sábado, 12 de abril de 2014

A repetição do péssimo exemplo

 No momento, encontra-se acesa a luz amarela na Assembleia Geral da Associação das Federações Internacionais Olímpicas de Verão, que se reuniu na Turquia para discutir exatamente o andamento das obras e a situação dos preparativos na capital fluminense,  cujos debates circunscreveram em meio às preocupações e às muitas críticas acerca da preparação do Rio de Janeiro para os Jogos Olímpicos de 2016. Diante do terrível panorama vislumbrado, da inquietação e das movimentações nos bastidores do encontro, houve o anúncio, pelo presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), de plano estratégico de apoio à organização do evento, dando a entender claramente que se trata de firme posicionamento de alerta do organismo internacional, que demonstra a dimensão da insatisfação das autoridades estrangeiras sobre o andamento nada animador das obras pertinentes ao evento. Com relação ao fato, o ministro do Esporte, que, antes, com relação aos atrasos das obras da Copa do Mundo, saiu-se com a pérola de que elas são como noiva, que pode atrasar um pouco, mas o sucesso do casamento é garantido, disse que “O Rio de Janeiro, quando foi escolhido, já em uma segunda candidatura, assumiu responsabilidades que vêm sendo cumpridas”, não acreditando que o Rio de Janeiro possa perder a Olimpíada. Por entenderem que os trabalhos estão acontecendo de forma harmoniosa, as autoridades brasileiras não acreditam em intervenção política do COI na execução das obras para a Olimpíada, em que pese a vinda do seu diretor executivo ao Rio, para solucionar problemas de cronograma. Diante dos acontecimentos e até mesmo das evidências, o país somente deveria assumir compromissos para realizar eventos internacionais importantes somente após solucionar suas pletoras mazelas e precariedades sociais e ainda comprovar que realmente tem condições de cumprir as obrigações pertinentes, sem que os organismos estrangeiros fiquem cobrando com frequência a correção das falhas e até impondo indevidas intervenções, ante a demonstração de incapacidade para cumprir, nos prazos, os cronogramas das obras acordadas, que são da sua integral responsabilidade. Percebe-se que a marca registrada da incompetência gerencial pública se impõe como modelo que contraria completamente a evolução da modernidade administrativa, pela demonstração de resistência ao aperfeiçoamento da gestão pública, mesmo diante de exemplos de incapacidade que se renovam constantemente, como é o caso típico dos empreendimentos para a realização da Copa do Mundo, que foram objeto de cobranças e críticas por parte das autoridades do futebol internacional, apontando as falhas, os atrasos e as imprecisões, mas as correções parciais estão sendo feitas apenas no grito e no sufoco. A qualidade dos homens públicos tupiniquins já não é mais nenhuma novidade para o povo brasileiro, que já está mais do que calejado com suas quebras de promessas de campanha e seu desrespeito contumaz aos compromissos para com a sociedade, tornando-se de maior gravidade o fato de, em muitos casos, a sua participação na vida pública se restringe à satisfação dos interesses pessoais ou partidários, em detrimento dos fins eminentemente político e democrático de servir o bem comum, com a consecução de medidas em benefício da sociedade. Agora, é inevitável que a capacidade dos homens públicos do país vai ser conhecida também no exterior, com a transparência da sua indelével marca da falta de competência para cumprir, com rigor, os ajustes celebrados. É evidente que a Olimpíada vai ser realizada no Rio, mas as obras, como de costume, serão realizadas a trancos e barrancos, entre cobranças e intervenções, seguindo o péssimo roteiro de exemplo das obras para a Copa do Mundo, cujo caderno de compromissos entregue à Fifa ficou pelo caminho, prejudicando as obras referentes à mobilidade urbana, que seria importante legado para a população, mas jamais serão iniciadas, quanto mais realizadas. É bastante vergonhoso o país se comprometer, no ato da indicação da sede dos Jogos Olímpicos, a implementar as obras indispensáveis à sua realização, mas somente consegue concluir parte delas e ainda no limite do prazo. No caso da Olimpíada, o empreendimento se circunscreve à Cidade Maravilhosa, mas as obras também têm interferência do governo federal, que já participa com maciça parcela de recursos públicos, havendo razão de incerteza e insegurança sobre o ritmo das obras. Não há dúvida de que se forem levados em consideração o vexame e a incompetência quanto à implementação das obras para a Copa do Mundo, o Comitê Olímpico Internacional não deveria perder um segundo de tempo para se retirar à francesa do Brasil e indicar o quanto antes possível outra cidade para sediar a próxima Olimpíada, desde que seja administrada por gestores públicos capazes e cônscios da suprema responsabilidade de cumprir fielmente os compromissos pertinentes à realização de tão importante evento.
 
ANTONIO ADALIR FERNANDES
Brasília, em 10 de abril de 2014

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