quinta-feira, 10 de abril de 2014

A mediocridade da índole tupiniquim

Segundo se especula, a provável iminência de racionamento de água o Estado de São Paulo poderá ser objeto de uso político pelo Palácio da Alvorada como contraposição às críticas do pré-candidato do PSDB à Presidência da República, que vem disseminando, com frequência, a ideia de que os fatos vindo à lume nos últimos dias evidenciam que a petista não passa de gerente ruim, a exemplo da aquisição da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos da América, o aumento da inflação, a crise no sistema elétrico, a ingerência desastrosa na Petrobras etc. O certo é que a presidente prefere que, por enquanto, o pré-candidato do PT ao governo do Estado de São Paulo ataque diretamente o tucano, com a enfática alegação de que a crise atual é decorrente da incúria administrativa. Com isso, ela deixa de se envolver diretamente no episódio, mas tem a esperança de que o PT pode tirar proveito político da dificuldade do tucano, que não consegue se desvincular dela, quando se sabe que o abastecimento de água em São Paulo atingiu situação delicada e dramática para a população. Inobstante, não menos graves são os problemas nacionais, na área energética, a ponto de se criar momentânea resistência, por cautela, às críticas ao tucano paulista. No plano nacional, existe enorme preocupação com o nível dos reservatórios das hidrelétricas, fato que elevou a conta bastante salgada do Tesouro para bancar o subsídio à tarifa de energia, que foi aproveitada, há pouco tempo, para a presidente se vangloriar de ter baixado o valor da eletricidade para a população, mas o revés decorrente da falta de chuvas forçou o uso das termelétricas, praticamente no seu limite máximo, com potencial encarecimento do custo da energia. Para o governo federal, é quase certo o racionamento de água no Estado de São Paulo, causando inevitável transtorno à vida da população, principalmente com a escassez do precioso líquido afetando gravemente o pessoal da capital. Esse fato, que é considerado gravíssimo, tem suscitado inquietação dos petistas, por terem muita dificuldade para atacar o tucano, sem serem atingidos, quanto ao temer acerca das consequências da sua atitude, exatamente por ainda não terem certeza sobre o momento ideal para fazer uso dessa poderosa arma política, cujo tiro, se não disparado com precisão, poderá sair pela culatra e atingir o alvo contrário. Embora o PT sinta-se bastante incomodado com as críticas oriundas do PSDB à presidente petista, o momento do contra-ataque tem sido objeto estratégia política. Não há a menor dúvida de que a situação é bastante delicada, principalmente porque o Palácio do Planalto também evita pesar nas críticas ao governador de tucano, com destaque quanto à possível incompetência na gestão do abastecimento de água, para que o fato em si não venha respingar na imagem do Brasil no exterior, à vista da proximidade da Copa do Mundo, que não combina nem um pouco com a anunciada eficiência da realização da “Copa das Copas”, fato esse que poderia funcionar desfavorável para a presidente, em termos de ganhos políticos, porque ela estaria batendo, ao mesmo tempo, no cravo e na ferradura, fato que poderia atingir também a gestão do país. Apesar das possíveis implicações políticas, há alas petistas que defendem que o desgaste pela crise no abastecimento de água em São Paulo deve ser atribuído o quanto antes à ineficiente gestão do tucano, como forma de o PT poder tirar proveito e contabilizar possíveis ganhos políticos com a situação, fazendo com que o governador seja desacreditado perante a opinião pública. À toda evidência, o PT não perde oportunidade para acusar ou criticar as falhas dos adversários, mesmo que elas possam ter a importante contribuição da natureza, como parece ser o caso o sistema de abastecimento de águas de Cantareira, em São Paulo, fato que não livra o tucano de ter cometido possível cochilo na administração da alçada do Estado, por não ter adotado alguma medida saneadora sobre problemas localizados, que interferiram no abastecimento de água da capital paulistana, principalmente. É certo que o PT ainda não abriu o verbo contra o governador tucano porque o castigo pode se voltar contra o acusador, com possível alegação de má administração do sistema elétrico nacional, que também corre risco de abastecimento de energia devido à falta investimentos e de chuvas nas proximidades das barragens, obrigando o uso das velhas e ineficientes usinas termoelétricas, que bastante consomem óleo diesel e encarecem o custo da produção. Os fatos demonstram o quanto a política tupiniquim não consegue se desenvolver de forma positiva e construtiva, ante a permanente expectativa de os adversários, de índoles pouco elevadas, se aproveitarem das possíveis falhas administrativas para se vangloriarem da desgraça que elas podem representar, quando o ideal seria a contemporização dos fatos, para a superação das dificuldades, tendo em vista que, em última análise, é a sociedade que se encontra no olho do furacão e precisa do entendimento e do equacionamento das questões relacionadas com os abastecimentos de água, em São Paulo, e de energia elétrica, no país inteiro, e tudo está à mercê da competência e do bom-senso dos governantes, para que não haja prejuízo para a população. O Brasil precisa, com urgência, de políticos competentes, independentemente de filiação partidária, que tenham a consciência e a mentalidade estritamente pública, com vocação apenas para tratar das questões que levem à satisfação do interesse público, sem qualquer vinculação ou preocupação com os fins meramente pessoais ou partidários, porque isso demonstra retrocessos político e democrático, que são incapazes de contribuir para o desenvolvimento da sociedade e do país. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 09 de abril de 2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário