sábado, 5 de abril de 2014

Anacronismo político-administrativo

A crise político-administrativa que impera há bastante tempo no Brasil reflete exatamente as condições culturais da sociedade, cujo povo demonstra conformismo com a brutal precariedade predominante na politicagem visivelmente prejudicial à modernidade e ao aperfeiçoamento dos mecanismos democráticos, que poderiam funcionar objetivando a construção do bem comum da população. Não é de agora que a sociedade clara por reformas políticas, pela reformulação dos procedimentos arcaicos e obsoletos que regem os sistemas políticos e administrativos do país. Não obstante, seus gritos não encontram ecos e os ouvidos dos homens públicos se fazem de moucos, justamente porque as reivindicações de modificação e de atualização dos aludidos sistemas estão fora de sintonia com seus objetivos, sempre maléficos e prejudiciais à modernidade e ao vanguardismo pretendidos para o país, grande em potencial econômico, mais reduzidíssimo em termos de avanços e conquistas na política e na administração pública. Não há a menor dúvida de que o Brasil se encontra na contramão da história contemporânea, por ainda conviver com o anacronismo e o atraso políticos, que resistem bravamente ao ingresso da modernidade política e democrática. É pena que os homens públicos não percebam que o conhecimento humano já atingiu diferentes níveis de desenvolvimento político-social, em que o bem comum tem sido, como não poderia ser diferente, o cerne das atividades políticas, com total desprezo da pouca-vergonha que campeia a politicagem tupiniquim. É induvidoso que a enorme degradação político-administrativa conta com o beneplácito de significativa parcela do povo brasileiro, que não se esforça para se conscientizar sobre as maldades e as ruindades causadas pelos homens públicos à nação e à sociedade, uma vez que a participação deles na política impede que as pessoas de índole ilibada e honesta entrem na vida pública para praticarem a bondade em benefício do povo, exatamente por temerem ser contaminadas pelas perniciosas politicagens e maculadas irremediavelmente pelo resto da vida. O sentimento generalizado que se tem das pessoas que estão na política é elas nada fazem em prol dos seus compromissos de campanha, em cuja oportunidade elas são afinadíssimas com os problemas localizados da sociedade, identificando-os nos seus mínimos detalhes, mas os ignoram completamente depois de eleitas, evidentemente sob a perspectiva de que as mesmas questões e outras surgidas no decurso do tempo as ajudem a se profissionalizarem na vida pública. O certo mesmo é que as atividades políticas já se tornaram profissão altamente lucrativa, em especial por oferecer excelente remuneração e infinitos regalias, mordomias, benesses, auxílios, ajudas, tráfico de influência e tantas injustificáveis e absurdas vantagens, absolutamente incompatíveis com os minguados resultados do trabalho dos representantes do povo. Na verdade, a sua vocação se limita à exclusiva satisfação de suas fúrias devoradoras dos recursos públicos, em benefício dos seus “legítimos” interesses, que são plenamente usufruídos em função dos poderes que se encontram investidos neles ou do exercício dos relevantes cargos públicos eletivos, emanados justamente pela espontânea e ingênua vontade do povo, que não resiste na sua leviandade de sempre chancelar seguidos mandatos, mesmo que nada tenha sido realizado em seu beneficio, como cidadão que tem direito de exigir contraprestação dos serviços públicos de qualidade, pelos extorsivos tributos, principalmente quanto à saúde, à educação, à segurança pública, à infraestrutura e tantos cuidados inerentes à responsabilidade do Estado. Este país vem se tornando cada vez mais deficiente nas suas estruturas fundamentais de Estado em razão do imperante e ridículo comodismo da sociedade, que não se esforça o mínimo para modificar o status quo das irresponsabilidades cívica e patriótica. A indiferença do povo permite que os maus políticos continuem faceiros e absolutos na consecução dos próprios objetivos, em detrimento dos interesses da nação e da população, que assistem a tudo sem o esboço de qualquer reação, por força do dever cidadão responsável pela escolha e eleição dos homens públicos, que não têm interesse em corresponder com a dignidade do seu trabalho em benefício da população. Urge que a sociedade entenda que a consecução dos saudáveis objetivos de integração e de desenvolvimento nacionais não encontra respaldo nos trilhos e nos rumos degradantes do socialismo cubano e venezuelano, que já demostrou por lá seus efeitos massacrantes ao desenvolvimento político-administrativo e têm o condão de empurrar as nações para o desabastecimento de alimentos, de água, de energia e das demais precariedades que apontam para o subdesenvolvimento social e econômico do país. O povo precisa, com urgência, despertar-se de sua irresponsável letargia política, perceber que a politicagem arraigada e consolidada tem sido maléfica aos interesses nacionais e eliminar da vida pública os cidadãos que utilizam a política para a satisfação de objetivos pessoais ou partidários. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 04 de abril de 2014

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