sábado, 25 de abril de 2015

Maturidade diplomática

O governo da Itália autorizou a extradição do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil para o Brasil, onde deverá cumprir o restante da condenação, pelo Supremo Tribunal Federal, de 12 anos e 7 meses de prisão no julgamento do mensalão do PT, pelos crimes de corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro.
Em 2013, ele fugiu para a Itália, antes de sair o seu mandado de prisão. Mais tarde, ele foi encontrado e preso pela Interpol em Maranello, já em 2014, sendo que, na ocasião, ele portava documentos falsos, em nome de um irmão dele, já falecido.
Esse fato se tornou inusitado, porque é a primeira vez que a Itália extradita cidadão italiano para o Brasil, em que pese a negativa deste quanto à extradição de um italiano, mesmo que ele tenha sido condenado, naquele país, pelo assassinato de quatro italianos.
A defesa do mensaleiro resistia quanto à concessão da extradição, sob a alegação de que os presídios brasileiros, mais conhecidos pelo próprio ministro da Justiça como verdadeiras masmorras, não possuem condições para propiciar garantia de proteção dos direitos humanos dos presos. Argumento nesse sentido teve peso na primeira decisão, quando o mensaleiro foi autorizado a permanecer na Itália.
Após a primeira negativa, a Procuradoria Geral da República recorreu à Justiça italiana, tendo apresentado justificativas de que o país tem presídios, como a penitenciária da Papuda, no Distrito Federal, para acomodar condignamente o ex-diretor de marketing do BB, e citou como exemplo a penitenciária da Papuda, no Distrito Federal, tendo convencido o governo italiano, que decidiu pela extradição em comento. 
Segundo o Governo do Distrito Federal, a ala do presídio onde o mensaleiro vai ficar é "destinada a internos que apresentem vulnerabilidade ao sistema carcerário, por razões de segurança, bem como por apresentarem condições peculiares que impeçam o seu recolhimento junto à massa carcerária".
O mencionado criminoso disse, na Itália, em tom de muita espiritualidade, que ele não tinha fugido do Brasil, mas sim "salvado a vida".
          A extradição do criminoso ítalo-brasileiro para o Brasil, que negou igual tratamento àquele país, com relação a assassino italiano, representa alto nível de compreensão da Itália, quanto à necessidade de se contribuir para a definitiva eliminação da impunidade que, infelizmente, impera, como nunca, no país tupiniquim, tendo terrível reflexo na vida dos brasileiros, que são reféns da bandidagem, diante da inércia e da omissão das autoridades incumbidas de combater a violência e a criminalidade. 
A decisão da Itália mostra apenas a diferença entre um país evoluído e desenvolvido juridicamente e uma republiqueta comandada por políticos com mentalidade atrasada e distanciada da realidade mundial, em que os fatos são analisados à luz da modernidade da humanidade e da evolução dos acontecimentos.
A Itália não disse, mas a sua decisão é uma tapa de luva de pelica na prepotência, na ignorância e no obsoletismo dos governantes tupiniquins, que se acham os donos da razão e da nação e ainda pensam que podem contrariar os princípios da civilidade e da razoabilidade, quando as demais nações gravitam em órbita superior, dominando os verdadeiros sentimentos sobre as relações diplomáticas modernas, que não se coadunam com o espírito de revanchismo predominante nas republiquetas, à vista do lamentável episódio protagonizado recentemente pelo governo tupiniquim, em circunstância similar à tratada agora.
Os brasileiros esperam que o presente caso sirva de lição para o exame mais racional e civilizado por parte do governante do Brasil, em relação às situações semelhantes, de modo que as decisões adotadas em casos análogos possam contribuir para a eliminação das abomináveis e prejudiciais impunidades de criminosos, como forma de aperfeiçoamento das relações diplomáticas entre nações tradicionalmente amigas. Acorda, Brasil!
 
ANTONIO ADALMIR FERNANDES
 
Brasília, em 25 de abril de 2015

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