Os petistas próximos
ao deputado amigo ao doleiro preso na Polícia Federal afirmaram que ele confessou
ter medo de ser preso e, por isso, ele se convenceu que seria melhor curvar-se às
pressões do PT, com vistas à opção pela desfiliação ao partido, na esperança de
se manter no exercício do mandato parlamentar. Além disso, o ex-petista preferiu
evitar o processo de expulsão do PT, que seria inevitável, ante a gravidade dos
fatos denunciados, cuja permanência dele nos holofotes da mídia já causava
desgaste ao partido, que se preocupava, sobretudo, com a imagem de seus
candidatos na próxima eleição. Aliás, conforme os resultados dos pleitos eleitorais
anteriores, o povo que vota no PT já demonstrou que os critérios referentes à
ética, honestidade e moralidade não têm influenciado muito nas campanhas dos
candidatos petistas, em clara evidência de que esses princípios não são capazes
de interferir nas suas escolhas, a exemplo das reiteradas explorações dos
escândalos e das corrupções, próprios do partido, que conseguiu emergir das acusações
e eleger seus candidatos, com relativa facilidade, quando o correto seria o
completo repúdio às práticas deletérias e a eliminação dos corruptos da vida
pública. Diante da sua resistência à renúncia ao cargo de deputado federal, não
havia dúvida de que ele temia ser preso, exatamente porque não deve ter
convicção sobre a sua inocência acerca das acusações da prática de
irregularidade. Caso contrário, ele já teria renunciado há muito tempo ao
referido cargo, ante a certeza de ser exitosa a sua defesa contra as acusações
sobre os fatos irregulares, cuja responsabilidade lhe é atribuída. No entanto,
além de ter cometido ato de corrupção, o deputado também é grande mentiroso,
por ter se apresentado no plenário da Câmara dos Deputados, garantindo que
apenas tinha usado o jatinho alugado pelo seu amigo doleiro, para passear nas
férias com a família. Não obstante, a casa caiu de vez quando a Polícia Federal
revelou seu envolvimento com traquinagens junto ao Ministério da Saúde, onde
ele se relacionava com facilidade e desenvoltura com autoridades desse órgão,
justamente para tratar dos interesses do doleiro, a ponto de ter intermediado a
indicação de amigo do ex-ministro da Saúde para integrar a empresa do doleiro.
Ou seja, o deputado vinha se tornando próspero e promíscuo traficante de
influência, com a ajuda do cargo que exerce, naturalmente com o propósito de
levar vantagem, a exemplo do uso do avião, como cortesia do amigo. Agora não
deixa de ser estranho que o PT se curvou à resistência do deputado de se
afastar do partido, que terminou acontecendo somente diante da proximidade do
início da campanha eleitoral, cujo lastimável episódio poderia respingar no desempenho
da candidata petista, que até agora, depois de mais de três anos no cargo de
presidente da República, ainda não disse para que veio, porque os resultados do
seu governo têm sido desastrosos, principalmente pela marca indelével dos casos
de corrupção e de irregularidades com recursos públicos, além das alianças
marcadas pelo sinete da excrescência do fisiologismo no serviço público, com o
vergonhoso loteamento de ministérios e empresas estatais aos partidos de
sustentação do governo no Congresso Nacional, tornando a administração sem
credibilidade gerencial, em termos de capacidade de realizações e de
eficiência. Numa avaliação fria, com base nos resultados do desempenho
administrativo, nos últimos anos, não há a menor dificuldade de se concluir que
o país foi totalmente incapaz de brigar por lugar entre os países
desenvolvidos, por não ter tido a capacidade de reformular as anacrônicas e
obsoletas estruturas do Estado, que demonstra envelhecimento e condições desfavoráveis
ao progresso, diante das pesadas cargas previdenciária, tributária e demais
encargos sociais, do sistema político estruturado exclusivamente para a plena
satisfação pessoal dos homens públicos, que não se envergonham de prejudicar o
interesse público com sua atuação política, além de tantas precariedades na
gestão pública, em especial diante da desmoralizante falta de priorização das
ações e dos programas de governo, que tem a injustificável iniciativa de
organizar no país a Copa do Mundo de Futebol, sem antes ter debelado as
principais causas do subdesenvolvimento que grassa o país. A sociedade precisa
se despertar da inadmissível letargia que sufoca e asfixia qualquer
possibilidade de mudança desse modelo retrógrado de administração do país, sem
a menor esperança de mudanças, com vistas à modernidade e ao aperfeiçoamento
dos sistemas social, político e econômico, por ser assim que a classe dominante
sente realizada com seus propósitos de ideologia de continuidade no poder, em
total contradição aos avanços da humanidade, em sintonia com os conhecimentos
científicos e tecnológicos. Urge que a sociedade repudie as práticas de
corrupção na administração pública e exija imediata reformulação dos sistemas
político-administrativos, como forma de propiciar a sua moralização e a
retomada do desenvolvimento do país, com base em princípios consolidados na
ética, na legalidade, na moralidade, na honestidade e no estrito respeito aos
interesses públicos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 25 de abril de 2014
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