A crise político-administrativa
que impera há bastante tempo no Brasil reflete exatamente as condições
culturais da sociedade, cujo povo demonstra conformismo com a brutal precariedade
predominante na politicagem visivelmente prejudicial à modernidade e ao
aperfeiçoamento dos mecanismos democráticos, que poderiam funcionar objetivando
a construção do bem comum da população. Não é de agora que a sociedade clara
por reformas políticas, pela reformulação dos procedimentos arcaicos e obsoletos
que regem os sistemas políticos e administrativos do país. Não obstante, seus
gritos não encontram ecos e os ouvidos dos homens públicos se fazem de moucos,
justamente porque as reivindicações de modificação e de atualização dos aludidos
sistemas estão fora de sintonia com seus objetivos, sempre maléficos e prejudiciais
à modernidade e ao vanguardismo pretendidos para o país, grande em potencial
econômico, mais reduzidíssimo em termos de avanços e conquistas na política e na
administração pública. Não há a
menor dúvida de que o Brasil se encontra na contramão da história
contemporânea, por ainda conviver com o anacronismo e o atraso políticos, que resistem
bravamente ao ingresso da modernidade política e democrática. É pena que os
homens públicos não percebam que o conhecimento humano já atingiu diferentes
níveis de desenvolvimento político-social, em que o bem comum tem sido, como
não poderia ser diferente, o cerne das atividades políticas, com total desprezo
da pouca-vergonha que campeia a politicagem tupiniquim. É induvidoso que a enorme
degradação político-administrativa conta com o beneplácito de significativa parcela
do povo brasileiro, que não se esforça para se conscientizar sobre as maldades e
as ruindades causadas pelos homens públicos à nação e à sociedade, uma vez que
a participação deles na política impede que as pessoas de índole ilibada e
honesta entrem na vida pública para praticarem a bondade em benefício do povo,
exatamente por temerem ser contaminadas pelas perniciosas politicagens e
maculadas irremediavelmente pelo resto da vida. O sentimento generalizado que
se tem das pessoas que estão na política é elas nada fazem em prol dos seus
compromissos de campanha, em cuja oportunidade elas são afinadíssimas com os
problemas localizados da sociedade, identificando-os nos seus mínimos detalhes,
mas os ignoram completamente depois de eleitas, evidentemente sob a perspectiva
de que as mesmas questões e outras surgidas no decurso do tempo as ajudem a se
profissionalizarem na vida pública. O certo mesmo é que as atividades políticas
já se tornaram profissão altamente lucrativa, em especial por oferecer excelente
remuneração e infinitos regalias, mordomias, benesses, auxílios, ajudas,
tráfico de influência e tantas injustificáveis e absurdas vantagens,
absolutamente incompatíveis com os minguados resultados do trabalho dos
representantes do povo. Na verdade, a sua vocação se limita à exclusiva satisfação
de suas fúrias devoradoras dos recursos públicos, em benefício dos seus “legítimos”
interesses, que são plenamente usufruídos em função dos poderes que se encontram
investidos neles ou do exercício dos relevantes cargos públicos eletivos,
emanados justamente pela espontânea e ingênua vontade do povo, que não resiste
na sua leviandade de sempre chancelar seguidos mandatos, mesmo que nada tenha
sido realizado em seu beneficio, como cidadão que tem direito de exigir contraprestação
dos serviços públicos de qualidade, pelos extorsivos tributos, principalmente
quanto à saúde, à educação, à segurança pública, à infraestrutura e tantos
cuidados inerentes à responsabilidade do Estado. Este país vem se tornando cada
vez mais deficiente nas suas estruturas fundamentais de Estado em razão do imperante
e ridículo comodismo da sociedade, que não se esforça o mínimo para modificar o
status quo das irresponsabilidades
cívica e patriótica. A indiferença do povo permite que os maus políticos
continuem faceiros e absolutos na consecução dos próprios objetivos, em detrimento
dos interesses da nação e da população, que assistem a tudo sem o esboço de
qualquer reação, por força do dever cidadão responsável pela escolha e eleição
dos homens públicos, que não têm interesse em corresponder com a dignidade do
seu trabalho em benefício da população. Urge que a sociedade entenda que a
consecução dos saudáveis objetivos de integração e de desenvolvimento nacionais
não encontra respaldo nos trilhos e nos rumos degradantes do socialismo cubano
e venezuelano, que já demostrou por lá seus efeitos massacrantes ao
desenvolvimento político-administrativo e têm o condão de empurrar as nações
para o desabastecimento de alimentos, de água, de energia e das demais
precariedades que apontam para o subdesenvolvimento social e econômico do país.
O povo precisa, com urgência, despertar-se de sua irresponsável letargia
política, perceber que a politicagem arraigada e consolidada tem sido maléfica
aos interesses nacionais e eliminar da vida pública os cidadãos que utilizam a
política para a satisfação de objetivos pessoais ou partidários. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 04 de abril de 2014
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