terça-feira, 15 de abril de 2014

Modelo de gestão indesejável

Embora o ex-presidente da República petista venha garantindo que não será candidato à Presidência do país, em entrevista coletiva concedida a blogueiros ele deu margem a interpretações distintas no seio de parlamentares do PT. No encontro, ele declarou que não é candidato na disputa presidencial deste ano e que sua candidata é a presidente da República. Não obstante, o petista surpreendeu o mundo político, ao declarar que a economia brasileira podia estar melhor, tendo ressaltado que sua afilhada política terá que explicar na campanha o que pode fazer para reanimá-la. Muitos companheiros se mostraram divididos quanto à posição política do ex-presidente, porquanto uma ala de parlamentares está convicta o petista aproveitou a entrevista para se distanciar definitivamente da candidatura presidencial, no próximo pleito eleitoral, enquanto outro grupo petista não tem dúvida de que o ex-presidente lançou, de forma velada, sua plataforma de campanha rumo à sua volta ao Palácio do Planalto, sob o embasamento, segundo os defensores do movimento "Volta Lula", de que as críticas abertas e diretas à condução da economia, inclusive com relação à defesa de mudanças de rumo das políticas econômicas seriam a senha capaz de indicar o desejo de o “todo-poderoso” voltar o quanto antes ao posto que, na verdade, ele somente se afastou fisicamente, porque, mesmo longe do assento presidencial, sempre deu as cartas e ajudou a tomar as decisões mais importantes do governo. A dificuldade maior para a volta do ex-presidente à disputa presidencial seria o convencimento da saída da presidente embate político, sem que resultem traumas ou fissuras no relacionamento dos dois líderes e sequelas dentro do partido, que não seriam fáceis de contorná-las. Sob a ótica dos parlamentares simpatizantes do movimento "Volta Lula", o importante seria encontrar adequada solução para substituir a presidente sem gerar abalos e unir as correntes pelo ideal partidário de continuidade do poder. Ao que tudo indica, o discurso do petista-mor planta verde para colher maduro, na expectativa de que a presidente desista espontaneamente da corrida presidencial em favor dele, como forma de recompensar a sua indicação e o seu apoio no último pleito. Essa possível volta do ex-presidente à labuta presidencial já era prevista desde quando ele indicou a sua substituta, que, além de considerada poste pela mídia, também tinha a função de ponte pavimentada para o retorno triunfante do astuto e esperto cacique, que sabe muito bem que o quadro político atual lhe é bastante favorável, ante as dificuldades pelas quais a presidente vem enfrentando, quando não consegue contornar os graves problemas de relacionamento com o Congresso Nacional e a enxurrada de acusações sobre as irregularidades envolvendo a maior empresa estatal do país. Não obstante, a notícia da possível volta do ex-presidente à cena política não representa nada boa para o povo esclarecido e consciente sobre as verdadeiras precariedades protagonizadas no seu governo, no qual houve a potencialização dos conchavos políticos, a exemplo do indigno loteamento dos órgãos públicos e das empresas estatais entre os aliados políticos, em notório banquete ao espúrio fisiologismo; da incompetência administrativa, com o inchamento da máquina pública, justamente para o atendimento das alianças contrárias ao interesse público; da leniência com a impunidade; da precariedade da prestação dos serviços públicos, inclusive do programa Bolsa Família, que se mantém sob a pior qualidade de organização, controle e eficiência, quando não se sabe quem efetivamente faz jus ao benefício instituído tão somente para as famílias de extrema carência; entre tantas deficiências e precariedades gerenciais que levaram ao exaurimento e desgaste das pessoas quanto à capacidade de o governo petista realizar algo em benefício da nação, em termos das imprescindíveis reformas estruturais do Estado, como condição essencial ao desenvolvimento socioeconômico. É muito difícil se acreditar no governo que passa o tempo tão somente proclamando, exaltando e defendendo os programas assistencialistas e de distribuição de renda, como se administrar o país, na sua essencialidade, se resumisse em apenas nesse aspecto. Enquanto isso ocorre, as questões de maiores prioridades, principalmente os programas de governo, essenciais ao crescimento do país, são relegados a planos secundários, a exemplo das imperiosas reformas previdenciária, tributária, trabalhista, política, administrativa etc., por terem reflexos bastante prejudiciais aos interesses do país, que não consegue se desenvolver, ante a notória incompetência gerencial, também estendida às empresas estatais, a exemplo da tumultuada gestão da Petrobras, que foi atropelada pelos desastrosos investimentos e negociações, tanto na aquisição de refinarias como nas operações relacionadas à exploração de petróleo, que causaram significativos prejuízos à estatal. Diante do modelo nada alvissareiro da gestão petista, no seu conjunto da administração do país, que apenas privilegiou importantes segmentos específicos, mas claudicou com relação aos programas que interessam diretamente ao desenvolvimento nacional, compete à sociedade avaliar, no estrito âmbito do amor à pátria, se a continuidade desse governo é benéfica ou prejudicial ao interesse do país. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 14 de abril de 2014

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