Apresentadora do "SBT Brasil" negou
rumores de que teria sido afastada de suas atividades no telejornal, bem assim
de ter sofrido retaliações no SBT. Em entrevista por e-mail à Folha, ela
disse que a emissora "sempre apoiou
a liberdade de pensamento e expressão". Ela não aparece na bancada do
telejornal do SBT desde 28 de março, depois de ter anunciado suas férias até o
dia 14 deste mês, alegação esta que parece não existir plausibilidade, ante o
tamanho da repercussão do seu desempenho no aludido telejornal. O fato é que a
negativa de qualquer ato de penalidade não condiz com seu abrupto afastamento
do telejornal, que pode ter sido em velada quarentena para compensar a sua corajosa
atitude de dizer a verdade que muitos brasileiros, indignados com as precárias
condições não apenas de segurança pública e de manutenção da ordem pública, mas
também dos demais serviços públicos, gostariam, não somente de bradar aos
quatro cantos, que vai continuar sem surtir efeito nenhum, mas de exigir que as
autoridades públicas incumbidas de cuidar do sistema de segurança pública se
despertem da profunda letargia que as impedem de perceber que a população não
suporta mais se calar diante do descalabro a que o país foi submetido, nos
últimos anos, com a inversão da tranquilidade sendo transpassada para o lado da
bandidagem e dos delinquentes, que intensificam suas ações com a absoluta
certeza da impunidade e o beneplácito de quem tem a incumbência constitucional
e legal de adotar as medidas capazes de combate à criminalidade. No verdadeiro
Estado Democrático de Direito, o cidadão deve usufruir plenamente do direito de
opinião e de liberdade de pensamento e de expressão, desde que não desrespeite a
dignidade de outrem, que parece não ser o caso em comento. A tentativa de cerceamento
da liberdade de expressão, principalmente em se tratando de profissional de
imprensa, causa indesejável repugnância, por ensejar o abominável verbete
“censura”, que dá arrepio somente em mencioná-lo, por fazer parte do passado
que jamais deveria ter existido. A verdade é que a jornalista paraibana ficou
conhecida nacionalmente por seus comentários de teor conservador, porém
bastante impregnados de verdades e de muita brasilidade, que são considerados
duros demais para os padrões do momento em que o governo pretende impor velado
controle da mídia. Ela causou revolta aos pseudodefensores dos direitos
humanos, por ter dito que compreendia o comportamento das pessoas que amarraram
um assaltante a um poste, no Rio de Janeiro. Ela revelou que vem sofrendo
retaliação fora do SBT, ao afirma que "Há
uma pressão política muito forte para que eu seja calada. PSOL e PCdoB entraram
com representações contra meu direito de opinião e tentam cercear minha
liberdade de expressão chantageando a emissora onde trabalha. Os partidos ameaçam cortar verbas
publicitárias estatais e até pedir a perda de concessão da emissora. É clara a tentativa de censura por meio de
intimidação. Não é possível que, em plena democracia, a mordaça prevaleça sobre
a liberdade de expressão". O PSol no Congresso Nacional ingressou com representação
na Procuradoria Geral da República, propondo que o SBT e a repórter respondam
civil e criminalmente por apologia ao crime. Logo depois, o PCdoB, por meio da
sua bancada na Câmara dos Deputados impetrou representação também contra a apresentadora
e a emissora, por crime de apologia e incitamento ao crime, à tortura e ao
linchamento. Além disso, o PCdoB-RJ solicitou à Secretaria de Comunicação
Social da Presidência da República que deixe de repassar, pelo governo, verbas
publicitárias ao SBT. Uma deputada do PCdoB-RJ disse que "Nós não queremos calar a Sheherazade. O que
a gente não admite é que o SBT dê guarida à incitação ao crime. Uma coisa é a
liberdade de expressão e de opinião. Outra coisa é cometer apologia ao crime".
O comentário da jornalista foi de que ela achava compreensível que as pessoas
acorrentassem a um poste um adolescente acusado de furto e que a ação dos
justiceiros é justificável diante da insegurança nas ruas e da ausência do
Estado, tendo aconselhado que os defensores dos direitos humanos levassem um
bandido para casa. Não há a menor dúvida de que a cena mostrada pela televisão
causou indignação da sociedade, que não concorda com a realização de justiça
com as próprias mãos, por haver flagrante e odiável desrespeito aos direitos
humanos, que tanto tem chamado à atenção da própria sociedade, que já exauriu o
limite da sua tolerância com a injustificável e desmoralizante falta de
segurança e de proteção contra a bandidagem, que se apoderou placidamente da
paz e da ordem pública, fazendo com que a sociedade ficasse à mercê da incompetência
e da ineficiência do Estado, que não se preocupa com o grave problema da
violência, a exemplo da falta de investimentos na modernização, no
aperfeiçoamento, no reequipamento e no aumento do contingente policial. É de se
lamentar que o extremo desprezo à segurança pública tenha contribuído para o
fortalecimento do caos pela qual ela se encontra, que deverá continuar à míngua
de medidas capazes de torná-la eficiente e operante condignamente, apesar da
revolta da população e das fortes manifestações da mídia muito mais coerentes
com o momento aflitivo e de crise social do que propriamente de apologia ao
crime ou incitamento à violência, porque não há violência maior do que a
leniência das autoridades públicas incumbidas de propiciar segurança pública de
qualidade à população, com a eficiência capaz de suplantar a criminalidade que
parece não ter limite de audácia, maldade e destruição da humanidade. Acorda,
Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 12 de abril de 2014
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