sábado, 19 de abril de 2014

Verdadeiro crime de avaliação

As pesquisas de intenção de voto à carreira presidencial revelam que a presidente da República sofreu pequena derrapada, saltando de 40% em março para 37% neste mês. Apesar da queda na disputa, o Ibope, responsável pela realização e divulgação do resultado da pesquisa, afirma que ela venceria a eleição no primeiro turno se tivesse hoje como adversários o senador tucano e o socialista ex-governador de Pernambuco, além de outros sete candidatos de pequenos partidos, tendo em conta que a soma dos votos válidos dos concorrentes dela é inferior àquele percentual. Convém se atentar que as candidaturas para a eleição de 2014 somente serão oficializadas no próximo mês de junho, ocasião em que os partidos deverão realizar convenções para escolher seus representantes na corrida presidencial de 5 de outubro vindouro. O Ibope informa que o tucano atingiu 14% das intenções de voto e o socialista não passou de 6% dos entrevistados, no total de 2.002 ouvidos, entre pessoas com mais de 16 anos, em 140 municípios. Parece induvidoso que, se os organizadores e os interessados quisessem saber a real intenção de votos para a eleição presidencial, teriam a dignidade democrática de estender a pesquisa à maior abrangência possível, inclusive permitindo a participação de internautas, devidamente identificados, para que a população pudesse se manifestar de forma espontânea e consciente sobre o que pensa sobre a continuidade ou não do governo que, à toda evidência, não convence, por sua fragilidade como administra e gerencia a nação, principalmente quanto à sua omissão acerca das questões prioritárias e essenciais ao desenvolvimento do país. É inacreditável que mesmo uma quantidade irrisória de eleitores, tão somente de 2.002 pessoas, tenha condições de avaliar a real capacidade do governo que foi capaz de empurrar a maior empresa brasileira para o precipício econômico-financeiro, com a desastrosa realização de empreendimentos que causaram enormes prejuízos ao país, a exemplo da aquisição de uma refinaria quebrada e deficitária, além de tantas e inumeráveis precariedades administrativas. Não há dúvida de que o governo já demonstrou claramente que não tem as condições mínimas de governar o país, à vista das enormes questões que permanecem intocáveis e sequer foram pensadas nos últimos doze anos, em especial a modernidade e a reformulação das estruturas do Estado, que impedem o crescimento social e econômico da nação. Chega a ser ridículo e até risível que tão somente 2.002 pessoas pesquisadas sirvam de parâmetro para o instituto de pesquisa se arvorar a dizer, de forma precipitada e irresponsável, que a presidente seria eleita ainda no primeiro turno, como se essa parcela superínfima tivesse condições de respaldar a avaliação legítima que compete aos aproximados 140 milhões de eleitores. Esse fato tanto significa de ridículo como é fruto de conclusão absolutamente compatível com integral irresponsabilidade de avaliação da pesquisa, cuja origem deveria ter a dignidade de dizer que a presidente seria eleita ainda no primeiro turno se a eleição fosse decidida somente por 2.002 eleitores pesquisados. O resultado da pesquisa em apreço caracteriza verdadeiro crime de avaliação, porque induz às pessoas concluírem sobre o desempenho dos candidatos à Presidência com base em elementos absolutamente imprecisos e insuficientes. Além do mais, o percentual atribuído à presidente do país tem o condão de se permitir que ela possa imaginar que estaria realmente administrando o país, quando esse fato é bastante prejudicial aos interesses nacionais, porque a nação vem passando por visível carência de governabilidade, conforme mostraram as manifestações dos protestos das ruas. Cada vez que sai o resultado de pesquisa sobre intenção de voto para presidente da Republica, as pessoas com um pouco de consciência e de maturidade política percebem claramente que o país precisa evoluir muito e com o máximo de urgência para sair desse eterno atraso de incompetência, precariedade e ineficiência da administração pública, que não consegue sair da mesmice de gerenciar apenas os programas assistencialistas, a exemplo do Bolsa Família, com suas visíveis deficiências de organização e de controle, em que os benefícios são pagos até a quem não faz jus, além das coalizões espúrias e inescrupulosas exclusivamente para possibilitar a continuidade no poder. A sociedade não pode permitir que as precariedades, as deficiências e as incompetências gerenciais continuem tendo prevalência na administração pública, por não se vislumbrar que o atual governo tenha condições de promover as reformulações estruturais e estratégicas do Estado, como forma capaz de possibilitar o real desenvolvimento do país. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
Brasília, em 18 de abril de 2014

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