Embora o
ex-presidente da República petista venha garantindo que não será candidato à
Presidência do país, em entrevista coletiva concedida a blogueiros ele deu
margem a interpretações distintas no seio de parlamentares do PT. No encontro, ele
declarou que não é candidato na disputa presidencial deste ano e que sua
candidata é a presidente da República. Não obstante, o petista surpreendeu o
mundo político, ao declarar que a economia brasileira podia estar melhor, tendo
ressaltado que sua afilhada política terá que explicar na campanha o que pode
fazer para reanimá-la. Muitos companheiros se mostraram divididos quanto à
posição política do ex-presidente, porquanto uma ala de parlamentares está
convicta o petista aproveitou a entrevista para se distanciar definitivamente
da candidatura presidencial, no próximo pleito eleitoral, enquanto outro grupo
petista não tem dúvida de que o ex-presidente lançou, de forma velada, sua
plataforma de campanha rumo à sua volta ao Palácio do Planalto, sob o embasamento,
segundo os defensores do movimento "Volta Lula", de que as críticas
abertas e diretas à condução da economia, inclusive com relação à defesa de
mudanças de rumo das políticas econômicas seriam a senha capaz de indicar o
desejo de o “todo-poderoso” voltar o quanto antes ao posto que, na verdade, ele
somente se afastou fisicamente, porque, mesmo longe do assento presidencial,
sempre deu as cartas e ajudou a tomar as decisões mais importantes do governo.
A dificuldade maior para a volta do ex-presidente à disputa presidencial seria
o convencimento da saída da presidente embate político, sem que resultem traumas
ou fissuras no relacionamento dos dois líderes e sequelas dentro do partido,
que não seriam fáceis de contorná-las. Sob a ótica dos parlamentares
simpatizantes do movimento "Volta Lula", o importante seria encontrar
adequada solução para substituir a presidente sem gerar abalos e unir as
correntes pelo ideal partidário de continuidade do poder. Ao que tudo indica, o
discurso do petista-mor planta verde para colher maduro, na expectativa de que
a presidente desista espontaneamente da corrida presidencial em favor dele,
como forma de recompensar a sua indicação e o seu apoio no último pleito. Essa
possível volta do ex-presidente à labuta presidencial já era prevista desde
quando ele indicou a sua substituta, que, além de considerada poste pela mídia,
também tinha a função de ponte pavimentada para o retorno triunfante do astuto
e esperto cacique, que sabe muito bem que o quadro político atual lhe é
bastante favorável, ante as dificuldades pelas quais a presidente vem
enfrentando, quando não consegue contornar os graves problemas de
relacionamento com o Congresso Nacional e a enxurrada de acusações sobre as
irregularidades envolvendo a maior empresa estatal do país. Não obstante, a
notícia da possível volta do ex-presidente à cena política não representa nada
boa para o povo esclarecido e consciente sobre as verdadeiras precariedades
protagonizadas no seu governo, no qual houve a potencialização dos conchavos
políticos, a exemplo do indigno loteamento dos órgãos públicos e das empresas
estatais entre os aliados políticos, em notório banquete ao espúrio
fisiologismo; da incompetência administrativa, com o inchamento da máquina
pública, justamente para o atendimento das alianças contrárias ao interesse
público; da leniência com a impunidade; da precariedade da prestação dos
serviços públicos, inclusive do programa Bolsa Família, que se mantém sob a
pior qualidade de organização, controle e eficiência, quando não se sabe quem
efetivamente faz jus ao benefício instituído tão somente para as famílias de
extrema carência; entre tantas deficiências e precariedades gerenciais que
levaram ao exaurimento e desgaste das pessoas quanto à capacidade de o governo
petista realizar algo em benefício da nação, em termos das imprescindíveis
reformas estruturais do Estado, como condição essencial ao desenvolvimento
socioeconômico. É muito difícil se acreditar no governo que passa o tempo tão
somente proclamando, exaltando e defendendo os programas assistencialistas e de
distribuição de renda, como se administrar o país, na sua essencialidade, se
resumisse em apenas nesse aspecto. Enquanto isso ocorre, as questões de maiores
prioridades, principalmente os programas de governo, essenciais ao crescimento
do país, são relegados a planos secundários, a exemplo das imperiosas reformas
previdenciária, tributária, trabalhista, política, administrativa etc., por
terem reflexos bastante prejudiciais aos interesses do país, que não consegue
se desenvolver, ante a notória incompetência gerencial, também estendida às
empresas estatais, a exemplo da tumultuada gestão da Petrobras, que foi
atropelada pelos desastrosos investimentos e negociações, tanto na aquisição de
refinarias como nas operações relacionadas à exploração de petróleo, que
causaram significativos prejuízos à estatal. Diante do modelo nada alvissareiro
da gestão petista, no seu conjunto da administração do país, que apenas privilegiou
importantes segmentos específicos, mas claudicou com relação aos programas que
interessam diretamente ao desenvolvimento nacional, compete à sociedade avaliar,
no estrito âmbito do amor à pátria, se a continuidade desse governo é benéfica
ou prejudicial ao interesse do país. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 14 de abril de 2014
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