A
Congregação para a Doutrina da Fé expulsou do sacerdócio um ex-cardeal e
arcebispo emérito de Washington, de 88 anos, após a comprovação das acusações sobre
abusos sexuais a menores e seminaristas, segundo informação prestada pela
assessoria de imprensa da Santa Sé, constituindo o primeiro caso, na história
da Igreja Católica, que cardeal perde seu título pela prática de crimes dessa
natureza.
A
aludida decisão é resultado das investigações sobre o caso, que havia sido ordenadas
pelo papa, a poucos dias antes de o Vaticano promover cúpula histórica contra
os abusos sexuais a menores, por parte de religiosos, a realizar-se nesta
semana.
O
papa quer fazer valer sua promessa de “tolerância
zero”, tendo deixando transparente que será intransigente com a alta
hierarquia eclesiástica, diante de grandes escândalos que foram revelados ao
longo da história da instituição católica, em especial nos Estados Unidos, no
Chile e na Alemanha, que mancharam de morte a credibilidade da Igreja Católica.
O
pontífice já tinha retirado o referido cardeal do Colégio dos Cardeais e também
ordenado que ele permanecesse afastado das suas funções, passando ao estado de
reclusão, até que o caso dele fosse julgado por meio de procedimento canônico.
Finalmente,
a Congregação para a Doutrina da Fé o considerou culpado pelos abusos a menores
e adultos, com o agravante de abusos de poder e, por isso, foi aplicada a ele a
pena de redução ao estado laical, conforme os termos do comunicado oficial do
Vaticano.
O
comunicado papal afirma que “O Santo
Padre reconheceu a natureza definitiva, em conformidade com a lei, desta
decisão, que torna o caso resolvido, isto é, não sujeito a uma nova apelação”.
Segundo
a regra canônica, a redução ao estado laical consiste em que o apenado perde a autoridade
eclesiástica de administrar os sacramentos da Madre Igreja Católica para os
quais ele estava normalmente habilitado, não podendo mais se vestir como sacerdote,
além da definitiva suspensão de quaisquer prerrogativas da instituição,
inclusive do recebimento de salário.
A
perda da púrpura, por parte de cardeal, teve um único precedente na história da
Igreja Católica, tendo ocorrido em setembro de 1927, em situação diferente do
caso em comento, quando o então eclesiástico havia apoiado o movimento
antifascista e antissemita “Action
Française”, que fora condenado pelo papa Pio XI.
Esse trabalho penoso de purificação da Igreja Católica já vem com
bastante demora, porque é absolutamente inadmissível que instituição que tem
linda e importante missão de evangelização das palavras e dos ensinamentos da fé
defendida pelo Mestre Jesus Cristo não pode aceitar que ovelha negra prejudique
ou ponha a perder o trabalho construtivo de edificação e respeito da senda do
Senhor Pai Eterno, que tem como princípio o aperfeiçoamento e a consolidação da harmonia, das relações sociais saudáveis e
do amor no seio da humanidade.
A penalidade aplicada pelo Vaticano é demonstração cristalina e
cabal de que a Igreja Católica corre celeremente para punir os culpados por
crimes contra a dignidade humana, não importando a sua relevância na hierarquia
eclesiástica, porque o principal objetivo dessa limpeza moral pode ser a tentativa
de reconquistar a confiança na importante instituição criada por Jesus Cristo, que
vem sendo tão criticada, nos últimos tempos, justamente pela inadmissível
banalização da omissão por parte de muitas autoridades eclesiásticas, no âmbito
da igreja, que, voluntariamente ou não, deixaram de agir, com a indispensável presteza.
Não há a menor dúvida de que a assepsia da sujeira moral que tanto
prejudica o seu venerando nome, por parte daqueles que agora estão sendo
alijados do convivência da igreja, certamente conta com a devida aprovação dos
fiéis do mundo, que se sentem incomodados e frustrados diante dessa peste
daninha, que jamais deveria ter existido na igreja de Jesus Cristo, exatamente
por representar praga contrária aos princípios da construção do bem social.
A severa punição a um cardeal mostra, de forma muito clara e definitiva,
que a Igreja Católica precisa dar bons e marcantes exemplos aos próprios
integrantes, que devem ser, acima de tudo, não somente verdadeiros discípulos e
catequistas, mas especialmente a imagem e a semelhança, em termos de trabalho
de evangelização, do próprio fundador da instituição, o Pai Eterno Jesus Cristo,
os quais têm o dever primacial da prática exclusiva do bem, da caridade e do
amor.
Brasil: apenas o ame!
Brasília, em 18 de fevereiro de 2019
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