domingo, 3 de fevereiro de 2019

Enfim, surge esperança?


Um jovem e persistente senador pelo DEM-AP foi eleito, com 42 votos, um a mais do necessário para se eleger em primeiro turno, presidente do Senado Federal.
O principal opositor dele, famoso e impetuoso senador alagoano retirou a sua candidatura, ainda com a eleição em curso, em segundo escrutínio, depois de ter sido anulada, por fraude, o primeiro realizado, por perceber que o candidato vitorioso contava com a simpatia da maioria dos senadores presentes, ou seja, o antes todo-poderoso candidato pediu arrego em antecipação à proclamação da sua fragorosa derrota, o que bem demonstra que, na sua cartilha política, não consta o verbete “derrota”.
O alagoano, mesmo assim, que tirou a candidatura no meio da votação, teve 5 votos e os demais votos foram pulverizados entre outros quatro candidatos.
O amapaense é senador de primeiro mandato, tendo desempenho e atuação apenas discretos nos quatro primeiros anos de mandato no Senado, mas, na disputa pelo comando da Câmara Alta, revelou-se hábil e desenvolto articulador político, tendo congregado para junto de si os adversários do seu principal opositor, bem assim os aliados do governo federal, que ansiavam por mudança em instituição sempre comandada por caciques políticos, que a transformaram em feudo político, para a satisfação de interesses pessoais e partidários, diante da longevidade de mais de dezesseis anos sob a direção de apenas um partido político.
O novo presidente do Senado contou com o apoio do ministro da Casa Civil da Presidência da República, que também é filiado ao DEM, e certamente considera que o governo federal poderá ter maior facilidade para a tramitação de seus projetos, já anunciados de mudanças.
A eleição em comento foi marcada por verdadeiro embate sobre se a votação seria aberta ou secreta, que terminou sendo decidido pelos senadores pelo voto aberto, mas, em uma decisão absolutamente esdrúxula, adotada pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, pasmem, proferida às 03h45 da madrugada, poucas horas da suspensão da sessão do Senado, determinou que a votação deveria ser secreta, derrubando o entendimento adotado por 50 senadores, em clara e absurda interferência na economia interna de outro Poder da República, que tem autonomia e independência.
O cúmulo do absurdo dessa decisão monocrática, prolatada na calada da noite, como se fosse comum um magistrado, logo o presidente da instituição, permanecer de plantão no Supremo, no aguardo da protocolização de demandas, para solucionar, de imediato, as questões jurídicas dos brasileiros, quando não é novidade que dormitam nos seus escaninhos daquela Corte centenas de ações aguardando solução sobre questões de altíssima importância para o interesse público.
A propósito, somente com relação a um dos candidatos à presidência do Senado, o Supremo senta sobre 14 ações que estão lá aguardando a complementação do tempo necessário para a sua prescrição, enquanto os envolvidos em atos de corrupção, lavagem de dinheiro, corrupção passiva, entre outros crimes contra a administração pública, como é o caso de um senador, podem ficar tranquilos com relação a essas ações, que seus processos não vão impedir o cumprimento de seus mandatos, diante da eterna morosidade nos seus exame e julgamento.
Ainda como candidato, o presidente do Senado prometeu, se eleito, ampliar a transparência dos atos legislativos e de todos os fatos envolvendo o Senado e que “O Senado deve se balizar pelos pilares da independência, transparência, austeridade e protagonismo. Os desafios do atual momento brasileiro são imensos. Por um lado, a complexa crise fiscal exige reformas urgentes, a fim de corrigirmos as distorções. Por outro, é preciso reverter a profunda crise política que minou a confiança nos políticos”, tendo concluído dizendo que o povo clama por novo modelo de fazer política, que precisa ser “Mais igualitário, mais democrático e com ampla participação cidadão”.
O resultado da eleição realizada no Senado da República, extreme de dúvida, foi estupenda vitória do sentimento de mudanças das retrógradas práticas políticas, que vinham sendo mantidas pelos atraso e arcaísmo nutridos e mantidos por oligarquia política que se alimentava no seio do poder, visivelmente para o aproveitamento das benesses, prerrogativas e influências destinadas à satisfação desses inescrupulosos grupos políticos, em detrimento das causas nacionais e do bem comum.
Esse sentimento de modernidade e de mudança, que desponta no comando do Senado Federal, com a ascensão de político novo à sua direção, em possível forma de purificação da orientação que prevalecia em uma das principais instituições republicanas, contribui positivamente para a retomada da esperança dos brasileiros.
Os brasileiros vinham, de forma insistente e de longa data, clamando não somente pela moralização do Brasil, mas, em especial, pela urgente e abrangente renovação nos quadros políticos, sempre dominados, à exaustão, por clãs instalados em cada estado da federação, em forma de capitania hereditária política, sempre tendo a figura do patriarca passando o bastão político para seus herdeiros, em clara afronta aos salutares princípios democrático e republicano da alternância do poder, com inspiração na política moderna e na sua precípua finalidade de benefício social, que o povo termina sendo o principal culpado pela involução do sistema político-eleitoral, diante do conceito de que o poder emana do povo e em seu nome será exercido.
Enfim, em se tratando de renovação e possível mudança orientação política, mesmo que seja no comando de uma Casa Legislativa, a ascensão de novo senador à presidência do Senado Federal já traduz em forte motivo para que os brasileiros retomem a tão ansiada esperança de novas práticas políticas, considerando que ninguém merece tanto atraso em país comandando por políticos com a índole de aproveitadores do poder e das prerrogativas que ele proporciona, justamente para a defesa de seus objetivos pessoais e partidários, em detrimento do interesse público, que, em essência, é a razão das atividades políticas.
É muito importante que a escolha de político com outra mentalidade ideológica do passado, com a visão futurista e a avidez de modernidade e mudança, consiga a necessária aglutinação de bons propósitos de cooperação, união, esforços e dedicação de trabalho em prol exclusivamente do benefício dos brasileiros, na expectativa de que esse sentimento de renovação se amolde aos padrões de decência sob o primado da estrita observância aos princípios republicanos da ética, da moralidade, do decoro, da probidade, da dignidade, entre outros conceitos capazes de sustentar a efetividade do sublime exercício da representação emanada do povo.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 3 de fevereiro de 2019

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