domingo, 20 de abril de 2014

A inconsistência da ideologia tupiniquim

A presidente da República, em declaração, afirmou que “É muito usual durante os períodos de pré-campanha no Brasil e nos períodos de campanha que haja a utilização de todos os instrumentos possíveis para desgastar este ou aquele governo. Nós temos experiência disso porque nós já enfrentamos isso em 2006 e em 2010. Podem ter certeza: o meu governo continuará governando, continuará mantendo seu caráter republicano, mas nós não iremos recuar um milímetro da disputa política quando ela aparecer.". A afirmação foi feita quando o momento político se mostra bastante delicado para o governo, que se encontra totalmente envolto em inúmeras denúncias de irregularidades na Petrobras, com a oposição no Congresso Nacional lutando bravamente, numa batalha muito bem articulada, na tentativa da criação de Comissões Parlamentares de Inquérito, destinadas às investigações dos fatos denunciados pela mídia, que se revelam gravíssimos e bastantes prejudiciais ao interesse da estatal e do país. Além disso, há o fato de que pesquisas realizadas sobre a preferência do eleitorado acerca da corrida presidencial revelam súbita queda de 6% das intenções de voto da mandatária do país. Apesar do quadro adverso, a presidente disse que seu governo não vai "recuar um milímetro" da disputa política. O momento político não tem sido muito generoso para os planos do governo, que se esforça ao máximo apenas na tentativa de tapar o sol com a peneira, à vista da deplorável situação econômico-financeira da principal estatal, cujo capital se derreteu graças à ingerência, má gestão e incompetência, que certamente contribuíram para a sucessão de escândalos, sempre um atrás do outro, cada qual com muita gravidade, a evidenciar que somente a investigação não é suficiente para contornar o imbróglio que parece não ter fim. A gravidade dos fatos só complica a situação do governo, que tenta fugir de cena no momento exato que devia assumir a responsabilidade por suas trapalhadas, que expuseram a gigantesca deficiência gerencial da estatal. Por mais consistente que seja a empresa, ela não resiste à terrível ingerência e ao inescrupuloso uso do cabide de empregos para acomodação de afilhados, sindicalistas e políticos, normalmente sem competência para exercer cargos na estatal. A administração pública recorre ao expediente da maquiagem, com o objetivo de mostrar os fatos não como eles realmente são, mas para evidenciar situações que atendem às suas conveniências políticas, em completa distorção da plausibilidade dos acontecimentos. Percebe-se que as declarações da presidente do país tem respaldo na orientação de marqueteiro político, que jamais deveria ter influência na administração pública, por não se coadunar com a realidade dos fatos, como no caso da Petrobras, que a mandatária o aproveita para pousar de vítima, quando é irrefutável a sua culpa na má gestão da estatal, a exemplo da compra da refinaria de Pasadena, nos EUA. Como nas campanhas eleitorais, a presidente demonstra agir no cargo como marionete, por dar declaração sobre fatos que nem sempre correspondem à realidade ou aos seus pensamentos, por serem colocações de estrita conveniência oportunistas, de cunho eleitoreiro. O país precisa de homens públicos confiáveis, que sejam capazes de apresentar seu programa de governo com base na solidez do seu pensamento político, sem a interveniência de marqueteiro ou de padrinho político, para assumir integralmente as responsabilidades de governo. É lamentável que, apesar da evolução da humanidade e das conquistas do conhecimento, o povo ainda tenha que suportar políticos indecisos e incapazes de defender ideologia consistente e democrática. O povo anseia por que o governo tenha índole republicana e que a sua administração seja direcionada integralmente para a nação e não para determinadas agremiações políticas, que são beneficiárias de indevidos e espúrios privilégios, a exemplo da entrega de ministérios e empresas estatais, em troca de apoio político. O país precisa com urgência ser passado a limpo, com expurgo das politicagens, das mentiras, a exemplo das falsas declarações censurando as privatizações, mas agora o governo ignora as afirmações de campanha e considera as privatizações, inclusive ao pré-sal, como a salvação da pátria. Chega a ser risível se afirmar que, nas campanhas eleitorais, é normal que haja a utilização de instrumentos destinados à destruição do governo, caso os fatos que depõem contra o governo não falassem por si sós nem mostrassem a verdadeira situação de calamidade denunciada pela mídia e pelas investigações já iniciadas sobre a triste realidade da Petrobras. O certo é que, ao fugir da realidade dos acontecimentos, o governo sofre enorme desgaste, ao insistir em não assumir seus erros, a exemplo, entre outras precariedades, da desastrada aquisição da refinaria de Pasadena, que contou com o beneplácito da presidente da nação, por não ter tido o cuidado de lê os documentos pertinentes ao negócio e ainda ter o disparate de atribuir a culpa a outrem, pela possível omissão de importantes informações. Urge que a sociedade avalie e decida, com absoluto rigor de justiça e sabedoria, quem realmente tem competência e condições de moralizar a administração pública e pôr o país nos trilhos do progresso e do desenvolvimento. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 19 de abril de 2014

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