Conforme notícia veiculada pela
coluna Painel, da Folha de S. Paulo, líderes de partidos integrantes do chamado
Centrão acordaram que, até o Palácio do Planalto começar a dialogar com o
Congresso Nacional, a proposta de reforma da Previdência não avançará, algo que
significa ultimato ao governo, no jargão político.
A insatisfação em relação à falta
de interlocução com o governo ficou ainda mais clara depois da primeira derrota
do Palácio do Planalto na Câmara dos Deputados, quando um decreto tratando do
sigilo sobre informação oficial foi derrotado em toque de caixa e também sem
razão plausível para justificar tal medida, apenas para mostrar força e
intimidar o presidente do país, dando a entender de que, se não houver
negociata, os projetos do governo não serão aprovados no Congresso.
Na ocasião, deputados aprovaram
projeto legislativo que susta os efeitos do decreto editado pelo
vice-presidente, no exercício da Presidência da República, que ampliava para
funcionários comissionados e de segundo escalão o poder de impor sigilo a
documentos públicos.
Segundo a referida coluna, o DEM
- partido dos presidentes da Câmara e do Senado - chegou a propor ao ministro
da Casa Civil que pudesse atuar diretamente na organização da base, sinalizando
para a negociata sobre liberação de “benesses” para congressistas, para a
facilitação da aprovação de projetos do governo.
O que não chega a ser
surpreendente o vergonhoso alerta feito pela legenda do DEM, de que: só entra
"na jogada" se tiver “instrumentos” (emendas parlamentares e cargos)
para entregar aos parlamentares, obviamente algo que for acordado em troca do
apoio aos projetos de interesse do presidente do país.
Na maior cara-de-pau, um líder do
Centrão disse que “é impossível negociar com Lorenzoni, já que ele sempre ouve
as demandas, mas nunca tem autonomia para garantir o atendimento por parte do
governo.”.
A atuação do líder do governo na
Câmara também tem sido questionada, porque ele não é visto com simpatia por
dirigentes partidários, que demonstram interesse no afastamento dele do cargo
de líder e isso também ficou evidenciado na derrubada do decreto que facilitava
o sigilo de documentos públicos, em clara sinalização do descontentamento de
parlamentares, diante da falta de canal de negociatas dentro do governo.
Todo esse jogo sujo, envolvendo
ameaças, alertas e patifarias nos bastidores do submundo da política rasteira,
ainda só está no começo da bandalheira, ante a demonstração da capacidade de
vileza por parte da classe política que precisa receber uma traulitada na cara,
para aprender a respeitar os bons princípios e as saudáveis condutas de homens
públicos dignos e decentes.
Tudo isso significa dizer que,
para se aprovar a reforma da Previdência, caso o governo aceite fazer parte
dessa desmoralização defendida pela banda podre do Congresso, pode custar muito
mais caro do que se imaginaria, podendo se intuir que os deputados despudorados
vão pressionar e atazanar o governo em busca de cargos e verbas, em verdadeira
demonstração de falta de caráter e de incivilidade política.
É completamente inadmissível que
o governo federal ceda aos apelos do vergonhoso e degradante sistema do “toma
lá, dá cá” e concorde com pressão para nomear apadrinhados de parlamentares
integrantes do Centrão, o que valeria simplesmente a confirmação da traição ao
eleitor, a quem foi dito que não haveria mais, no Brasil, a tristeza da
prostituição por parte da representação do povo em troca de apoio a projeto do
governo, visto que, nesse caso, ambos os envolvidos se enlameiam igualmente com
a mesma sujeira pútrida próprias dos recintos dos porcos.
Vejam-se para que ponto as
conversas já se descambaram, conforme adiantado pelo jornal O Globo, que disse,
em reportagem, que deputados do Centrão já estariam estimando em uma espécie de
“cota de gastos” para a garantia da aprovação da reforma.
Segundo a referida reportagem, em
conversa com a publicação, o presidente de determinado partido médio, que não
foi declinado o seu nome, “indicou que a estimativa é de que cada deputado
tenha direito a indicar R$ 7,5 milhões em repasses e obras. Deputados reeleitos
teriam direito a R$ 10 milhões.”.
Um parlamentar do Centrão disse
que “A ausência dos militares no projeto enviado descontentou deputados, o que
significa que a aprovação pode sair cara.”, exatamente por ser um projeto a
mais para ser examinado individualmente, deixando evidente a falta de dignidade
desse desavergonhado Parlamento, que atua, de forma transparente, em defesa de
interesse pessoal e isso precisa ser denunciado e desmascarado, com a maior
brevidade possível.
O presidente do PP, maior partido
do Centrão, declarou que “Sem uma reforma que alcance também os militares, o
texto apresentado não deveria sequer tramitar”.
À luz das informações vindas à
lume, é fácil se intuir que há cambada de deputados dignos da qualificação de
desprezíveis e imundos, que estão no exercício da representação política para
se beneficiarem da influência e das benesses decorrentes do poder, que somente
ainda subsistem diante de suas imposições, porque, a partir da negativa, fica
caracterizada a sua imundície, em detrimento do interesse público.
