domingo, 6 de abril de 2014

Constrangedora incompetência

Se existe uma estatal que foi usada e abusada à exaustão, tanto em termos políticos e de ingerência, pelo governo federal, não há a menor dúvida de que a Petrobras é disparada a campeã de maus tratos administrativos, com destaque para o gerenciamento das políticas de preços, para não interferir negativamente nos planos do Palácio do Planalto, sob a ótica eleitoreira, o preenchimento dos cargos importantes por afilhados políticos, em especial das hostes do maior partido aliado do governo, que a utiliza como verdadeiro cabide de empregos, em troca do indigno apoio político. Com certeza, nunca na história desta nação uma empresa pública passou por intenso processo de intervenção pela cúpula da administração do país, com a finalidade de se beneficiar politicamente dela. Em consequência do evidente desastre no gerenciamento da petrolífera que já foi considerada símbolo de eficiência e de produtividade do país, tendo servido de marketing para presidente, tem-se a contabilização, agora, de resultado altamente prejudicial ao patrimônio dela e aos interesses da nação e dos investidores, que tiveram significativas perdas superiores a 50% do capital investido. Os fatos mostram com clareza solar que a culpa pelo malogro da administração da estatal deve ser atribuído ao presidente da República, que tem competência para indicar seu presidente e seus diretores – a maioria composta por políticos e apaniguados - responsáveis por seu gerenciamento, que conta com o acompanhamento, a fiscalização e a orientação do Conselho de Administração, constituído por ministros e empresários escolhidos a dedo pela absoluta confiança do Palácio do Planalto, que não pode se eximir da culpa pelo fracasso dos resultados econômicos da estatal. O certo é que, enquanto existiam resultados superavitários, em face dos expressivos lucros financeiros, o então presidente se vangloriava, não perdia tempo para contabilizar os louros a seu favor e pousava para a mídia de macacão e mãos lambuzadas de petróleo anunciando a autossuficiência do Brasil, tendo a tiracolo a ministra das Minas e Energia, que seria responsável pelo êxito que não se efetivou, contrapondo, de forma constrangedora, à vista da cruel realidade do momento atual. A evidente reviravolta acontecida com as perdas havidas e os insucessos decorrentes dos fracassos operacionais, em termos de investimentos e operacionalidade, podem contribuir para atrapalhar, de maneira decisiva, os planos da reeleição da presidente da República, que teve significativa participação na injustificável compra da refinaria de Pasadena, nos EUA, por preço supostamente superfaturado, ante as condições de mercado que não representavam os valores realmente compatíveis com o patrimônio envolvido no negócio, conforme reiteradas manifestações de especialistas e entendidos do ramo, haja vista que a refinaria tinha sido vendida, um ano antes, à empresa belga Astra Oil, por US$ 42,5 milhões. Não obstante, ante a falta de informação ou até mesmo por desleixo intencional, o Conselho de Administração da empresa, integrado pela presidente da República, então na qualidade de ministra, não teve o cuidado para perceber que, para adquirir a metade do empreendimento, a estatal se obrigava a desembolsar 8,5 vezes mais do que a Astra gastou pouco antes pela refinaria inteira. O conjunto dos fatos nada animadores, representado por expressiva perda do valor de mercado, indecente loteamento de cargos, manobras artificiais de preços e negócios injustificáveis, a exemplo da compra da refinaria nos Estados Unidos, pelo custo inicial de US$ 360 milhões para um gasto final de mais US$ 1,3 bilhão, entre outros contrapontos prejudicais aos interesses da estatal, exige que o PT - sempre habituado a fazer uso da Petrobras para tirar proveito dela e atacar os adversários – seja muito competente para prestar explicações e justificativas plausíveis à sociedade acerca das precariedades e dos danos causados à empresa que tanto orgulho já propiciou aos brasileiros. Compete à sociedade, no estrito respeito ao dever cívico e patriótico, repudiar a gestão ineficiente e prejudicial aos interesses da Petrobras, exigir urgentes apurações sobre os fatos irregulares denunciados, bem assim, se o for o caso, a responsabilização dos envolvidos e eliminar da vida pública os maus administradores públicos, que são incapazes de perceber que os órgãos públicos e as empresas estatais não podem servir aos inescrupulosos interesses pessoais e partidários, em face do inarredável ferimento aos princípios da administração pública. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 05 de abril de 2014

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