segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

Castigo justo e exemplar?

A Congregação para a Doutrina da Fé expulsou do sacerdócio um ex-cardeal e arcebispo emérito de Washington, de 88 anos, após a comprovação das acusações sobre abusos sexuais a menores e seminaristas, segundo informação prestada pela assessoria de imprensa da Santa Sé, constituindo o primeiro caso, na história da Igreja Católica, que cardeal perde seu título pela prática de crimes dessa natureza.
A aludida decisão é resultado das investigações sobre o caso, que havia sido ordenadas pelo papa, a poucos dias antes de o Vaticano promover cúpula histórica contra os abusos sexuais a menores, por parte de religiosos, a realizar-se nesta semana.
O papa quer fazer valer sua promessa de “tolerância zero”, tendo deixando transparente que será intransigente com a alta hierarquia eclesiástica, diante de grandes escândalos que foram revelados ao longo da história da instituição católica, em especial nos Estados Unidos, no Chile e na Alemanha, que mancharam de morte a credibilidade da Igreja Católica.
O pontífice já tinha retirado o referido cardeal do Colégio dos Cardeais e também ordenado que ele permanecesse afastado das suas funções, passando ao estado de reclusão, até que o caso dele fosse julgado por meio de procedimento canônico.
Finalmente, a Congregação para a Doutrina da Fé o considerou culpado pelos abusos a menores e adultos, com o agravante de abusos de poder e, por isso, foi aplicada a ele a pena de redução ao estado laical, conforme os termos do comunicado oficial do Vaticano.
O comunicado papal afirma que “O Santo Padre reconheceu a natureza definitiva, em conformidade com a lei, desta decisão, que torna o caso resolvido, isto é, não sujeito a uma nova apelação”.
Segundo a regra canônica, a redução ao estado laical consiste em que o apenado perde a autoridade eclesiástica de administrar os sacramentos da Madre Igreja Católica para os quais ele estava normalmente habilitado, não podendo mais se vestir como sacerdote, além da definitiva suspensão de quaisquer prerrogativas da instituição, inclusive do recebimento de salário.
A perda da púrpura, por parte de cardeal, teve um único precedente na história da Igreja Católica, tendo ocorrido em setembro de 1927, em situação diferente do caso em comento, quando o então eclesiástico havia apoiado o movimento antifascista e antissemita “Action Française”, que fora condenado pelo papa Pio XI.
Esse trabalho penoso de purificação da Igreja Católica já vem com bastante demora, porque é absolutamente inadmissível que instituição que tem linda e importante missão de evangelização das palavras e dos ensinamentos da fé defendida pelo Mestre Jesus Cristo não pode aceitar que ovelha negra prejudique ou ponha a perder o trabalho construtivo de edificação e respeito da senda do Senhor Pai Eterno, que tem como princípio o aperfeiçoamento e a consolidação  da harmonia, das relações sociais saudáveis e do amor no seio da humanidade.
A penalidade aplicada pelo Vaticano é demonstração cristalina e cabal de que a Igreja Católica corre celeremente para punir os culpados por crimes contra a dignidade humana, não importando a sua relevância na hierarquia eclesiástica, porque o principal objetivo dessa limpeza moral pode ser a tentativa de reconquistar a confiança na importante instituição criada por Jesus Cristo, que vem sendo tão criticada, nos últimos tempos, justamente pela inadmissível banalização da omissão por parte de muitas autoridades eclesiásticas, no âmbito da igreja, que, voluntariamente ou não, deixaram de agir, com a indispensável presteza.
Não há a menor dúvida de que a assepsia da sujeira moral que tanto prejudica o seu venerando nome, por parte daqueles que agora estão sendo alijados do convivência da igreja, certamente conta com a devida aprovação dos fiéis do mundo, que se sentem incomodados e frustrados diante dessa peste daninha, que jamais deveria ter existido na igreja de Jesus Cristo, exatamente por representar praga contrária aos princípios da construção do bem social.
A severa punição a um cardeal mostra, de forma muito clara e definitiva, que a Igreja Católica precisa dar bons e marcantes exemplos aos próprios integrantes, que devem ser, acima de tudo, não somente verdadeiros discípulos e catequistas, mas especialmente a imagem e a semelhança, em termos de trabalho de evangelização, do próprio fundador da instituição, o Pai Eterno Jesus Cristo, os quais têm o dever primacial da prática exclusiva do bem, da caridade e do amor.
Brasil: apenas o ame!
       Brasília, em 18 de fevereiro de 2019

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