A forma mais eficiente de se
evitar chantagem é se dizer para o país os nomes dos partidos e seus
integrantes que exigem propina para apoiar a aprovação da reforma, sem medo das
consequências, porque não é atribuição do governo matéria legislativa, que
compete ao Parlamento, onde não pode mais acomodar bandido e aproveitadores dos
cofres públicos, diante da necessidade de moralização do Brasil, tão bem
conscientizada perante o povo de boa vontade pelo presidente da República, por
ocasião da sua campanha eleitoral.
É preciso desmanchar essa farsa
do Centrão, por meio de recados diretos, duros, contundentes e mortíferos, no
sentido de que a matéria em discussão - a reforma da Presidência - é de
interesse do Brasil e a sua aprovação ou não é da competência do Poder
Legislativo, ao tempo em que o Palácio do Planalto precisa deixar escancarado
que o governo não vai ceder um milímetro, em termos de liberação de cargos nem
de verbas, em troca de apoio parlamentar, haja vista que se trata de matéria de
incumbência constitucional exclusiva do Congresso, cuja deliberação depende da
sua atuação cívica, no âmbito tão somente do interesse público, não cabendo
qualquer negociata, envolvendo recursos públicos.
Não há a menor dúvida de que do
força do Centrão se traduz em cacife capaz de afrontar a autoridade do
presidente da República, como já fez com sucesso no passado e que houve a
aceitação pelos governos de então, para impor-lhe derrotas humilhantes e isso
poderá se repetir se o governo atual não tiver competência para peitá-lo com a
autoridade de mandatário digno e respeitável do país, que não pode, em momento
algum, aceitar as ameaças de chantagem, porquanto o Palácio do Planalto precisa
utilizar instrumentos com maior capacidade de persuasão em contra-ataque
direto, apenas com o emprego da poderosa arma do interesse público como
principal argumento para colocar no devido lugar os aproveitadores do poder,
obrigando-os, no mínimo, a serem responsabilizados pelos fracassos resultantes
das votações de projeto do governo, que precisa se conscientizar de que cada
poder da República precisa cumprir fielmente as suas atribuições
constitucionais, exatamente nos limites das suas atribuições, sem necessidade
do uso indevido e desnecessário de verbas e cargos públicos.
O presidente da República precisa
demonstrar que tem caráter e autenticidade como mandatário do Brasil,
reafirmando a sua condição estritamente de responsável pelo Poder Executivo,
exatamente no devido cumprimento da sua nobre e relevante missão institucional.
Isso vale dizer que, no caso da
“Reforma da Previdência”, o presidente do Brasil deve encerrar pela raiz
qualquer insinuação sobre o vergonhoso e deprimente sistema que prevaleceu, em
plena atividade, nos incompetentes e irresponsáveis governos do passado, que
foi consolidado como o indigno e deprimente “toma lá dá cá”, onde nenhuma das
partes se ruborizavam de suas atitudes medíocres e degradantes.
É preciso que o presidente do país
tenha a dignidade de dizer à nação que já foi cumprido o seu papel de
apresentação do projeto da reforma da Previdência ao Poder Legislativo, em
rigorosa sintonia com a sua missão institucional de zelar pelo interesse
público, na conformidade das prioritárias questões do seu governo, cabendo a
responsabilidade de aprovação ou não aos integrantes do referido poder, de
acordo com as conveniências e compromissos com seus representados, à medida que
as propostas devam atender aos interesses nacionais.
A verdade é que o presidente da
República precisa ter a dignidade de mostrar ao país competência para comandar
o Brasil, exatamente na forma da independência e da autonomia restritas à
cartilha e à liturgia previstas na Constituição Federal, sem se imiscuir nas
atribuições de nenhum outro poder da República, tendo em vista que essa forma
de ficar auscultando os congressistas e ainda mais atendendo aos seus pleitos
espúrios e normalmente inescrupulosos tem o condão de contribuir para a
consolidação da desmoralização e do aviltamento da dignidade que precisam ser
eliminados da República, com urgência, diante do imperialismo dos princípios da
decência e da boa conduto que devem servir de norte para o bom funcionamento da
administração pública.
Os brasileiros esperam e confiam
que o presidente da República resista bravamente à fúria da indecência e da
indignidade protagonizada por parlamentares inescrupulosos, aproveitadores e
indignos, não somente rejeitando propostas ultrajantes e vergonhosas intentadas
por antipolíticos, como aquelas que forem apresentadas por partidos e
integrantes do Centrão, em troca de apoio político na aprovação, no Congresso
Nacional, de projetos de interesse do governo, por serem claramente revestidas
de irregularidades, mas também de ter coragem e hombridade para denunciar, com
a devida comprovação, os nomes dos achacadores, para que os péssimos exemplos
sejam desmascarados e execrados da vida pública, em razão do seu prejudicial
mau-caratismo ao interesse público, diante da sua atitude absolutamente
dissonante com os princípios da dignidade e da moralidade que se exigem no
exercício de cargos públicos eletivos.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 23 de fevereiro de 2019
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