A Comissão de
Constituição e Justiça do Senado Federal aprovou a abertura de Comissão
Parlamentar de Inquérito ampliada da Petrobras, para investigar, além da
estatal, denúncias de cartel no metrô de São Paulo e de irregularidades nas
obras do Porto de Suape e da refinaria de Abreu e Lima, em Pernambuco. Essa
comissão ampla satisfaz os objetivos do governo, porque as investigações
originariamente requeridas pela oposição para cuidar exclusivamente da injustificável
e desastrosa aquisição da Refinaria de Pasadena, nos EUA, fato que seria altamente
desagradável e incômodo para a presidente da República, que iria ter seus brios
chafurdados ainda mais, depois de terem idos para o espaço com a notícia de que
ela, sem o indispensável zelo gerencial, por deixar de ler os termos do contrato,
ajudou o Conselho de Administração da estatal a jogar montanha de dinheiros público
e privado pelos ralos americanos, com a compra, a preço superfaturado, de uma
refinaria deficitária e incompatível com os planos de desenvolvimento da
Petrobras. Caso o governo tivesse boa vontade e seriedade para esclarecer os
fatos tenebrosos relacionados com a aludida refinaria, poderia, de forma
responsável, ter aprovado, há bastante tempo, CPI destinada à apuração das
denúncias ligadas ao Metrô de São Paulo, envolvendo a administração do PSDB, e às
obras de Pernambuco, que estão ligadas à gestão do ex-governador socialista. A enorme
estranheza diz respeito ao fato de que o governo se esperneia e não se conforma
com as investigações do clamoroso caso de Pasadena, que complicou profundamente
a credibilidade da presidente da República, na proximidade do pleito eleitoral,
quando antes ela era tida como boa gestora, que gora não passa de mera fama, se
não teria evitado o desastre havido com a compra dessa refinaria. Não há dúvida
de que as apurações nos casos paulistas e pernambucanos se destinam a incomodar
as candidaturas presidenciais do tucano e do socialista, como forma de revanchismo
e de politizar os objetivos das investigações e fragilizar seus resultados,
tudo em evidente prejuízo aos interesses do país e da moralização dos atos da
administração pública, por se harmonizarem com a forma artificial e irreal
governista de não admitir falha na sua gestão. Nos bons tempos, quando o PT exigia investigação
para qualquer irregularidade, mesmo para fato sem a menor plausibilidade, os
escabrosos casos de corrupção, de irregularidades e de danos causados à
Petrobras seriam motivo de imediato repúdio, de investigação e de exigência de
enquadramento dos envolvidos como verdadeiros aloprados e outros adjetivos
impublicáveis. Todavia, apesar da evolução da humanidade e da modernidade dos
princípios da democracia, hoje o PT se torna ridículo e indigno de respeito,
por não permitir que o Senado Federal, no pleno exercício da sua competência
constitucional, promova, com prioridade e exclusividade, a indispensável
investigação sobre os escândalos que abalaram negativamente as estruturas
econômico-financeiras da maior empresa brasileira, que, no passado, antes da
gestão petista, era orgulho nacional e símbolo de eficiência, de produção e de
operacionalidade na sua especialidade petrolífera. A injustificável compra da
refinaria de Pasadena, com notório prejuízo para o patrimônio da Petrobras, e
outros fatos estarrecedores de ingerência e de má administração da estatal, que
contribuíram para a diminuição da metade do capital da petrolífera tupiniquim,
exigem urgentes investigações por comissões específicas, independentes e
competentes para realmente esmiuçar as vísceras das operações tão bem guardadas
na "caixa preta" que a administração petista resiste em permitir a
sua transparência. É de se lamentar que os governistas neguem à sociedade, de
forma injustificável, o direito de serem conhecidos os responsáveis pelas graves
falhas, porque isso contraria os comezinhos princípios da administração pública.
No caso em comento, é induvidoso que houve má gestão dos recursos públicos e esse
fato exige, na forma da lei, a devida investigação, na forma pretendida pela oposição,
como instrumento capaz de passar a limpo os fatos bastante nebulosos e cheios
de questionamentos quanto ao ineficiente gerenciamento da estatal, cujos
reflexos contribuíram para a diminuição progressiva do seu patrimônio. A seriedade
e a honestidade na gestão dos recursos públicos exigem que os escândalos sejam
apurados e esclarecidos, independentemente das implicações dos seus resultados com
interesses pessoais ou partidários e muito menos com indecentes objetivos
eleitoreiros. A sociedade tem o dever cívico de exigir que o Parlamento exerça,
com soberania, a sua competência constitucional para investigar, observados
sobretudo os interesses nacionais, as graves irregularidades na Petrobras, como
forma da estrita observância aos princípios da dignidade, legalidade,
moralidade e transparência, que devem predominar a decência, a honestidade e o zelo
quanto à integridade ao patrimônio público, com embargo aos conchavos e às
politicagens deletérias da dignidade democrática. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 08 de abril de 2014
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