuela, todo e qualquer esforço pacífico em nada vai contribuir para convencer o ditador chavista de que a sua desastrada gestão apenas tem o condão de conduzir ainda mais o país à escuridão do abismo profundo, exatamente porque o seu principal trunfo é o apoio maciço das Forças Armadas, que preferem se manter apoiando o totalitarismo prejudicial aos venezuelanos, do que aceitarem a incerteza de novo presidente, mesmo com a garantia de anistia aos militares, a qual certamente não seria bem assim para as mais altas patentes, que temem por suas cabeças.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 26 de fevereiro de 2019

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