Segundo se especula, a provável iminência de
racionamento de água o Estado de São Paulo poderá ser objeto de uso político pelo
Palácio da Alvorada como contraposição às críticas do pré-candidato do PSDB à
Presidência da República, que vem disseminando, com frequência, a ideia de que
os fatos vindo à lume nos últimos dias evidenciam que a petista não passa de gerente
ruim, a exemplo da aquisição da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos da
América, o aumento da inflação, a crise no sistema elétrico, a ingerência
desastrosa na Petrobras etc. O certo é que a presidente prefere que, por
enquanto, o pré-candidato do PT ao governo do Estado de São Paulo ataque
diretamente o tucano, com a enfática alegação de que a crise atual é decorrente
da incúria administrativa. Com isso, ela deixa de se envolver diretamente no
episódio, mas tem a esperança de que o PT pode tirar proveito político da
dificuldade do tucano, que não consegue se desvincular dela, quando se sabe que
o abastecimento de água em São Paulo atingiu situação delicada e dramática para
a população. Inobstante, não menos graves são os problemas nacionais, na área energética,
a ponto de se criar momentânea resistência, por cautela, às críticas ao tucano
paulista. No plano nacional, existe enorme preocupação com o nível dos
reservatórios das hidrelétricas, fato que elevou a conta bastante salgada do Tesouro
para bancar o subsídio à tarifa de energia, que foi aproveitada, há pouco tempo,
para a presidente se vangloriar de ter baixado o valor da eletricidade para a
população, mas o revés decorrente da falta de chuvas forçou o uso das
termelétricas, praticamente no seu limite máximo, com potencial encarecimento do
custo da energia. Para o governo federal, é quase certo o racionamento de água
no Estado de São Paulo, causando inevitável transtorno à vida da população, principalmente
com a escassez do precioso líquido afetando gravemente o pessoal da capital. Esse
fato, que é considerado gravíssimo, tem suscitado inquietação dos petistas, por
terem muita dificuldade para atacar o tucano, sem serem atingidos, quanto ao
temer acerca das consequências da sua atitude, exatamente por ainda não terem
certeza sobre o momento ideal para fazer uso dessa poderosa arma política, cujo
tiro, se não disparado com precisão, poderá sair pela culatra e atingir o alvo
contrário. Embora o PT sinta-se bastante incomodado com as críticas oriundas do
PSDB à presidente petista, o momento do contra-ataque tem sido objeto
estratégia política. Não há a menor dúvida de que a situação é bastante
delicada, principalmente porque o Palácio do Planalto também evita pesar nas
críticas ao governador de tucano, com destaque quanto à possível incompetência na
gestão do abastecimento de água, para que o fato em si não venha respingar na
imagem do Brasil no exterior, à vista da proximidade da Copa do Mundo, que não
combina nem um pouco com a anunciada eficiência da realização da “Copa das
Copas”, fato esse que poderia funcionar desfavorável para a presidente, em
termos de ganhos políticos, porque ela estaria batendo, ao mesmo tempo, no
cravo e na ferradura, fato que poderia atingir também a gestão do país. Apesar
das possíveis implicações políticas, há alas petistas que defendem que o desgaste
pela crise no abastecimento de água em São Paulo deve ser atribuído o quanto
antes à ineficiente gestão do tucano, como forma de o PT poder tirar proveito e
contabilizar possíveis ganhos políticos com a situação, fazendo com que o
governador seja desacreditado perante a opinião pública. À toda evidência, o PT
não perde oportunidade para acusar ou criticar as falhas dos adversários, mesmo
que elas possam ter a importante contribuição da natureza, como parece ser o
caso o sistema de abastecimento de águas de Cantareira, em São Paulo, fato que não
livra o tucano de ter cometido possível cochilo na administração da alçada do
Estado, por não ter adotado alguma medida saneadora sobre problemas
localizados, que interferiram no abastecimento de água da capital paulistana,
principalmente. É certo que o PT ainda não abriu o verbo contra o governador
tucano porque o castigo pode se voltar contra o acusador, com possível alegação
de má administração do sistema elétrico nacional, que também corre risco de
abastecimento de energia devido à falta investimentos e de chuvas nas
proximidades das barragens, obrigando o uso das velhas e ineficientes usinas
termoelétricas, que bastante consomem óleo diesel e encarecem o custo da
produção. Os fatos demonstram o quanto a política tupiniquim não consegue se
desenvolver de forma positiva e construtiva, ante a permanente expectativa de
os adversários, de índoles pouco elevadas, se aproveitarem das possíveis falhas
administrativas para se vangloriarem da desgraça que elas podem representar,
quando o ideal seria a contemporização dos fatos, para a superação das
dificuldades, tendo em vista que, em última análise, é a sociedade que se
encontra no olho do furacão e precisa do entendimento e do equacionamento das
questões relacionadas com os abastecimentos de água, em São Paulo, e de energia
elétrica, no país inteiro, e tudo está à mercê da competência e do bom-senso
dos governantes, para que não haja prejuízo para a população. O Brasil precisa,
com urgência, de políticos competentes, independentemente de filiação
partidária, que tenham a consciência e a mentalidade estritamente pública, com
vocação apenas para tratar das questões que levem à satisfação do interesse
público, sem qualquer vinculação ou preocupação com os fins meramente pessoais
ou partidários, porque isso demonstra retrocessos político e democrático, que
são incapazes de contribuir para o desenvolvimento da sociedade e do país.
Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 09 de abril de 2014
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