O jornal "Folha de S.Paulo" publicou
reportagem informando que o vice-presidente da Câmara dos Deputados, do PT do Paraná,
fez uso, no início deste ano, para viajar a João Pessoa/PB, de avião emprestado
por um amigo doleiro, que se encontra preso na Polícia Federal, por integrar os
membros alvo da operação Lava Jato, sob suspeita da movimentação de cerca de R$
10 bilhões em lavagem de dinheiro. A assessoria do parlamentar confirmou a aludida
viagem. O petista, considerando normal seu censurável procedimento, disse que
tem relação de amizade com o doleiro há 20 anos, quando os dois se conheceram
de Londrina, no Paraná. Ele disse estranhar “o vazamento seletivo de mensagens pessoais. Onde se tenta confundir com
alguma ilegalidade, uma relação de 20 anos, de moradores de uma mesma cidade"
e considerou que as relações com o doleiro se deram "dentro da legalidade". E disse ainda que "Conhecer alguém há 20 anos não é crime.
Alberto Youssef é empresário de minha cidade. Dono do maior hotel da cidade. E
os encontros, contatos e a relação se deram dentro da legalidade. Qualquer
homem público poderia passar por isso.". O deputado afirmou à
"Folha" que pediu o avião emprestado porque as passagens comerciais
estavam caras e que ele pagou pelo combustível. A "Folha de S.Paulo" revelou que o parlamentar teria
tratado de assunto de interesse do doleiro no Ministério da Saúde, à vista de ter
flagrado conversa do petista com o secretário de Ciência, Tecnologia e Insumos
Estratégicos do ministério, envolvendo a empresa Labogen, investigada na
operação Lava Jato. Segundo relatório da Polícia Federal, o deputado havia
informado ao doleiro que “a reunião com
Gadelha foi boa demais" e que "Gadha garantiu que vai nos ajudar". Dias depois, o petista deixou
"Claro que, com relação ao avião, eu
reconheço, fui imprudente. Foi um equívoco. Deveria ter evitado. Peço desculpas
aqui e à minha família". Quanto à sua participação nas negociatas no
Ministério da Saúde, o petista disse que foi procurado por um empresário que
desejava providenciar parceria entre o laboratório e aquele órgão, tendo apenas
"o orientado na forma da lei".
Em conclusão, o parlamentar afirmou que "Nunca estive com Gadelha ou com qualquer outro funcionário para tratar
desse projeto. No vazamento eu digo que a reunião com Gadelha foi boa, porque
me encontrei com um representante oficial da empresa no aeroporto e ele disse
que a reunião com Gadelha foi boa". Diante do clamoroso escândalo
protagonizado pelo deputado petista, o PSDB e o DEM já anunciaram a pretensão
de entrar com representação no Conselho de Ética da Câmara, solicitando
investigação sobre o uso do jatinho em apreço, sob a alegação da quebra do
decoro parlamentar. Com certeza, o petista voador não será punido com qualquer
pena, em virtude de a sua atitude indecorosa ter sido bastante relevante, por
ter por base a sua boa amizade de mais de vinte anos com um doleiro preso, em
função da confiança existente entre amigos de longa data, em demonstração de completa desmoralização do Parlamento. Infelizmente, grande
parte dos parlamentares considera normal que seus pares possam deixar de
observar os saudáveis princípios da ética, da moralidade e do decoro que se
exigem dos homens públicos que têm compromisso com a dignidade e a decência no
cumprimento do nobilitante exercício de cargos públicos eletivos. Veja-se que o
partido a que o deputado é filiado simplesmente se calou sobre o fato espúrio e
antiético, o que significa sua leniência com a grave irregularidade e o seu consentimento
com atos ilícitos e recrimináveis, ante a promiscuidade cristalina e patenteada
na amizade de pessoa pública com criminoso, que se encontra preso por suspeita
de delinquência e de enriquecimento ilícito. Num país sério, o desvio de
conduta, no caso em comento, implica, no mínimo, a perda do cargo, pelo
desprezo aos princípios da ética, da moralidade e do decoro. Na tentativa de se
justificar pela ilegalidade praticada, o parlamentar somente conseguiu piorar
ainda mais o que já estava péssimo, quando a sua enorme desfaçatez não convenceu
nem mesmo a ele, por ter percebido que a sua mentira só aumentava de tamanho,
por falta de argumento plausível, apenas baseado no respeito à amizade com um
criminoso e ainda por deixar claro que a tentativa de se justificar não tem uma
vírgula que seja verossímil à realidade do justificável. A situação do petista
se torna bem grave diante do fato de ter, há poucos dias, se comportado de
forma deselegante e extrapolado a boa compostura parlamentar, ao ser
deselegante e debochado na mesa do Senado Federal com o presidente do Supremo
Tribunal Federal, como se o parlamentar fosse exemplo de correção e de decoro. Compete
à sociedade recriminar a atitude indecorosa do parlamentar petista, por ter
usado avião particular em atendimento de interesse pessoal, em contrariedade
aos princípios éticos, morais e legais, exigir que a Câmara dos Deputados
promova a devida penalidade ao deputado, por quebra do decoro parlamentar, como
medida pedagógica e exemplar, e eliminar da vida pública os homens públicos que
desprezam os preceitos da dignidade e da honorabilidade no exercício de cargos
públicos eletivos. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 03 de abril de 2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário