Diante da complicada
situação pela qual passa a Petrobras, totalmente envolta no mar de lama que
foram expostos os negócios da empresa, nos últimos dias, em especial com a
bombástica compra superfaturada da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos da
América, em que ficou comprovado o prejuízo do montante de US$ 530 milhões, o
ex-presidente da estatal admitiu em entrevista ao Estado sua parcela de
responsabilidade no polêmico negócio, mas deixou claro que o ônus deve ser dividido
com a presidente da República, que, à época, era presidente do Conselho de
Administração da empresa. Ao defender a compra da citada refinaria, alegando as
circunstâncias daquele momento, ele disse que o relatório entregue ao
mencionado conselho foi realmente "omisso", ao esconder duas
cláusulas que constavam do contrato, mas a mandatária do país, que era ministra
da Casa Civil e presidia o conselho, "não
pode fugir da responsabilidade dela. Nós
somos responsáveis pelas nossas decisões. Mas é legítimo que ela tenha
dúvidas.”. Como não poderia ser diferente, ele defende com unhas e dentes a
compra da refinaria, que teria sido bom negócio à época. Noutro trecho, ele alfineta
sua sucessora, quando afirma que a Petrobrás não foi construída nos dois anos
de gestão da atual presidente da estatal e “que
a queda do preço das ações da estatal não se deve a Pasadena, mas à conjuntura
externa, afetada pela crise financeira global de 2008, e à política do governo
de manutenção artificial dos preços da gasolina no Brasil abaixo do mercado
internacional. Política que, está contaminada pela disputa eleitoral”. Ele
contesta a presidente do país, afirmando que o relatório não tenha sido falho, porém
entende que ele foi omisso, por não ter apresentado aos conselheiros as duas
cláusulas questionadas (Put Option,
que obrigou a Petrobrás a comprar a outra metade da refinaria, e Marlim, que
compensaria a então sócia Astra por possíveis prejuízos), “mas isso não é relevante, a meu ver, para a decisão do conselho. O que
é relevante é se o projeto é aderente tecnológica e estrategicamente ao que
você faz e ter dado rentabilidade com os pressupostos daquele momento. Essas
três condições fariam a decisão do negócio.”, O curioso é que ele
afirmou na Câmara dos Deputados que a compra da refinaria foi bom negócio, em
contraposição ao que foi declarado pela atual presidente da estatal, que, de
forma enfática, afirmou que houve má aquisição. Na visão dele, não há
divergência alguma entre eles, porque a presidente “disse de forma explícita que hoje ela não faria o negócio, mas que na
época foi um bom negócio.”. Causa estranheza que, apesar de os fatos mostrarem
que a administração petista contribuiu decisivamente para a bancarrota da
Petrobras, com a significativa perda do seu patrimônio, mas seu ex-presidente,
não admitindo a visível incompetência gerencial, culpa a oposição por ter feito
campanha irresponsável contra a estatal, que “é um patrimônio nacional extremamente bem gerido, com uma competência
instalada extraordinária. O ataque só pode ser entendido por interesses
eleitoreiros combinados com alguns interesses muito mais complicados.”. Ou
seja, mais uma vez, a culpa de notório fracasso petista é atribuída à oposição,
por ser responsável pela realização de campanha contra a estatal, com o
propósito de se beneficiar eleitoralmente, quando, sabidamente, o Brasil sabe
quem arrasou a estatal e a oposição denuncia a precariedade da sua gestão e pretende
apurar as irregularidades que resultaram na enorme perda do seu patrimônio,
como forma de estancar a sangria de recursos de seus cofres. O ex-presidente
insiste em não reconhecer a incompetência gerencial da empresa como fator preponderante
para sua frágil situação econômico-financeira, imputando-a à crise financeira
mundial, que reduziu a demanda de petróleo dos EUA, e à queda do preço do
petróleo e do mercado de ações, a exemplo do que ocorre no Brasil, onde as
ações da estatal estão sendo penalizadas em virtude de o reajuste dos preços da
gasolina e do diesel no mercado nacional se processar bem abaixo dos preços
praticados no exterior. É muito importante que a sociedade se conscientize
sobre quem são realmente os responsáveis pelo desastroso gerenciamento da
Petrobras, mesmo que uma das principais pessoas envolvidas no imbróglio tente desesperadamente
fugir da sua culpa, e entenda que uma empresa da maior relevância para os
destinos da nação, no que diz respeito à exploração do potencial energético em
seu benefício, jamais pode ficar sob a administração de pessoas que já demonstraram,
comprovadamente, má gestão econômico-financeira, sob pena de a continuidade gerencial
levar à completa destruição da empresa, que já foi símbolo de competência,
eficiência e progresso, nos tempos áureos quando ela ainda não era explorada
para a satisfação de finalidades político-eleitoreiras e era administrada por
especialistas e técnicos de reconhecida capacidade. Acorda, Brasil!
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 22 de abril de 2014
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