A queda na aprovação
do governo federal e da corrida presidencial, na última pesquisa Datafolha, pode
indicar a necessidade de se acender sinal amarelo na cúpula petista, que não
esperava que essa avaliação refletisse desempenho bastante desanimador, ante a
indicação de cenário pior para a mandatária do país, que deverá buscar algo
mágico, ainda não conseguido até o momento, para atravessar trovoadas no quadro
econômico, diante da expectativa de que a inflação tende a se elevar, fato que
não é nada bom em se tratando de ano eleitoral, ficando exposto que a presidente
não consegue provar ser boa gestora. Ao contrário da confirmação da eficiência
no comando do país, a petista vem, nos últimos dias, contabilizando sérias
dificuldades e maus resultados conspiratórios contra a sua gestão, em especial
o declínio vertiginoso da principal empresa estatal, em face da apresentação de
seguidos resultados desastrosos, com a constatação ainda de que a petista contribuiu
para que o Conselho de Administração autorizasse a estatal a comprar uma
refinaria nos Estados Unidos da América, por preço superfaturado, causando
enorme prejuízo financeiro à petrolífera brasileira. O dano poderia ter sido
evitado se ela e os ilustres conselheiros tivessem, pelo menos, o cuidado e a
atenção de ter lido os documentos pertinentes ao negócio, que exigiria análise
profunda sobre as condições e os termos essenciais da aquisição, que foi
autorizada em tempo recorde, em evidente demonstração de falta de zelo para com
o patrimônio público e de responsabilidade quanto ao fiel cumprimento do
mandato de conselheiro de órgão de extrema relevância no contexto empresarial. Não
há a menor dúvida de que a inesperada perda de seis pontos na corrida ao
Palácio do Planalto vai ressuscitar a questão desagradável e incômoda do “Volta, Lula”, que parecia ter sido
deixado de lado, mas os petistas opositores da presidente vão aproveitar o
momento negativo dela para forçar a sua substituição pelo todo-poderoso, em
face do melhor desempenho dele na corrida ao primeiro trono do país. O
resultado da pesquisa poderia ser ainda mais desalentador se a desastrada
aquisição da refinaria de Pasadena tivesse sido objeto de abordagem, uma vez
que a recente revelação desse fato precipitou o direcionamento da espada de
Dâmocles sobre a sua cabeça e, de resto, sobre o seu governo, que poderá não resistir
aos fatos visivelmente prejudiciais aos seus planos de continuidade na
Presidência. É evidente que o escândalo resultante das irregularidades na
Petrobras é mais do que suficiente para abalar a credibilidade do governo
petista e até mesmo de obrigar o afastamento dos cargos das pessoas envolvidas,
à vista da demonstração de flagrante incompetência, mas pesam sobretudo na
reprovação da presidente os fatos relacionados com a falta de efetividade de
políticas diferentes da coalizão envolvendo o escrachado fisiologismo, diante
do loteamento dos órgãos públicos e das empresas estatais entre os partidos da
base de sustentação do governo, como forma esdrúxula e ineficiente de
administrar o país, que não consegue apresentar à nação nenhuma realização ou
obra de impacto, como instrumento capaz de transformação e modernização do
país. O resultado da pesquisa, por certo, não reflete ainda o conjunto da obra, que é
absolutamente desanimadora para os padrões da arrecadação das receitas do país,
que tem uma das maiores cargas tributárias do mundo, totalmente incompatíveis
com a capacidade contributiva dos cidadãos, que não conseguem ser atendidos nem
satisfeitos com os serviços públicos prestados, sempre de qualidade inferior. Torna-se
bastante difícil acreditar que o governo, cada vez mais distanciado da realidade
brasileira, pelo anseio de modernidade, reformas e gestão pública com
eficiência, apenas centraliza suas atenções, em detrimento das causas
nacionais, no seu projeto de reeleição e de perenidade no poder, quando deveria
se preocupar, ao contrário, com as prioridades das políticas de Estado, em
especial quanto às reformulações das estruturas do Estado, principalmente das
reformas política, previdenciária, tributária, administrativa, de
infraestrutura etc., as quais foram desprezadas conjuntamente com as importantes
obras nacionais, que são inexistentes, deixando a possiblidade da contabilização
das precariedades que constituem o legado do governo muito pobre em iniciativa
de cunho desenvolvimentista, por ter primado apenas pelo continuísmo e
assistencialismo. Por cuidar apenas da execução do Orçamento da União, na forma
tradicional, que qualquer gestor mediano poderia fazer sem a menor dificuldade,
a avaliação do governo no percentual de 36% extrapola qualquer padrão de
razoabilidade. Espera-se que, quando forem levadas em conta, pela sociedade, as
reais deficiências de gestão da administração pública, a exemplo daquelas
postas à mostra na Petrobras, a verdadeira avaliação de desempenho do governo
poderá ser ainda pior do que a atual, porém bem adequada aos fatos, por
refletir a realidade incontestável de abandono das práticas de zelo, eficiência
e economicidade dos gastos públicos. Urge que as estruturas do Estado sejam
reformuladas, para que a nação possa ser oxigenada com mecanismos e
instrumentos capazes de propiciar condições de funcionamento do parque
industrial, que foi totalmente asfixiado com o caos gerado pela insuportável
carga tributária, causadora do intransponível gargalo que impede o crescimento
da economia e a melhoria dos meios favoráveis à expansão da produção e do
incremento da mão de obra. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 06 de abril de 2014
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